Cirurgia bariátrica ou remédio: veja o que é melhor para obesos diabéticos?

Por , em 10.09.2015

Segundo um relatório publicado na revista “The Lancet” por Francesco Rubino, da Kings College London, no Reino Unido, e seus colegas, a cirurgia de perda de peso é melhor do que medicação para controlar a diabetes tipo 2 em obesos. O artigo é resultado do mais longo estudo a comparar as duas abordagens já feito.

Segundo a equipe, metade dos pacientes tratados com cirurgia no estudo estavam há cinco anos livres de diabetes. “A marca de cinco anos é importante em muitas doenças”, explicou Rubino à agência Reuters. “O fato de que alguns pacientes, em cinco anos, estão basicamente livres da doença é uma descoberta notável”.

Em 2009, ele e seus colegas escolheram aleatoriamente 20 pacientes obesos com diabetes tipo 2 para receber tratamento médico, 20 para receber um tipo de cirurgia de perda de peso chamada bypass gástrico, e outros 20 para se submeter a uma operação de perda de peso chamada de derivação bileopancreática.

Dos pacientes que passaram por processos cirúrgicos, 80% apresentaram níveis de açúcar no sangue sob controle a longo prazo, contra cerca de 25% dos pacientes tratados somente com medicamentos.

Todos os grupos do estudo tiveram uma redução no risco cardiovascular. Mas os pacientes tratados com cirurgia tiveram um risco 50% menor de sofrer de doenças cardíacas do que aqueles tratados apenas com medicamentos, e eles precisavam de menos remédios para tratar pressão arterial elevada ou colesterol elevado. As melhorias no controle de açúcar no sangue e risco de doença cardíaca não eram relacionadas à quantidade de peso perdido.

Causas incertas

“O que realmente está causando a remissão da diabetes após a cirurgia permanece um mistério”, afirma o pesquisador. O que se sabe até agora é que os intestinos produzem uma série de hormônios envolvidos na regulação do metabolismo. Ele explica que a reconstrução do trato gastrointestinal da cirurgia pode ajudar a restaurar o controle metabólico normal.

Como qualquer procedimento cirúrgico, operações de perda de peso apresentam riscos. Um estudo internacional publicado no início deste ano, por exemplo, descobriu que, após dois anos, as pessoas escolhidas aleatoriamente para passar pela cirurgia de bypass gástrico tinham melhor controle de sua diabetes tipo 2 do que as pessoas que recebiam um grupo de medicamentos. Porém, os pacientes operados também tiveram um maior risco de infecções e fraturas nos ossos. E alguns pacientes podem ganhar de volta um pouco do peso que perderam.

Cura?

De acordo com Philip Schauer, diretor do Instituto Bariátrico e Metabólico da Cleveland Clinic, nos Estados Unidos, os médicos estão cada vez mais se referindo a este tipo de cirurgia como “cirurgia de diabetes”, ao invés de cirurgia de obesidade. Schauer, que também é cirurgião bariátrico, não participou do novo estudo.

“Há algumas pessoas, este estudo mostra, que podem entrar em remissão por até cinco anos ou mais”, aponta. “Nós hesitamos em usar a palavra ‘cura’, mas isto é muito, muito próximo de uma cura, quase tão perto de uma cura quanto se pode chegar”.

Schauer acrescentou que cerca de metade dos pacientes com diabetes tipo 2 são incapazes de controlar o açúcar no sangue com medidas de medicação e estilo de vida. Com base nas novas descobertas, a cirurgia bariátrica deve ser oferecida a esses pacientes se eles são moderadamente obesos, por exemplo, com um índice de massa corporal (IMC) de 35.

Atualmente, os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA afirmam que os pacientes devem ter um IMC de 40, ou um IMC de 35 com doenças relacionadas com a obesidade, como diabetes tipo 2, para serem elegíveis para a cirurgia de perda de peso. Por isso, segundo ele, muitos planos de saúde se recusam a pagar pela operação, seja para diabetes ou obesidade. “Isso significa que eles estão negando a pessoas um tratamento eficaz”, afirma. Para ele, estes resultados podem fazer com que estas companhias revejam estas posturas. [Reuters]

3 comentários

  • Jussara Gonzo:

    não tem a ver com o tema da matéria, mas queria saber: se a Terra tivesse tres luas, como seriam as fases lunares de cada uma?

    • Marcelo Ribeiro:

      Não sou astrônomo, mas deve ser impossível fazer essa previsão sem saber o tamanho/massa, distância e posição de tais luas.

    • Cesar Grossmann:

      As fases seriam a mesma coisa (nova-crescente-cheia-minguante), mas com diferentes períodos para diferentes luas.

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