Obrigue o seu filho a limpar o prato e ele terá que viver com as consequências

Por , em 10.12.2014

Qualquer um que tenha filhos ou conviva constantemente com crianças conhece os sinais: depois de algumas garfadas, os pequenos começam a empurrar o brócolis para o canto do prato e ficam distraídos com qualquer coisa. É certo que em muito pouco tempo elas vão desistir e começar a reclamar da comida. E aí entram os pais, com a missão quase impossível de fazê-las “limpar o prato”.

Enquanto a maioria dos adultos são membros do Clube do Prato Limpo, comendo em média 90% da comida que servem a si mesmos, o mesmo não é válido para as crianças. Uma nova pesquisa da Universidade de Cornell agregou seis estudos diferentes com 326 crianças do ensino fundamental e mostrou que, se os pais não estão por perto, em média as crianças só comem 60% do que elas servem a si mesmas. Mais de um terço vai direto para o lixo.

Ao contrário dos adultos, as crianças ainda estão aprendendo quais alimentos gostam e quanta comida precisam para ficarem satisfeitos. “É natural que eles cometam alguns erros e peguem um alimento que não gostam ou coloquem demais no prato”, explica o pesquisador Brian Wansink, autor do livro “Slim by Design: Mindless Eating Solutions for Everyday Life” e diretor do Laboratório de Alimento e Marca de Cornell. “O que é menos natural é que eles sejam obrigados por seus pais a comer os seus ‘erros'”.

Além disso, os pequenos possuem mecanismos internos de autorregulação que informam seu cérebro quantas calorias eles estão consumindo. Forçá-los a consumir mais alimentos do que essas mensagens do organismo pode levá-los a comer excessivamente e desacostumá-los a acreditar nesses sinais do corpo, que lhes dizem quando estão satisfeitos.

A velha barganha de “Você só pode comer o pudim se terminar seus legumes” também não é a melhor estratégia. Estudos apontam que essa estratégia faz com que as crianças sejam menos propensas a se sentirem atraídas por comidas saudáveis e achem as sobremesas ainda mais apetitosas.

Ainda que nesse momento muitos pais estejam chorando em desespero porque agora seus filhos têm apoio científico para reclamar do almoço, calma. Não comer tudo não é o fim do mundo. “Eles mostram que as crianças que só comem de metade a dois terços dos alimentos que servem a si mesmos não estão sendo beligerantes ou desrespeitosos”, garante Wansink. “Elas estão apenas sendo crianças normais”.

Uma saída para fazer com que seus filhos tenham os nutrientes necessários sem forçá-los a comer mais do que o seu corpo manda é servir as refeições por partes – entrada, prato principal e sobremesa, por exemplo. Basta oferecer primeiro os alimentos mais saudáveis, já que a imagem de um prato cheio pode ser bastante impressionante. Outra sugestão é pedir para que as próprias crianças se sirvam. [Medical Xpress]

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