Quasares podem ter sido responsáveis pela diminuição no ritmo de formação de estrelas no início do universo

Por , em 29.03.2016
Nessa concepção artística, vento galáctico aquecido é mostrado emanando do quasar brilhante na borda de um buraco negro, espalhando poeira e gás. Sem o vento, a poeira e gás esfriariam e condensariam, começando a formar estrelas

Nessa concepção artística, vento galáctico aquecido é mostrado emanando do quasar brilhante na borda de um buraco negro, espalhando poeira e gás. Sem o vento, a poeira e o gás esfriariam e condensariam, começando a formar estrelas

Cientistas da Universidade Johns Hopkins (EUA) encontraram evidências que podem ajudar a resolver um mistério astrofísico de longa data: por que o ritmo de formação de estrelas no universo diminuiu cerca de 11 bilhões de anos atrás?

A resposta, conforme sustenta o artigo publicado no Monthly Notices da Royal Astronomical Society, é que a energia dos quasares dentro das galáxias onde as estrelas nascem foi o que atrapalhou as coisas.

Ventos e radiação intensos emitidos pelos quasares, os objetos mais luminosos do universo, esquentaram as nuvens de poeira e gás. O calor evitou que o material formasse nuvens mais densas e, eventualmente, estrelas.

Mistério

Galáxias atingiram o seu mais movimentado ritmo de formação de estrelas cerca de 11 bilhões de anos atrás, e depois abrandaram.

Os cientistas têm debatido durante anos sobre como ou por que isso aconteceu. O principal suspeito tem sido o processo de feedback de energia dos quasares.

Para tentar confirmar essa teoria, 23 investigadores de 18 instituições se reuniram para buscar evidências.

O estudo

Especificamente, os pesquisadores analisaram informações de 17.468 galáxias e encontraram um traço de energia conhecido como efeito Sunyaev-Zeldovich. O fenômeno, nomeado em homenagem a dois físicos russos que o previram há quase 50 anos, aparece quando elétrons de alta energia perturbam a radiação cósmica de fundo (RCF).

A RCF é uma radiação de micro-ondas remanescente do nascimento superaquecido do universo, o Big Bang, 13,7 bilhões de anos atrás.

Devin Crichton, estudante de Johns Hopkins e principal autor do estudo, disse que os níveis de energia térmica foram analisados para ver se estavam acima das previsões para o que seria necessário a fim de parar a formação de estrelas. Um grande número de galáxias foi estudado para dar peso estatístico ao estudo.

Esforço conjunto

Para efetuar as medições de temperatura fracas que mostram o efeito Sunyaev-Zeldovich, os cientistas usaram informações recolhidas por dois telescópios terrestres e um receptor montado em um observatório espacial.

As informações recolhidas no Sloan Digital Sky Survey por um telescópio óptico no Novo México, nos EUA, foram utilizadas para encontrar os quasares. A energia térmica e o efeito Sunyaev-Zeldovich foram encontrados usando a informação do Cosmology Telescope no Atacama, no Chile. Para focalizar a poeira, os cientistas usaram dados do Spire, instrumento do Observatório Espacial Herschel.

Forte, mas inconclusivo

“Eu diria que esta é a primeira evidência observacional convincente da presença de feedback de quasar quando o universo tinha apenas um quarto de sua idade atual, quando a formação de estrelas era mais vigorosa”, disse Tobias Marriage ao site Science 2.0, professor na Universidade Johns Hopkins.

Embora os resultados não sejam conclusivos, a evidência é muito forte. “É como encontrar a arma do crime com as impressões digitais perto do corpo, mas não encontrar a bala para comparar com a arma”, argumenta. [Science20]

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