Stephen Hawking e um bilionário russo querem construir uma nave interestelar

Por , em 13.04.2016

No ano passado, a busca por inteligência extraterrestre recebeu um grande impulso quando o bilionário russo Yuri Milner anunciou uma aplicação de US$ 100 milhões para varrer os céus em busca de sinais de rádio e luz emitidos por extraterrestres. Não contente em simplesmente esperar sentado até os ETs resolverem entrar em contato conosco, Milner agora pretende investir na construção de naves espaciais interestelares. Sim, é isso mesmo.

Em um comunicado conjunto no One World Observatory, em Nova York, nesta terça-feira, dia 12, Milner e Stephen Hawking apresentaram o projeto Breakthrough Starshot, um programa de pesquisa e engenharia que busca lançar as bases para uma eventual viagem interestelar. A primeira etapa do programa envolve a construção de “nanocrafts” movidas a luz que podem viajar a velocidades relativistas – até 20% da velocidade da luz. Em tais velocidades, a sonda robótica iria passar por Plutão em três dias e atingir o sistema solar vizinho mais próximo, Alpha Centauri, pouco mais de 20 anos após o lançamento.

“Pela primeira vez na história da humanidade podemos fazer mais do que apenas olhar para as estrelas”, disse Milner. “Nós podemos realmente alcançá-las”.

“Hoje, nós nos comprometemos com este próximo grande salto para o cosmos”, declarou Hawking durante a coletiva de imprensa de lançamento do projeto, transmitida online ao vivo para o mundo todo. “Porque somos humanos e nossa natureza é voar”.

Mini nave

A tecnologia por trás da proposta ambiciosa do bilionário – das quais protótipos foram revelados ontem – inclui um “Starchip”, um wafer (uma fina fatia de material semicondutor na qual microcircuitos são construídos) minúsculo e levíssimo, carregando câmeras, propulsores de fótons, fornecedores de energia, equipamentos de comunicação e navegação. Impulsionando esse laboratório de ciência em miniatura existe uma “Lightsail”, uma vela de navegação com escala em metros com apenas algumas centenas de átomos de espessura e pesando duas gramas. A vela de luz será lançada para longe da Terra por uma matriz de lasers agrupados por fases, que Milner prevê que terá a potência combinada de mais de 100 gigawatts, semelhante à potência necessária para levar ônibus espaciais para fora da Terra.

Ao direcionar muita energia para um objeto pesando apenas alguns gramas, podemos teoricamente acelerar este objeto até 160.000.000 quilômetros por hora – mil vezes mais rápido do que a nave espacial mais rápida que existe hoje. A ideia é lançar uma pequena frota de naves em direção a Alpha Centauri, o que nos permite realizar muitos, muitos voos como o da New Horizon no nosso vizinho mais próximo potencialmente habitável.

Sonho bilionário

Se tudo isso soa como a fantasia insana ambiciosa de um bilionário com um ego muito grande, é porque é. Mas, de acordo com Milner, a façanha também é factível com tecnologia que não está muito distante. Ele acredita que nossa primeira NanoCraft possa ser desenvolvida dentro de uma geração.

“O conceito do Breakthrough é baseado na tecnologia já disponível ou que possa estar disponível no futuro próximo”, afirmou Milner. “Mas, como com qualquer grande feito, existem grandes obstáculos a serem resolvidos”.

Na verdade, os obstáculos vão desde como criar a matriz de laser capaz de acelerar uma pequena carga útil fora da Terra até a forma de transmitir dados de volta para nós em distâncias interestelares. Conquistas como estas seriam enormes, repercutindo ao longo de muitos campos da ciência e tecnologia. É por isso que Milner e sua tripulação de pretensos viajantes espaciais estão solicitando contribuições da comunidade científica internacional e do público em geral. Segundo o russo, o projeto Breakthrough Starshot será baseado inteiramente no trabalho de domínio público.

interestelar

“É um projeto ambicioso, mas não vemos nenhum empecilho ou impedimento com base em princípios fundamentais”, afirmou Avi Loeb, presidente do Centro Harvard de Astrofísica e copatrocinador do Starshot Breakthrough, na coletiva de imprensa.

Loeb acrescentou que, mesmo antes de chegar a Alfa Centauri, uma frota de NanoCrafts cheias de equipamento científico avançado poderia recolher muitas informações dentro do nosso sistema solar. Elas poderiam, por exemplo, voar através do gêiser do pólo sul da lua de Saturno Enceladus e escanear a água do oceano por sinais de vida – algo que astrobiólogos querem fazer há anos.

“Aqui, no One World Observatory, estamos lançando um esforço planetário colaborativo”, Milner continuou. “Apenas desafiando a nós mesmos é que podemos saber se nós, como os pioneiros antes de nós, temos a habilidade e a ambição para ter sucesso”. [CNN, Gizmodo]

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