Poluição de ácido na atmosfera quase retorna ao nível que era antes da industrialização

Por , em 27.09.2016

Uma nova pesquisa do Instituto Niels Bohr da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, mostrou que a poluição humana da atmosfera com ácido quase está de volta ao nível que era antes do início da febre da industrialização, na década de 1930.

Arquivo natural

O gelo da Groenlândia é como um arquivo único da composição climática e atmosférica da Terra ao longo do tempo.

A camada de gelo é feita de neve que cai e nunca derrete, ano após ano sendo gradualmente comprimida em gelo sólido.

Através da perfuração de núcleos de gelo em camadas de quilômetros de espessura, os pesquisadores podem analisar as mudanças climáticas do planeta e como a concentração de gases de efeito estufa e de poluentes se transformou na atmosfera.

Dificuldade

O ácido na atmosfera pode vir de grandes erupções vulcânicas, ou de emissões provocadas pelas indústrias humanas.

Uma das formas mais simples de medir a acidez na atmosfera do planeta ao longo dos anos é passando um instrumento nas camadas de gelo. É possível obter resultados que remontam até o último período interglacial, 125.000 anos atrás.

No entanto, medir a acidez atmosférica durante os últimos 100 anos é mais difícil, pois as camadas mais recentes de gelo que teriam essa medida estão localizadas no topo dos 60 metros de gelo e são mais porosas, uma vez que ainda não foram comprimidas.

Novo método

Os pesquisadores deste estudo estavam justamente interessados nos dados dos últimos 100 anos, pois é o período em que tivemos a poluição maciça da atmosfera vinda da industrialização, da utilização de veículos e dos estilos de vida modernos que consomem muita energia.

Assim, eles desenvolveram um novo método para medir diretamente a acidez do gelo usando um espectrômetro.

Uma camada de gelo é cortada ao longo do comprimento do núcleo. Em seguida, é lentamente derretida, e a água desse degelo é analisada em laboratório, gerando várias medições químicas.

Com o novo método, é possível também medir o valor de pH, visto quando a água muda de cor após a adição de um corante, analisando diretamente as flutuações de acidez de ano para ano.

O método, chamado de “Continuous Flow Analyses” (CFA ou “Análise Contínua do Fluxo”) foi originalmente inventado na Suíça, mas a cientista Helle Astrid Kjær, da Universidade de Copenhague, liderou o desenvolvimento do sistema para que ele também pudesse medir a acidez na atmosfera.

Boas notícias

Além de ser capaz de medir o valor de pH com mais precisão usando o novo método, o sistema CFA também pode distinguir se as emissões eram provenientes de erupções vulcânicas, grandes incêndios florestais ou da indústria.

Os pesquisadores puderam, portanto, filtrar emissões naturais na avaliação da poluição industrial, com resultados revolucionários.

“Pudemos ver que a poluição de ácido na atmosfera proveniente da indústria caiu dramaticamente desde que decolou na década de 1930 e atingiu o pico nos anos 1960 e 70. Na década de 1970, tanto a Europa quanto os Estados Unidos adotaram a ‘Lei do Ar Limpo’, que exigiu filtros nas fábricas, reduzindo assim as emissões de ácido, e são os resultados disso que pudemos conferir. A poluição de ácido na atmosfera está agora quase no nível que estava antes da poluição realmente decolar na década de 1930”, conclui Helle Astrid Kjær. [ScienceDaily]

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