Psicologia do Oscar: porque as celebridades nos fascinam

Por , em 28.02.2012

Do tapete vermelho do Oscar até os jornais de fofocas nos supermercados, a obsessão pelas celebridades está em todo lugar. Mesmo quem assiste poucos filmes acaba dando uma olhada nos Academy Awards. Porque essa fixação pela fama?

Na maioria dos casos, é completamente natural. Os humanos são criaturas sociais, e nós evoluímos – e continuamos vivendo – em um ambiente onde damos atenção às pessoas que estão no topo. A fascinação pelas celebridades pode derivar dessa tendência, apoiada sobre a mídia e a tecnologia.

“Em nossa sociedade, as celebridades são como as drogas”, afirma o psicólogo James Houran. “São um apoio fácil”.

É recente na história da humanidade a possibilidade das pessoas estarem se alimentando constantemente das novidades e fofocas das celebridades. Mas as celebridades em si não têm nada de novo. Há muito, as pessoas olham os monarcas para copiá-los socialmente ou em questões de moda.

Mesmo em sociedades menos modernas, onde os bens materiais são escassos, existe certa hierarquia de status. De acordo com o psicólogo Daniel Kruger, outros primatas também mantêm um olho nos indivíduos dominantes do grupo.

“Existem algumas razões diferentes para isso”, afirma Kruger. “Uma é que assim você pode aprender o que as pessoas de alto status fazem, e se tornar uma. Dois, é basicamente político. Saber o que acontece nesse grupo facilita a navegação social”.

Se Brad Pitt está bem com sua ex Jennifer Aniston ou não, isso não afeta a vida de uma pessoa, mas a tendência social de se preocupar já está muito arraigada.

Estrelas twittando

As estrelas e a mídia exploram isso. As celebridades dão entrevistas, dividem informações sobre suas vidas pessoais, e até se entrosam com fãs em sites como o Twitter. O resultado são relações “parasociais” – o termo usado para esse tipo de relacionamento entre um fã e seu astro, cada vez mais fácil.

E atingir o estrelato também está mais fácil do que nunca. “Você tem tantas formas de ficar famoso, porque existem muitas plataformas”, afirma o professor psicologia midiática, Stuart Fischoff. “Existe essa explosão das possibilidades das estrelas”.

Muita da obsessão por celebridades é cultivada. Apresentadores de programas, por exemplo, tentam estabelecer uma conexão pessoal com sua audiência.

“É um marketing incrível”, afirma Kruger.

Do fã ao fanático

Na maioria das vezes, gostar de uma celebridade não é nada demais. Para Fischoff, mesmo alguns dos fãs obcecados conseguem um espaço social que não conseguiriam de outra maneira. Para aqueles muitos tímidos, gostar de uma celebridade age como uma “prótese psicológica”.

“Se eles não interagem com as pessoas, isso pelo menos funciona como uma relação social que eles não possuíam”, comenta Fischoff. “Então isso é fazer o melhor do pior, psicologicamente”.

Mas existem limites. Houran e colegas descobriram que é muito simplista dividir os fãs entre casuais, saudáveis, e obcecados. Na verdade, a adoração é um processo.

“A má notícia é que existe um fã em todos nós”, afirma.

Quando a adoração vai além do aceitável, geralmente começa como algo bom, comenta Houran. As pessoas gostam do escapismo das fofocas e unem-se em torno de um mesmo ídolo. A celebridade começa a estar na cabeça constantemente, da família aos amigos. Então o comportamento obcecado e compulsivo começa.

Finalmente, algumas pessoas atingem o ponto “patológico”, onde acreditam ter uma relação próxima com a celebridade e tomam essa crença seriamente. Quando questionadas se fariam algo ilegal pela celebridade, elas dizem “sim”.

A personalidade tem um papel em levar as pessoas pelo caminho dos viciados em famosos, afirma Houran. Pessoas egocêntricas ou com traços como irritabilidade, impulsividade e mudanças de humor são mais suscetíveis. O ambiente também importa. Em fases de ajustamento de identidade, o processo pode acontecer mais. Um divórcio, demissão ou problemas de relacionamento também.

Esse fator de identidade pode explicar porque os adolescentes idolatram Justin Bieber ou outros ídolos. Houran comenta que jovens que estão passando por fases de instabilidade de identidade são mais suscetíveis a esse tipo de obsessão.

“A veneração por um famoso parece preencher algo na vida da pessoa”, comenta. “Dá um senso de identidade, de existência. Alimenta uma necessidade psicológica”. [LiveScience]

4 comentários

  • Chuck Norris®:

    Nos fascinam? Não me fascina.

    • Ace:

      Disse Chuck Norris…

  • Ana:

    Não enxergo o fascínio das celebridades como muitos vêm, da até pena de muitos deles, deve ser horrível não ter paz pra andar no próprio quintal…ops.. jardim de casa, sofrer uma separação ainda mais quando tem traição e ainda a pressão de ter que estar sempre de bom humor quando sai na rua quando se está um “caco” por dentro.

  • Marte:

    Acho que a resposta está no alpha. Somos animais, não somos?

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