O que acontece com seu cérebro quando você aprende algo

Por , em 30.05.2013

Não é segredo que a prática (quando bem feita) pode levar à perfeição. A pergunta é: como isso ocorre? Usando conceitos da neurologia, o blogueiro e empresário Jason Shen explica o que acontece no seu cérebro quando você aprende e desenvolve uma habilidade.

“Para realizar qualquer tipo de tarefa, temos que ativar várias regiões do nosso cérebro”, lembra. “Nosso cérebro coordena um complexo conjunto de ações que envolvem funções motoras, processamento visual e auditivo, habilidades de linguagem verbal, e outros”.

Quando você aprende como executar um novo tipo de tarefa (seja tocar guitarra ou dirigir), normalmente é difícil no começo, mas com o passar do tempo, as coisas se tornam mais naturais, mais fáceis de realizar. “O que a prática realmente faz é ajudar o cérebro a otimizar esse conjunto de atividades coordenadas, por meio de um processo chamado mielinização”.

Mielina é uma espécie de “capa” que cobre parte dos neurônios e aumenta a intensidade e a velocidade de transmissão de impulsos elétricos entre um neurônio e outro. A mielinização ocorre naturalmente, em especial na infância e na adolescência, quando o cérebro tem mais facilidade em formar novas ligações entre neurônios.

Esse processo ocorre, de acordo com o modelo mais aceito atualmente, graças a dois tipos de células, o astrócito e o oligodendrócito (a primeira recebe estímulos elétricos e libera substâncias químicas que estimulam a segunda a produzir mielina).

“Assim, conforme praticamos, seja escrevendo toda semana, fazendo lances de basquete ou jogando Call of Duty, nós acionamos um padrão de sinal elétrico ao longo dos nossos neurônios”, detalha Shen. “Com o passar do tempo, isso ativa a dupla de células gliais para mielinizar os axônios [parte dos neurônios], aumentando a velocidade e a força do sinal”.

O poder da mielina

Na impossibilidade de observar diretamente os impulsos elétricos no cérebro de uma pessoa sem passar por questões éticas e legais, neurocientistas usam métodos menos invasivos para analisar o papel da mielina no cérebro.

Shen cita um estudo no qual foi analisado o cérebro de músicos habilidosos por meio de ressonância magnética de difusão. “O estudo sugere que o tempo de prática estimado que um pianista expert teve na infância e na adolescência estava correlacionado com a densidade da matéria branca [mielina] em regiões do cérebro ligadas a habilidade de coordenação dos dedos, centros de processamento visual e auditivo, entre outros”. Pesquisas desse tipo apontam para um forte vínculo entre a prática, a mielinização e o desenvolvimento de habilidades.

Outra evidência do poder da mielina vem de doenças neurodegenerativas, como esclerose múltipla, em que o processo de desmielinização pode levar a perda de coordenação motora, visão turva, fadiga, fraqueza e incontinência.

Vale ressaltar, contudo, que a prática por si só não basta: se você não procurar corrigir erros e vícios quando aprende algo, vai reforçar esses problemas e, com o tempo, terá mais e mais dificuldade em se livrar deles. “Para melhorar sua performance”, conclui Shen, “você precisa praticar frequentemente, e receber muito feedback para que possa praticar corretamente”.[Lifehacker]

4 comentários

  • JOTAGAR:

    Sendo assim, comecemos então a usar a mielinização e praticar o respeito ao próximo, praticar o amor a vida, praticar a tolerância e a paciência, praticar a caridade e o desapego… Será que só eu estou de saco cheio desta “civilização” decadente, hipócrita, materialista e consumista?

    • jose Senen de Alencar:

      Não. Não é só você que se preocupa com isso. Milhares de pessoas no mundo, entre as quais me incluo, pensamos da mesma maneira, só que os gananciosos, donos do poder e da mídia, não aceitam e não abrem possibilidade para que isso seja divulgado.

  • Raymara Almeida:

    Excelente!

  • andre_tohuin:

    Sobre o autor “alergia a sertanejo” essa foi boa, compartilho o pensamento, e acho que a maioria dos que curtem ciência também, pois é muito raro ver pessoas sertanejas e cientistas ao mesmo tempo.

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