Gosta de alguém muito mais bonito que você? Não perca as esperanças!

Por , em 3.07.2015

“Orgulho e Preconceito” é uma das minhas histórias favoritas, escrita por uma de minhas autoras preferidas. Tirando toda a parte de ser uma família de mulheres muito distintas entre si, com duas das irmãs sendo extremamente fortes e determinadas, o romance de Elizabeth Bennet e Fitzwilliam Darcy (Mr. Darcy para nós, fãs alucinadas) é todo cheio de idas e vindas e totalmente apaixonante.

Mas o que nos interessa aqui é que a relação deles começou mau, com uma boa quantidade de, bem, orgulho e preconceito mútuos. Alto, bonito e podre de rico, a princípio Mr. Darcy desdenha de Lizzie. “Ela é tolerável, mas não bonita o suficiente para tentar a mim”. Além de notar “mais de uma imperfeição na sua simetria”, ele ainda reclama do status social da família dela, que considera muito inferior ao seu. É, eu sei, muito charmoso, mas eu juro que melhora (quem não quiser ler a obra de Jane Austen, pode ver a adaptação de 2005, com Keira Knightley e Matthew Macfadyen).

O ponto é que suas reações iniciais fazem perfeito sentido para os psicólogos evolucionistas, porque essas preferências podem melhorar as chances de transmissão de genes. Beleza e simetria física são marcadores de saúde e aptidão genética em um parceiro; status e riqueza tornam mais provável que as crianças vão sobreviver até a idade adulta.

Pessoas procuram seus iguais?

Parece lógico para as pessoas que estão no alto dessa escala de relacionamentos procurarem parceiros semelhantes. Há alguma evidência científica de que é isso que acontece, mesmo. Observando solteiros em sites de namoro online e encontros feitos para encontrar um parceiro, os pesquisadores descobriram que as pessoas tendem a acabar com aqueles que são parecidas com elas em termos físicos e sociais.

Esse padrão também ocorre em pessoas casadas: aquelas que são atraentes, bem-educadas e que ganham salários altos tendem a se casar com pessoas como elas. Na verdade, os economistas dizem que esta tendência crescente de “acasalamento seletivo” é uma das principais causas da desigualdade de renda, porque uma casa com dois altos salários faz muito mais dinheiro do que uma família com dois salários baixos (ou com apenas um assalariado).

Mas o quão superficiais as pessoas são na avaliação do valor de parceiros em potencial? Para tentar descobrir isso, psicólogos da Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos, pediram que os estudantes avaliassem o apelo romântico de seus colegas do sexo oposto.

No início do semestre, os alunos praticamente concordaram em quem na sua classe era mais desejável. Mas quando foram convidados a responder isso novamente, três meses mais tarde, depois de passar um semestre juntos em uma turma pequena, suas opiniões variaram muito sobre quem era bonito e quem não era.

“As percepções de valor de parceiros mudavam conforme eles passam mais tempo juntos”, diz Lucy Hunt, uma estudante da pós-graduação que participou do estudo. Ela explica que tanto uma pessoa pode se tornar mais atraente para outra conforme o tempo passa, quanto alguém pode parecer mais feio para o outro nesse mesmo período.

Tempo é o melhor remédio

Essas mudanças de atitudes, observou Eastwick, devem significar que há menos perdedores no jogo do amor, porque todo mundo não está disputando a mesma pessoa. “À medida que o consenso sobre quem é atraente diminui, a concorrência deverá diminuir, porque a pessoa que eu acho que é especialmente desejável pode não ser a pessoa que você acha que é especialmente desejável”, disse ele.

Para testar este efeito, os pesquisadores do Texas se uniram a Eli Finkel, professor de psicologia na Universidade de Northwestern, também nos EUA, em um estudo de casais que foi publicado em julho na revista “Psychological Science”. Alguns dos casais estavam casados ​​há cinco décadas; outros estavam namorando há apenas alguns meses. Depois de serem filmados falando sobre seus relacionamentos, todos foram classificados por atração física por um grupo de juízes que viram cada parceiro separadamente.

Quando as notas dos parceiros foram comparadas, havia um claro padrão baseado em quanto tempo as pessoas tinham se conhecido antes de terem começado a namorar. Se eles tinham começado a sair um mês antes da experiência, tendiam a ser igualmente atraentes fisicamente. Mas se as pessoas já se conheciam por um longo tempo ou se tinham sido amigos antes de namorar, então era mais suscetível que alguém muito bonito acabasse com alguém não tão bonito assim.

À terceira vista

Esta mudança gradual nos sentimentos parece ocorrer com bastante frequência, conforme conta a antropóloga Helen Fisher, do Instituto Kinsey, que trabalha com o site de relacionamentos Match.com em sua pesquisa anual de uma amostra representativa de adultos solteiros nos EUA. Na pesquisa de 2012, 33% dos homens e 43% das mulheres responderam “sim” quando questionados se já haviam se apaixonado por alguém que inicialmente não achavam atraente. Fisher chama este processo “amor lento”, e diz que ele está se tornando mais comum à medida que as pessoas levam mais tempo para se casar.

Para ela, aplicativos como Tinder, baseados apenas na aparência, não significam muita coisa. “Esse é apenas o começo do processo. Uma vez que você encontrar alguém e o conhece, o seu valor como companheiro vai mudando”.

As principais razões apontadas pelos entrevistados para que essas mudanças aconteçam foram “ótimas conversas”, “interesses comuns” e “passar a apreciar o senso de humor dele ou dela”.

E é aí que voltamos para “Orgulho e Preconceito”. Enquanto conversa com Elizabeth e vê como é ela é sagaz e divertida, Mr. Darcy começa a vê-la de maneira diferente. Eventualmente, ele afirma que ela é “uma das mulheres mais bonitas” que conhece. Vou parar por aqui para não estragar a história, mas esse é apenas um dos exemplos em que a lei da atração não está com nada. [New York Times, New York Magazine]

5 comentários

  • Helio Braga:

    Quem acha que mulher só gosta de dinheiro é porque não se garante.

    • Marcelo Ribeiro:

      Tem que ter um pretexto para estarem sozinhos.

    • Cesar Grossmann:

      Dinheiro ajuda, mas não é tudo, a não ser que seja MUITO DINHEIRO.

  • Juliano De Paula:

    eu acho isso meio bobagem…o que vejo na real é que mulher não liga pra beleza, e sim para outros quesitos, se é que me entendem.

    • Marcelo Ribeiro:

      Inteligência e educação, naturalmente.

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