Estudo desbanca o mito do “bom” colesterol

Por , em 16.03.2016

Um novo estudo da Universidade de Cambridge publicado na revista Science mostrou que algumas pessoas com níveis naturalmente altos de HDL, o chamado “bom colesterol”, estão em maior risco de ataque cardíaco.

Os médicos agora estão questionando o uso de drogas para aumentar os níveis de HDL em terapias destinadas a reduzir o risco de doenças cardíacas.

Pilha de evidências

Durante décadas, nos foi dito que, pelo bem de nossa saúde, deveríamos evitar alimentos ricos em colesterol LDL (por exemplo, manteiga, bacon, banha de porco, óleo de palma) e comer alimentos que aumentam o colesterol HDL (por exemplo, nozes, peixe, óleo de oliva, abacate).

A verdade, no entanto, pode ser muito mais complicada do que isso. Para um determinado segmento da população, o tipo “bom” de colesterol pode na realidade aumentar o risco de doença cardíaca.

Essa nova evidência é mais uma prova de que a ligação de causalidade entre a doença cardíaca e colesterol é fraca, e há outras questões importantes a se considerar.

A pesquisa é um argumento extra para refletir sobre o uso de drogas que aumentam o HDL (tal como torcetrapib) para tratar doenças cardíacas. Conforme ensaios clínicos têm mostrado repetidamente, essas drogas simplesmente não funcionam como prescrito.

O estudo

Os pesquisadores estudaram quase mil indivíduos com uma mutação em um gene chamado SCARB1. Esta falha genética afeta cerca de uma em cada 1.700 pessoas, e aumenta os níveis de colesterol bom.

Portanto, em teoria, essas pessoas deveriam ser naturalmente bem equipadas para evitar doenças cardíacas. E, no entanto, de acordo com a análise, elas na verdade têm um risco aumentado (em 80%!) de doenças cardíacas. Esse é o mesmo tipo de risco cardíaco associado com o tabagismo.

“Descobrimos que as pessoas que transportam uma mutação genética rara que causa níveis mais elevados de ‘bom’ colesterol estão, de forma inesperada, em maior risco de doença cardíaca”, observou o principal pesquisador do estudo, Adam Butterworth, em um comunicado.

As descobertas sugerem que a forma como o HDL é tratado no corpo é mais importante do que simplesmente os níveis da substância no sangue.

Colesterol mau ainda é mau

Para alguns médicos, como o cardiologista Tim Chico, da Universidade de Sheffield, que não esteve envolvido no estudo, a nova pesquisa não é uma surpresa.

“Apesar de existirem drogas que podem aumentar os níveis de HDL, elas não reduzem o risco de doença cardíaca. Já as estatinas que reduzem o colesterol ‘mau’ são claramente benéficas em pessoas com risco alto de doença cardíaca”, disse ao portal Gizmodo. [Gizmodo]

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