Mulher na menopausa fica grávida com seus próprios óvulos

Por , em 28.03.2017

Duas mulheres que acreditavam ser inférteis por conta da menopausa engravidaram com seus próprios óvulos depois de usar uma técnica que parece rejuvenescer ovários. O tratamento ainda é experimental e seus pesquisadores não sabem explicar, exatamente, o mecanismo de seu funcionamento.

Os pesquisadores são da Genesis Athens Clinic (Grécia), e filtram o sangue da paciente, isolando o plasma rico em plaquetas, e o injeta diretamente nos ovários e útero. O plasma tem grande concentração de fragmentos de células que trabalham na coagulação do sangue, e já é utilizado no tratamento de machucados esportivos, apesar de sua efetividade ser questionado por algumas linhas de pesquisadores.

A clínica já forneceu este tratamento para mais de 180 mulheres de diferentes países, a maioria por ter um problema na camada interna do útero, enquanto outras procuram a clínica para tentar controlar alguns sintomas incômodos da menopausa, como ondas de calor, suor noturno e afinamento do cabelo. Neste último grupo estão 27 pacientes com idades entre 34 e 51 anos. É bom lembrar que a menopausa acontece a partir dos 50 anos, e que antes dos 40 é considerada menopausa precoce.

“Temos mulheres que vêm até da Mongólia”, diz o pesquisador Kostantinos Sfakianoudis. Aquelas que querem engravidar, retornam aos seus países para prosseguir com inseminação artificial tradicional. O pesquisador diz não saber quantas prosseguiram com o tratamento para engravidar, mas que conhece o caso de duas mulheres que conseguiram ficar grávidas.

Dois casos de sucesso

Uma delas, identificada apenas como WS, é uma alemã de 40 anos que tentou ter um segundo filho por mais de seis anos, sem sucesso. Atualmente ela está no sexto mês de gestação, esperando uma menina. A outra paciente tem 39 anos e mora nos Países Baixos. Ela não conseguia menstruar há quatro anos e mostrava sinais de menopausa precoce. Ela passou pelo tratamento em dezembro de 2016 e voltou a menstruar. Logo em seguida passou por inseminação artificial e gerou um feto, mas teve um aborto espontâneo neste mês de março.

“Mesmo com o aborto, isso foi extremamente encorajador”, diz Sfakianoudis. Ele espera que a mulher tente novamente. Mulheres entre 35 e 39 anos têm 20% de ter abortos no primeiro trimestre da gestação.

Já WS conta que tinha perdido as esperanças de engravidar. Ela já havia feito seis inseminações na Alemanha, mas nenhuma deu certo. “Depois da sexta tentativa, o médico disse que deveríamos parar por ali e considerar uma doação de óvulo”, lembra ela. Ao invés de fazer isso, ela procurou a clínica grega e voltou à Alemanha para passar por mais uma tentativa de inseminação, que deu certo. “Tudo vai bem”, comemora ela.

Motivo desconhecido

O que faz este tratamento ser visto com desconfiança pelos médicos tradicionais é que ainda é preciso realizar mais testes para entender se o tratamento realmente funciona, e como funciona. A equipe de pesquisadores gregos também não tem certeza de como ele funciona.

Uma teoria é que o plasma “acorda” as células-tronco do ovário, fazendo com que eles voltem a produzir óvulos. Mas cientistas ainda estão debatendo se células-tronco que funcionem desta maneira sequer existam. Também é possível que o tratamento contenha células-tronco, sugere John Randolph, pesquisador da Universidade de Michigan (EUA). “Precisamos descobrir como isso funciona e se é seguro”, defende ele.

Outra possibilidade é que apenas o ato de furar o ovário com uma agulha já traga efeitos positivos, diz Claus Andersen, da Copenhagen Universty Hospital (Dinamarca). Causar danos controlados ao ovário pode alterar a formação dos vasos sanguíneos, o que pode fazer com que folículos isolados recebam uma melhor oferta de sangue pela primeira vez, fazendo com que liberem óvulos.

Sfakianoudis está planejando um estudo que envolve injeções de plasma no ovário e injeções placebo, para comparar o resultado. O pesquisador quer realizar estudos na Grécia e nos EUA. “A maioria das pessoas no campo vai aguardar por mais informações antes de oferecer este tratamento para suas pacientes”, argumenta Randolph. [New Scientist]

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