Poluição do ar causa problemas de coração e cérebro

Por , em 16.02.2012

Segundo três novos estudos recentes, as pessoas expostas a níveis mais elevados de poluição do ar têm um risco maior de derrame, ataque cardíaco e deterioração cognitiva.

O impacto da poluição sobre o coração e o cérebro foi observado tanto a curto como a longo prazo.

Um estudo americano de âmbito nacional que seguiu cerca de 20.000 mulheres por mais de uma década descobriu que a respiração dos níveis de poluição do ar comumente encontrados em muitas partes do país acelera a queda na memória e atenção.

Outro estudo em Boston descobriu que nos dias em que as concentrações de poluentes de tráfego sobem, o risco de derrame também sobe. As chances aumentaram em mais de 30%, mesmo em dias classificados pelo índice federal de qualidade do ar como “moderados” na poluição (ou seja, correspondentes a um mínimo de perigo para a saúde).

“Mesmo níveis que a Agência de Proteção Ambiental diz que são seguros, estamos vendo efeitos reais na saúde”, disse Gregory A. Wellenius, professor de epidemiologia na Universidade Brown e autor principal do estudo entre poluição e derrame. “Nós vimos esses efeitos no prazo de 12 a 14 horas após os níveis de poluição subirem”.

Estudar a relação entre poluição e saúde é difícil, pois muitos fatores estão envolvidos e é difícil estabelecer uma relação de causa e efeito direta.

Mas uma ligação entre poluentes no ar e declínios na saúde cardiovascular tem sido apontada pelo menos desde a década de 1990, quando a pesquisa epidemiológica sugeriu que a respiração em ar contaminado aumenta as taxas de doença cardíaca.

Os possíveis efeitos de curto prazo da poluição eram os mais confusos, com alguns estudos demonstrando que não há risco imediato. E pouco se sabia sobre o impacto da inalação de emissões e partículas de ar sobre a função cerebral e a demência.

Os pesquisadores tentaram esclarecer melhor o impacto a curto prazo da poluição do ar através do estudo de 1.705 vítimas de derrame.

Eles cruzaram as informações com os índices de qualidade de ar da Agência de Proteção Ambiental, que avalia os níveis de poluição em seis categorias gerais, começando com “bom”, e, na pior das hipóteses, “perigoso”.

Depois de controlar idade, hipertensão e uma série de outros fatores de risco para derrame, os pesquisadores encontraram um risco 34% maior da doença em momentos que os níveis de poluição aumentaram de “bom” para “moderado”.

O efeito foi particularmente forte quando os pesquisadores analisaram os níveis do chamado carbono negro e dióxido de azoto, dois marcadores de poluição do tráfego.

A redução dos níveis de poluição do ar em apenas 20%, uma meta “realizável” segundo os cientistas, teria evitado cerca de 6.000 das 184.000 internações por derrame somente na região nordeste dos EUA em 2007.

Em um outro estudo francês, os cientistas reforçaram a ligação entre a exposição a curto prazo à poluição do ar e doenças cardiovasculares. Eles descobriram que uma variedade de poluentes comuns – monóxido de carbono, dióxido de azoto, dióxido de enxofre e outros – eleva o perigo imediato de uma pessoa ter um ataque cardíaco.

Respiração de poluentes pode causar danos de várias maneiras, como inflamação associada a doenças cardíacas, aumento do ritmo cardíaco e engrossamento do sangue, o que pode causar a formação de coágulos sanguíneos e acelerar a aterosclerose, ou endurecimento das artérias.

As menores partículas de poluição, mais finas que 2,5 mícrons de diâmetro – ou cerca de um trigésimo da largura de um cabelo humano – são particularmente eficazes em se infiltrar no corpo. Há alguma evidência de que elas podem penetrar o cérebro através das fossas nasais.

Uma terceira pesquisa seguiu 19.409 mulheres nos Estados Unidos entre as idades de 70 e 81 anos por cerca de uma década, observando mudanças na cognição a cada dois anos. Declínios na memória e função executiva, incluindo a capacidade de planejar e fazer ou realizar uma estratégia, é normal conforme as pessoas envelhecem.

Mas o estudo mostrou que mulheres com níveis mais elevados de exposição a longo prazo à poluição do ar tiveram “significativamente” mais declínios rápidos na cognição do que aquelas com menor exposição a poluentes.

Cognitivamente falando, esta maior exposição é como se você tivesse envelhecido um extra de dois anos. Se houvesse um tratamento, não só poderia retardar o aparecimento da demência por mais dois anos, como pouparia milhões de casos da doença nos próximos 40 anos.[NYTimes]

8 comentários

  • Jonathan de Marco:

    Trabalho na área de higiene ocupacional, sou estudante de engenharia ambiental e sei o quanto este assunto é importante e deve ser tratado a nível de muita atenção. Retrato do desenvolvimento “insustentável”.

  • João da cru\ vieira leite:

    – Belos comentários que, os colegas redigiram com respeito a esta matéria da poluição, parabens muito bem pontuada!.
    Eu entre aspas sou fumante a 40 anos (entre aspas porque ´só fas 2 meses que parei). Temos poluições em todos ambientes, seje na rua em casa ou qualquer lugar não existe um ambiente 70% saudavél(infelismente). Há milhres de anos desde o primeiro *Rei( ou Governante ocidental)não tiveram racicinio para pensar nesta besta *Poluição*(meta primordial para o bom viver)mas, infelismente só pensaram em flamegeradas guerras entre os povos(para isto aplicavam e aplicão toda economia em aqisições *Beligerantes, e nunca em desevolver seus habitatess na ordem perfeita da criação(e assim estamos honde estamos!!)a *Terra pedindo socorro!com esta imensa *poluição que se constata em todos os lugares deste *Planeta, o que, pode ser feito com a dispoluição,(Falta de cultura mesmo acompaiado de *Deus em toda nossa Hitória os governos de toda existencia não se coadunaram neste triste fracasso. *Poluição!!….Poluição!!…

  • Thiago Moreira:

    O governo e as pessoas falam tanto sobre o mal que o cigarro faz ao organismo, mas se esquecem de falar sobre os milhares de carros, caminhões e ônibus que diariamente soltam no ar gases toxicos. Perto de casa existe uma garagem de ônibus antigos, e às vezes ligam todos ao mesmo tempo e temos que fechar as janelas de tanta fumaça tóxica que eles liberam.

    • Ezio Jose:

      Acontece que os falantes críticos não abrem mão das coisas ruins que eles fazem uso. É como a estória do macaco que senta-se no próprio rabo e fica a falor dos rabos dos outros.
      O cigarro faz mal. A fumaça cheia de chumbo dos veículos não. As sacolas plásticas de supermercados prejudica o meio ambiente porque quem não tem carro não tem como usar efetivamente outros tipos de ensacar suas mercadorias senão andar sempre com uma sacola reaproveitável para aproveitar algumas promoções que aparecem nos mercados. A bituca de cigarro e as sacolas pláticas são os terrores do meios ambiente. A fumaça dos escapamentos e os resíduos de pneus nos asfalto só ajuda a antureza.

  • Wanderson:

    Humm…Artigo interessante.

    Quem sabe a violência nas grandes cidades não seja também por causa da poluição?Nós estamos respirando tanto lixo que esse mesmo lixo está acabando com nossa capacidade de raciocinar direito e de sermos “civilizados”.É uma hipótese.

  • Ezio Jose:

    Com a proibição do cigarro legal e com a liberação da maconha, pouca coisa irá mudar. Tem gente que não sai de casa a pé duas quadras para comprar uma porção de maconha. Acreditam que veículos não sao poluidores.

  • Nik:

    Uma coisa é óbvia: poluição de qualquer coisa não traz benefício algum.

  • John jones:

    só agora descobriram isso!

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