Trump rejeita acordo climático de Paris e Obama o acusa de “rejeitar o futuro”

Por , em 1.06.2017

Diante do anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retirar-se do acordo climático de Paris, oponentes acusaram o governo de abdicar da liderança dos EUA frente a um desafio crucial. O membro do conselho da Casa Branca, Elon Musk, chegou a demitir-se minutos após o pronunciamento.

O ex-presidente Barack Obama criticou a decisão, dizendo que Trump e seu governo “rejeitam o futuro” com essa retirada. “As nações que permanecem no acordo de Paris serão as nações que colherão benefícios nas novas indústrias e empregos, e acredito que os Estados Unidos deveriam estar à frente nesse momento”, disse Obama. “Mas, mesmo na ausência de liderança norte-americana; mesmo na união entre essa gestão e um pequeno grupo de países que rejeita o futuro, estou confiante que os nossos estados, nossas cidades e nossas empresas darão um passo à frente e fazer ainda mais para liderar o caminho, e ajudar a proteger as nações futuras”, concluiu.

O acordo de Paris foi firmado em 2015 e reúne 188 países, inclusive os Estados Unidos, no compromisso de conter o aquecimento global em níveis “bem abaixo” de 2°C. Também prevê, coletivamente, o esforço de limitá-los ainda mais, reduzindo-os a 1,5°C. Somente a Nicarágua e a Síria não assinaram o acordo.

O que disse Trump?

Trump afirmou que iniciará uma movimentação com o objetivo de negociar um novo acordo, mais “justo”, em sua avaliação, que não prejudique empresas e trabalhadores dos EUA. Durante sua campanha presidencial, ele se comprometeu a caminhar no sentido de fortalecer indústrias de petróleo e de carvão do país.

Em discurso na Casa Branca, o presidente afirmou: “Para cumprir meu dever solene de proteger os Estados Unidos e os nossos cidadãos, os EUA irão se retirar do acordo climático de Paris (…) , mas começar negociações para rever essa adesão numa transação completamente nova, em termos justos para o país”.

Para ele, o acordo acabaria por colocar dificuldades ao setor industrial e empobrecer os Estados Unidos, acarretando desvantagens à sua liderança. Trump resiste ao custo de U$ 3 milhões para adaptar-se às mudanças e alegou que elas trariam, em consequência, a perda de 6,5 milhões de empregos – enquanto economias concorrentes, como a China e a Índia, conseguiriam aplicar o acordo de maneira mais favorável.

Pesquisadores afirmam que a saída dos EUA tornará mais difícil que os outros países atinjam os objetivos definidos no acordo de Paris. Os Estados Unidos são responsáveis por cerca de 15% das emissões globais de carbono; conforme alguns levantamentos, a decisão poderá causar o aumento da temperatura global entre 0,1º e 0,3º C até o final do século.

Reações

Além de Obama e Musk, outras personalidades políticas e pronunciamentos oficiais criticaram duramente a sentença de Trump.

Líderes da França, Alemanha e Itália emitiram uma nota em conjunto na qual rejeitam a renegociação do acordo firmado e de seu conteúdo. “Consideramos que os termos são irrevogáveis (…), pois o acordo é um instrumento vital para o nosso planeta, sociedades e economias”, informa a declaração.

A Ministra do meio Ambiente do Canadá, Catherine McKenna, afirmou que o país está “profundamente desapontado” com a decisão de Trump. Assim como ela, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, expressou sua decepção e disse que o acordo protege a “prosperidade e a segurança das nações futuras”.

Durante as campanhas presidenciais, em várias ocasiões, Trump definiu o aquecimento global como uma enganação criada pela China para prejudicar as empresas americanas, e havia anunciado o cancelamento do acordo assim que assumisse a presidência. [BBC] [Independent] [GizModo]

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