Pacientes de médicos mais experientes morrem mais

Por , em 18.07.2011

Segundo um novo estudo, os pacientes mais doentes têm resultados piores sob os cuidados de médicos experientes do que quando são tratados por profissionais mais novos.

O médico pesquisador William Southern e seus colegas examinaram os registros de mais de 6.500 pacientes que haviam sido hospitalizados entre 2002 e 2004, na cidade de Nova York.

A conclusão do estudo foi publicada no periódico American Journal of Medicine (Jornal Americano de Medicina). Os pacientes cujos médicos praticavam a profissão há pelo menos 20 anos ficaram mais tempo no hospital e eram mais propensos a morrer em comparação com aqueles cujos médicos tinham licença médica há apenas cinco anos.

A pesquisa foi conduzida no hospital Montefiore, que é um hospital-escola onde os pacientes são atendidos pela primeira vez por um médico júnior, que o atribui a uma das seis equipes médicas do local.

Cada equipe tem um estudante de medicina recém-formado, e um médico sênior conhecido como o médico assistente.

Ao longo do estudo, havia 59 diferentes médicos assistentes. Os pesquisadores os dividiram com base em quanto tempo eles estavam praticando a profissão: cinco anos ou menos, de seis a dez anos, 11 a 20 anos, ou mais de 20 anos.

Os pesquisadores assumiram que os médicos poderiam se comportar de maneira diferente com pacientes de longa data, então confinaram o estudo aos casos em que paciente e médico nunca tinham se encontrado antes.

Na comparação entre os médicos mais e menos experientes, os cientistas descobriram que os pacientes do grupo mais experiente morreram mais.

À primeira vista, em comparação com pacientes de médicos mais novos, aqueles com os médicos mais experientes tiveram um aumento de mais de 70% em suas chances de morrer no hospital e um aumento de 50% em suas chances de morrer dentro de 30 dias.

Quando os pesquisadores levaram em conta quão doentes os pacientes estavam, descobriram que apenas os pacientes mais doentes – aqueles com problemas médicos complicados – estavam em maior risco nas mãos dos médicos mais experientes.

Os pesquisadores também descobriram que, enquanto a experiência do médico desempenhou um papel em quanto tempo pacientes permaneceram no hospital, outro fator importante era quantos pacientes hospitalizados o médico estava cuidando.

Quando os médicos não estavam muito ocupados, eles mantinham os pacientes no hospital por aproximadamente o mesmo tempo médio, não importa quantos anos de experiência tinham.

Mas quando tinham um monte de pacientes para ver no hospital, aqueles com mais de 20 anos de experiência mantinham pacientes no hospital cerca de meio dia a mais do que seus pares que praticam medicina há menos de cinco anos.

Estudos anteriores já tinham demonstrado que os médicos com mais tempo de prática são menos propensos a aderir a orientações.

Segundo cientistas, os resultados indicam que a profissão médica exige que a pessoa mantenha-se atualizada. É um problema de qualidade de atendimento que tem sido reconhecido recentemente.

A descoberta não significa que quanto mais treinamento você tenha, sua qualidade fica pior. O problema não está na capacidade dos médicos mais experientes, mas sim na sua familiaridade com as diretrizes mais atuais e práticas.

Os cientistas discutem a necessidade de repensar a forma como os médicos são continuamente educados nos anos depois de completar a sua certificação. Eles sugerem que os médicos com mais de 20 anos de prática sejam obrigados a se recertificar periodicamente.

A maioria dos médicos não participa de programas de educação depois de terminar sua formação. Eles podem assistir palestras e ler artigos de pesquisadores médicos, mas, mesmo que essas sejam formas importantes de aprendizagem, seria melhor desenvolver programas educacionais que engajem ativamente os médicos mais experientes.

Ainda assim, alguns especialistas advertem que é cedo para fazer mudanças drásticas com base nos resultados do estudo, que observou um pequeno número de médicos. Os resultados podem ter outras explicações, de fato; porém, ninguém discorda da importância dos profissionais de se manterem atualizados.[Reuters]

6 comentários

  • waldir:

    adorei a matéria

  • T.K:

    A maior e mais infeliz das realidades é saber que grande parte dos médicos que temos hoje em nosso país não se formam por amor à profissão,mas sim em busca da bufunfa R$!

  • T.K:

    Não concordo com essa reportagem,pois ela abordou o tema de forma geral.Não são todos,mas alguns.Uns ignorantes,outros motivadores.A idade não interfere na relação médico-paciente,isso vai depender do cárater do Doutor e da forma como ele trabalha levando em conta sua educação e seu potencialismo como um bom profissional.

  • Carlos Machado:

    “Pacientes de médicos mais experientes morrem mais”

    Médicos mais experientes, tem mais reputação e por isso atendem mais, consequentimente tem uma maior probabilidade de acontecer algum erro, sendo assim uma maior probabilidade de fatalidade!

    Simples nem precisa desse texto imenso!

  • Maria Emilia:

    SÃO PESSOAS COMO VOCÊ, QUE ENVERGONHAM A CLASSE DE MÉDICOS QUE TEM COMPROMISSO COM A SUA PROFISSÃO. SE QUERIA ALGO PARA GANHAR DINHEIRO, PORQUE NÃO PROCUROU OUTRA COISA MAIS RENDOSA
    E CONFORTÁVEL, QUE NÃO PREJUDIQUE NINGUEM. POIS MÉDICO TEM COMPROMISSO COM VIDAS, COM SENTIMENTOS, COM HUMANIDADE, SOLIDARIEDADE, ENFIM COM AMOR. POR ISSO, VAI CONTINUAR GANHANDO “SEU DINHEIRINHO”, JAMAIS SERÁ ALGUÉM COM RECONHECIMENTO PROFISSIONAL E SOCIAL.

  • Bombs:

    Sem falar que o médico antigo já está mais acostumado com a morte alheia, tende a ficar mais relapso(tipo “ha esse aí já era”).

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