Mulheres realmente precisam de desodorante?

Por , em 13.10.2013

Um novo estudo científico encomendado pela Procter and Gamble, empresa estadunidense que reúne um enorme conglomerado de subempresas e produz, entre outras coisas, produtos de higiene, sugere que as mulheres que cheiram a suor são avaliadas como menos competentes e menos confiáveis por seus colegas de trabalho.

Nós já sabemos que as pessoas processam informações sobre os outros, muitas vezes inconscientemente, a partir de odores corporais. Alguns estudos indicam que podemos avaliar a situação da saúde e do bem estar de outra pessoa apenas por meio de suas baforadas. Porém, a empresa Proctor and Gamble, fabricante de um dos desodorantes femininos mais popilares nos EUA, gostaria de saber exatamente se os cheiros poderiam influenciar as relações sociais e profissionais de suas consumidoras. Então, eles pagaram alguns pesquisadores para descobrir.

Na revista “PLoS One”, os pesquisadores escrevem como a pesquisa foi conduzida. “No estudo atual, nós testamos se os odores axilares produzidos por mulheres que passaram por uma situação de estresse psicossocial poderiam influenciar negativamente no julgamento de personalidade em relação à competência e à cordialidade de outras mulheres retratadas em vídeo”.

Os pesquisadores mostraram a grupos de mais de 100 homens e mulheres uma série de vídeos curtos, em que as moças apareciam fazendo atividades normais, incluindo trabalhar, arrumar a casa ou cuidar das crianças. Enquanto observavam, os homens foram instruídos a sentir o odor de almofadas embebidas no suor que tinha sido recolhido de 44 mulheres em situações estressantes, assim como suor de momentos não estressantes, colhidos durante exercícios físicos. Os homens também inalaram o suor que tinha sido tratado com desodorante.

De acordo com os cientistas, as mulheres nas cenas de vídeo foram classificadas como sendo mais estressadas tanto por homens quanto por mulheres quando eles haviam cheirado o suor de estresse não tratado. Por outro lado, foram avaliadas como menos estressadas no caso de terem inalado o suor tratado, também proveniente de situação estressante.

Isso não parece ter afetado o julgamento das mulheres sobre a personalidade das moças que apareceram suadas em vídeo, mas os homens apresentaram reações negativas bastante fortes tanto para o suor de estresse quanto para o suor de exercício. “Apenas para os participantes masculinos, as mulheres nos vídeos foram classificadas como menos confiantes, menos confiáveis e menos competentes quando tinham cheirado não apenas o suor não tratado, de estresse, mas também o suor de exercício, em contraste com o suor de estresse tratado”, escrevem os pesquisadores.

Por outro lado, o suor tratado, cuja axila havia sido protegida com desodorante, não provocou nenhuma reação negativa. “Os resultados têm implicações por influenciar vários tipos de interações profissionais e pessoais”, concluem os pesquisadores.

Ok, agora sabemos que os homens acham que suas colegas de trabalho mulheres são menos competentes se elas estiverem suadas. Mas aqui está o pulo do gato. Os pesquisadores descobriram que essas impressões negativas podem ser revertidas se as mulheres simplesmente usarem desodorante. Uma conclusão no mínimo suspeita, em se tratando de um estudo encomendado por uma empresa justamente de desodorante.

De qualquer forma, os pesquisadores afirmam que, no geral, as diferenças mais significativas foram encontradas quando foram comparadas as avaliações feitas na presença do suor da axila não tratada em relação àquele recolhido a partir das axilas protegidas por desodorante. “Nesse caso, foram usados produtos desodorizantes comerciais, sem cheiro, para ver se eles podem efetivamente bloquear o sinal de suor de estresse”, afirmam.

De acordo com eles, a capacidade dos quimiossensores de influenciar os julgamentos sociais de outros indivíduos tem implicações importantes para interações sociais e relações profissionais e pessoais. [io9]

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