O terrorista dentro do cérebro de Robin Williams

Por , em 30.09.2016

Susan Schneider Williams, a viúva do ator Robin Williams, publicou um artigo emocionante na revista Neurology intitulado “O terrorista dentro do cérebro do meu marido” (em tradução livre).

Você deve se lembrar que Williams se suicidou em agosto de 2014. A doença “terrorista” que se apossou do cérebro é chamada de demência com corpos de Lewy (DCL), um distúrbio neurodegenerativo que destruiu sua vida.

O artigo é de livre acesso e você pode lê-lo (em inglês) aqui.

Sintomas de Williams

Susan Schneider Williams atua no Conselho de Administração da Fundação Americana do Cérebro.

No artigo, ela descreve os primeiros sinais da doença de seu marido: “As cores foram mudando e o ar estava fresco; já era final de outubro de 2013 e nosso segundo aniversário de casamento. Robin tinha estado sob cuidados de seus médicos. Ele vinha lutando com sintomas que pareciam não relacionados: constipação, dificuldade em urinar, azia, insônia e um mau sentido do olfato – e um monte de estresse. Ele também tinha um leve tremor na mão esquerda, que ia e vinha. No momento, foi atribuído a uma lesão anterior no ombro”.

Logo em seguida, Williams começou a ter desconforto intestinal. Além disso, sua personalidade mudou.

“Tendo estado ao lado de meu marido há muitos anos já, eu conhecia suas reações normais quando se tratava de medo e ansiedade. O que se seguiria era acentuadamente anormal para ele. Seu medo e ansiedade dispararam a um ponto alarmante. Perguntei-me a mim mesma, será que o meu marido é um hipocondríaco? Só depois que Robin nos deixou que descobri que um aumento súbito e prolongado do medo e ansiedade podem ser uma indicação precoce de DCL”, escreveu Susan.

Perda de memória e a gota d’água

Ao longo dos próximos 10 meses, vários sintomas do ator agravaram-se, e ele passou a sofrer de paranoia, delírios e problemas de memória.

Durante as filmagens de Uma Noite no Museu 3, em abril de 2014, Williams estava tendo dificuldade para lembrar de suas falas, enquanto apenas três anos antes ele tinha atuado em uma temporada de cinco meses da Broadway, muitas vezes fazendo dois shows por dia, com centenas de falas e nenhum erro. Esta perda de memória e incapacidade de controlar a ansiedade foram devastadoras para ele.

Anteriormente, Susan afirmou que sempre tinha sido capaz de conversar com o marido e afastar suas depressões. Mas, conforme a doença progrediu, isso já não foi possível.

“Ele estava muito preocupado com a insegurança que estava tendo sobre si mesmo e interações com os outros. Seus receios eram infundados e eu não conseguia convencê-lo disso. Me senti impotente para ajudar-lhe ver o seu próprio brilho… Pela primeira vez, meu discurso não teve nenhum efeito em ajudar meu marido a encontrar a luz através dos túneis de seu medo. Meu coração e minha esperança foram quebrados temporariamente”, conta.

Diagnóstico e autópsia

Em 28 de maio de 2014, Williams foi diagnosticado com doença de Parkinson e começou a tomar pramipexol, o que não aliviou completamente seus sintomas. Seu estado mental permaneceu instável. No final de julho, seus medicamentos foram alterados.

Conforme a segunda semana de agosto se aproximava, parecia que seus delírios estavam diminuindo. Talvez a troca de remédios estava funcionando.

“Fizemos todas as coisas que amávamos durante o dia de sábado e a noite foi perfeita. Até o final de domingo, eu estava sentindo que ele estava ficando melhor. Quando se deitou, como era habitual, o meu marido me disse: ‘Boa noite, meu amor’, e esperou pela minha resposta familiar: ‘Boa noite, meu amor’. Suas palavras ainda ecoam no meu coração hoje”, Susan relatou em Neurology.

Na segunda-feira, 11 de agosto, Robin partido da Terra. Uma autópsia revelou a presença de corpos de Lewy patológicos, esferas microscópicas de proteínas nos neurônios em todo o cérebro do ator.

Isso finalmente revelou a causa subjacente do seu parkinsonismo, depressão, perda de memória e outros sintomas.

Incentivo a pesquisa

Susan escreveu que, mesmo que a DCL tivesse sido diagnosticada mais cedo, provavelmente não teria ajudado, uma vez que a doença é incurável. Mas ela finalizou o artigo com uma mensagem para os leitores de Neurology:

“Eu sei que vocês têm feito muito nas áreas de pesquisa e descoberta para curas em doenças do cérebro. E tenho a certeza, por vezes, que o progresso tem parecido dolorosamente lento. Não desistam. Confiem que uma cascata de curas e descoberta é iminente em todas as áreas das doenças cerebrais, e vocês serão uma parte de fazer isso acontecer”, conclui. [DiscoverMagazine]

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