Famílias sem religião estão fazendo um trabalho melhor do que as demais

Por , em 11.02.2015

Um fenômeno moderno são as famílias seculares, famílias em que pai e mãe não se identificam com religiões nem crenças. Nos Estados Unidos, eles são chamados de “Nones”, por que afirmam não acreditar em nada em particular.

Lá, este fenômeno está dando origem a outro: o das crianças que “crescem sem Deus”. O número delas tem crescido, de cerca de 4% nos anos 1950 a 11% após 1970, segundo um estudo de 2012.

Atualmente, cerca de 23% dos adultos nos Estados Unidos alegam não ter religião, e mais de 30% dos americanos entre 18 e 29 anos dizem o mesmo. E como são estas crianças, que crescem sem agradecer as refeições ou ir ao culto dominical? Como é a moral e a ética deste povo?

O professor de gerontologia e sociologia Vern Bengston supervisionou o Longitudinal Study of Generations (Estudo Longitudinal de Gerações) durante 40 anos, o maior estudo sobre religião e vida familiar feito no país, e tem uma ou duas coisas a contar sobre o assunto, baseado nas suas descobertas.

Por exemplo, as famílias seculares apresentam muito mais solidariedade e proximidade emocional entre pais e filhos, com padrões éticos e valores morais sendo passados para as próximas gerações. Segundo o professor, “muitos pais não religiosos eram mais coerentes e envolvidos com seus princípios éticos que alguns dos pais ‘religiosos’ em nosso estudo. A maioria parecia viver vidas plenas caracterizadas por uma direção moral e um sentido de que a vida possui um propósito”.

As famílias seculares têm seus próprios valores morais e preceitos éticos, entre eles a solução racional de conflitos, autonomia pessoal, livre-pensamento, rejeição de punições corporais, um espírito de questionar tudo e, principalmente, empatia. Para quem é secular, a moralidade tem um simples princípio: a reciprocidade empática, conhecida como a Regra de Ouro, que significa tratar os outros como gostaríamos que fôssemos tratados. Este é um imperativo ético antigo e universal, e não há nada nele que force a crença no sobrenatural.

“Afinal de contas”, pergunta uma mãe ateia, “se a sua moralidade está presa a uma crença em Deus, o que acontece se algum dia você questionar a existência de Deus? Sua moralidade vai se desfazer em pedaços? A maneira que estamos ensinando nossos filhos, não importa o que eles escolherem acreditar mais tarde na vida, mesmo se eles se tornarem religiosos, eles ainda terão este sistema moral”.

Na prática, os resultados são encorajadores. Adolescentes seculares têm menos tendência a se preocupar com o que os garotos populares estão pensando, ou de expressar uma necessidade de se enturmar com eles, do que os adolescentes religiosos.

Quando estes adolescentes se tornam adultos, eles tendem a apresentar menos racismo que seus colegas religiosos. E muitos estudos mostram que adultos seculares tendem a ser menos vingativos, menos nacionalistas, menos militaristas, menos autoritários e mais tolerantes, na média, que os adultos religiosos.

A tendência é de que crianças seculares continuem sendo não religiosas quando crescerem. Isso pode ser bom. Os adultos seculares têm uma tendência maior a compreender e aceitar a ciência do aquecimento global, a apoiar a igualdade feminina e os direitos dos gays. Sem esquecer que os números baixos de ateus em prisões também parecem indicar que ateus e pessoas sem religião são os que menos se metem a cometer crimes.

No cenário internacional, países democráticos com os menores níveis de fé religiosa são também os que têm as menores taxas de crimes violentos e gozam de bem estar social relativamente alto. Se os pais seculares não pudessem criar crianças com boa moral e comportamento, então a preponderância deste tipo de família significaria o desastre social. Só que o que acontece é o contrário.

A pergunta que alguns pais se fazem, se eles podem estar cometendo um erro ao criar seus filhos sem a crença em Deus, tem uma resposta clara: não. Crianças que crescem em um lar secular não têm deficiências em nenhuma virtude ou traço positivo, e devem ser bem-recebidas pela sociedade. [Los Angeles Times]

39 comentários

  • Juliana Santos:

    Acredito em Deus, mas não tenho religião! As religiões fracassam porque são organizadas e governadas por homens!

  • Samuel Santos:

    Eu me converti , sou cristão e o que aconteceu foi que meus princípios morais foram fortalecido , sou uma pessoa melhor, por causa da biblia

    • Cesar Grossmann:

      Interessante, Samuel, por que outras pessoas encontram na mesma Bíblia justificativa para a escravidão, para a opressão das mulheres (e até violência contra mulheres) e violência contra pessoas com orientação sexual diferente. E não é só isso…

    • Val Damascos:

      Se você é uma pessoa melhor só por causa da bíblia e da religião, você é um ser adestrado.

  • Marcus Henriques Coutinho:

    Nossa estava até satisfeito em criar meus filhos sem religião. mas se é pra eles acreditarem nessa balela de aquecimento global, desisto.

    • Cesar Grossmann:

      Não é balela, é um fato. Você caiu na conversa das indústrias petrolíferas dos Estados Unidos, eles sabem desde a década de 1970 que o aquecimento global é um fato, e gastaram milhões para negar isso.

    • Cláudio Sousa:

      Aquecimento global é um fato? Que fato? O Climate Gate? kkkkk

    • Cesar Grossmann:

      Yep, é um fato. Tem medições de temperatura no planeta inteiro mostrando que a média global tem aumentado. Mas você não precisa aceitar os fatos…

  • Joe Gregonaro:

    quando as pessoas percebem que “deus” eh apenas uma palavra que expressa o medo da morte e o sonho infaltil de viver eternamente, elas sao curadas dessa doença mental que chamamos de religião

  • Neo Morpheus:

    Eu vi a Religião produzindo desequilibrios emocionais e psicologicos que as pessoas somente resolveram ao sair dela,dai descobri a STR .

    • David Gomes:

      Sem religião, não quer dizer ateu… só pra explicar.

    • Cesar Grossmann:

      Verdade. Mas qual a parcela dos “não religiosos” que acredita em alguma divindade?

    • Samuel Santos:

      A palavra religião vem do latim ” religare ” Deus que quer dizer religar , Deus não está na religião e sim na Bíblia ,é lá que Deus está

  • Neo Morpheus:

    Apresento um forte argumento, alem dos excelentes que li sobre a melhora da ética e bom relacionamento fora da religião. [Continua]

  • Danielle Criscoullo:

    Há uma só religião, a religião do amor.

    • Marcelo Ribeiro:

      Ah… Se fosse tão simples… (suspiro)

    • Aquele Jovino:

      Quem dera.

  • Weverton Luiz Chaga Costa:

    Acredito q moral e preceitos passados na criação se interiorizam mais do q os passados na igreja, pois está no dia a dia, pequenos atos.

  • Wilson Sousa:

    Para mim, o moralismo tende a se tornar mais forte quando você coloca a responsabilidade dos seus atos sobre você mesmo.

  • JacquelineSSS:

    Deus existe. E tomado de amor e bondade.

    • Marcelo Ribeiro:

      E veja como é impressionante a abrangência de sua benevolência de acordo com a bíblia: http://goo.gl/B5GMd

  • Pr. Geter Pereira:

    Acredito que toda forma de moral e ética seja fundamentada em algum princípio religioso.

    • Marcelo Ribeiro:

      Mas não é. Não há nenhuma evidência ou sequer lógica nesta afirmação.

    • Cesar Grossmann:

      Se é assim, como explicar o comportamento moral que se detectou em outros primatas? Eles também tem religião?

    • Rodrigo Paiva:

      Acredito que seja o contrario, as religiões de modo geral ensinam moral e ética, ao meu ver a moral e ética estão acima da religião.

    • pcbouhid:

      E eu acredito em unicórnio, mas o diabo é que não consigo provar que ele existe…

    • Aquele Jovino:

      Claro, o Bananismo cara, se informe antes de falar excrementos

  • Clenise:

    Entendo que eles estão fracassando porque tendem a ser intolerantes, e estamos na era da diversidade, da informação e do questionamento

  • Lucas Bachini:

    Depois que parei de ser religioso, me tornei uma pessoa muito melhor, Pratico a religiosidade, e o respeito a todos. Não tenho religião.

  • Diego Rosa:

    Exceleeeente.
    É exatamente como criarei meus filhos.

  • Rafaelx2:

    Compartilho da mesma opinião…. E cuido de meus filhos com valores como ética, respeito e honestidade….

  • Eduardo Felipe:

    Então seria realmente certo as pessoas deixarem de acreditar em deuses?

    • Roner Marcos:

      Fui criado segundo rigorosos princípios religiosos, mas agora que não sou religioso me considero uma pessoa bem melhor.

    • Eduardo Felipe:

      Mas então seria correto argumentar para as pessoas deixarem a religião para se tornarem pessoas melhores?

    • allansims4:

      Concordo com você Marcos, estou bem melhor hoje sendo ateu, do que quando vivia sob o regime religiosos por parte dos meus pais.

    • Cesar Grossmann:

      Não ser religioso não faz de alguém uma pessoa má. Ser religioso não faz de alguém uma pessoa boa. Converter-se a uma religião, ou desconverter-se, também não vai tornar alguém melhor ou pior. Só que as famílias seculares estão fazendo um trabalho melhor em criar seus filhos de forma a serem boas pessoas.

      A pergunta que não quer calar é: por que os religiosos estão fracassando?

    • Dhenyson:

      Cesar tem razão, porém de experiência propia também afirmo que quando deixei de ser religioso me tornei uma pessoa bem melhor

    • Leandro D’Ippolito:

      Eduardo, você está fazendo a pergunta errada. Não existe certo em errado ao se acreditar em Deus e sim o que você é a partir disto.

    • svieira:

      Não é certo nem errado. Cada um deve acreditar naquilo que é melhor pra si, mas acreditar em deus muitas vezes cria incoerências.

Deixe seu comentário!