Porque sentimos nojo

Por , em 2.02.2012

Você já parou para pensar por que algumas coisas que vemos nos dão a sensação de nojo e outras não? Muitas variáveis podem estar envolvidas, e aquilo que dá nojo a algumas pessoas pode parecer comum a outras. Uma psicóloga americana, Rachel Herz, escreveu um livro para entender melhor como o nojo funciona.

A autora da obra dá o exemplo do Hákarl, uma tradicional iguaria da culinária da Islândia. Se você ler a descrição do prato, pode achá-lo extremamente nojento: pegam um tubarão-da-groenlândia (Somniosus microcephalus), cuja carne é naturalmente tóxica. Depois de ser enterrado para putrefação e passar por vários congelamentos e descongelamentos, a carne fica seca e com cheiro de amoníaco, semelhante a produtos de limpeza. Mas, segundo os islandeses, deliciosa.

O fato de nós acharmos essa carne repugnante e os consumidores da Islândia a considerarem uma delícia é a prova, segundo a psicóloga, de que o nojo representa um condicionamento cerebral. Esse condicionamento, baseado em experiências, não determina apenas o que nos dá nojo, mas a nossa reação a algo nojento. Por que as caretas de repugnância, por exemplo, são tão parecidas umas com as outras?

A repulsa, no entanto, nem sempre está relacionada aos nossos cinco sentidos básicos. A psicóloga explica que existe também uma espécie de “repulsa moral”, algo como um judeu recusar usar uma toalha que teria sido utilizada por Adolf Hitler no passado. Se juntarmos os fatores de condicionamento e conceitos prévios, que se traduzem nas reações, temos algo como um mapa do nojo humano. É o que a psicóloga explora em seu livro. [NewScientist]

5 comentários

  • Ezio Jose:

    Quando somos crianças, nossas mães já nos ensina a ter nojo do tal “cocô” e que chamam também por “caca”. Tudo que é nojento para mãe ela ensina à criança fazendo uma gesto ridículo e já diz: “isso é caca!”, “isso é cocô!” seguindo de uma cara de repugnância para chamar a atenção da criança. Isso passa a ser uma cultura que vai passando de geração à geração.
    Tem gente que sente o maior nojo de um peido que nem fétido às vezes é. Mas cheiram bufas o dia todo de bom grado sem sentirem nojo nenhum. Outros quase morrem de rir quando as cordas vocais anais soam umas notas desafinadas. Tudo é questão de cultura.

  • Isabela:

    Eu vi na TV que os islandeses fazem esse tipo de comida porque muito tempo atras eles não tinham nada pra comer e a saída foi essa.

  • Lex:

    Paul Ekman já apontava que a expressao usada para demonstrar ódio se assemelha muito ao nojo.

  • Ju:

    Essa explicação também serve para medos aparentemente infundados, como o medo de barata.

    • Lex:

      O medo de baratas nao é infundado. Faz parte do processo evolutivo. Baratas normalmente circulam por ambientes com higiene precária e portanto prejudiciais a saúde. Quem evitava baratas (antes de conhecer bactérias e princípios de higiene básicos) tinha menos chances de desenvolver doenças. Vivia mais e consequentemente tinha mais filhos.

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