Criada “capa da invisibilidade” contra os mosquitos

Por , em 15.12.2013

Uma vitória foi obtida na luta contra os mosquitos e as doenças que eles transmitem: uma substância que desabilita a capacidade do mosquito de perceber os humanos pelo cheiro foi descoberta.

O mosquito tem três maneiras de encontrar suas vítimas, sendo a mais forte a atração pelo dióxido de carbono, CO2, que o mosquito percebe a distâncias de até 20 ou, em alguns casos, 30 metros.

Quando chegam mais perto, os mosquitos sentem os odores emitidos pela pele, que no caso dos seres humanos é o resultado do trabalho de micróbios epidérmicos, que degradam o suor e produzem substâncias voláteis e aromáticas.

Finalmente, o mosquito, ao chegar bem perto, consegue perceber o calor do corpo. Há ainda uma quarta forma – aparentemente os mosquitos são mais atraídos por certos tipos sanguíneos, mas isto ainda não foi comprovado.

Atraídos pelo CO2

Investigando a capacidade dos mosquitos de detectar o CO2 a grandes distâncias, os cientistas descobriram uma classe de neurônios sensórios olfativos, os cpA, que residem nos palpos dos insetos, entre as antenas e próximos à boca dos animais.

Em 2011, Anandasankar Ray e sua equipe descobriram uma maneira de superestimular os neurônios cpA, fazendo com que os mosquitos perdessem a capacidade de detectar o CO2. O próximo passo seria descobrir o que acontece quando o mosquito, mesmo sem detectar o CO2, chega perto de alguém a ponto de poder sentir o odor da sua pele.

Não demorou para os cientistas perceberem que os mesmos neurônios cpA eram responsáveis também pela detecção de odores.

O trabalho a seguir se concentrou em detectar quais os componentes específicos da mistura química que são os odores humanos que estavam ativando os neurônios receptores de CO2 com mais intensidade. Pouco mais de uma dúzia de odores foram identificados.

Finalmente, os pesquisadores puderam passar à tarefa de identificar os compostos químicos que inibiam ou ativavam os neurônios cpA, que poderiam ser utilizados para fazer repelentes ou armadilhas.

Remédio mal-cheiroso

Segundo Ray, os compostos descobertos na etapa anterior e identificados como repelentes ou atrativos não podiam ser usados por conta de seu cheiro forte e de certas considerações de saúde. Além disso, a equipe queria descobrir químicos que fossem relativamente baratos, de forma que mesmo países pobres tivessem acesso aos mesmos.

Um programa de computador examinou meio milhão de compostos procurando estruturas similares aos já encontrados. Das milhares de estruturas preditas, os pesquisadores selecionaram algumas considerando seu cheiro, custo e segurança. Algumas delas foram testadas e se comportaram como o esperado — bloquearam a detecção de CO2 e odores, ou então atraíram os mosquitos para armadilhas.

Agora, falta descobrir uma forma de usar estes componentes – talvez em adesivo, spray ou até vaporizador.[io9]

2 comentários

  • Rafael Carvalho:

    Excelente! Quando estaremos livres dos mosquitos?

    Aqui, nada se fala de repelentes infravermelhos, ou ultrassônicos, sei lá… Lembro-me do aparelhinho que comprei faz tempo na internet que prometia repelir eles, mas não teve sucesso algum. Tudo balela!

    • Cesar Grossmann:

      Nenhum repelente de ultrassom funciona com mosquitos, ou, pelo menos, nenhum deles jamais apresentou qualquer estudo científico demonstrando sua eficiência ou eficácia.

      Havia uma rádio que inclusive transmitia junto com a programação normal um ruído para espantar mosquito. A iniciativa era boa, mas totalmente ineficaz.

      O ruim destes produtos ineficazes é que existem regiões onde há doenças sérias sendo transmitidas pelos mosquitos, como malária, e as pessoas podem se sentir tentadas a não usar métodos efetivos, como a telinha nas janelas e o DEET, para se fiar nestes métodos que não funcionam, e ficam vulneráveis a estas doenças. Neste caso, estes produtos não são só uma fraude contra o consumidor, são um crime contra a saúde pública.

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