Recorde de degelo no Polo Norte é consistente com Amplificação Ártica

Por , em 13.06.2016

Estudo oficializa: a Amplificação Ártica está acontecendo de forma antecipada no hemisfério norte. As altas temperaturas e degelo recorde que afetaram o noroeste da Groenlândia nos meses de junho a setembro de 2015 estão muito provavelmente ligadas ao fenômeno.

A Amplificação Ártica acontece quando o derretimento do gelo faz com que a região absorva mais radiação solar. Isso porque o gelo, que é branco, reflete esta radiação. Se ele derrete, a água do mar escura absorve este calor, esquenta, e causa mais degelo. Este é um ciclo vicioso que já foi classificado como “espiral da morte” pelo presidente do Centro Nacional de Dados de Gelo e Neve dos EUA.

O fenômeno é amplamente documentado, mas seus efeitos na atmosfera ainda estão sendo observados. Uma hipótese sugere que a menor diferença de temperatura entre o Polo Norte e o Trópico de Câncer causará uma diminuição na corrente de ar que circula nas grandes latitudes e que normalmente mantém o ar polar separado do ar mais úmido e morno ao sul. Ventos lentos poderiam permitir que ar úmido penetre esta região.

O estudo, publicado na revista Nature Communications, mostra que esses efeitos antecipados aconteceram na Groenlândia em 2015, e que correntes de ar morno chegaram a regiões nunca antes atingidas.

“Quanto e qual parte da Groenlândia que derretem podem mudar dependendo de como as coisas mudam em outras partes do planeta”, escreveu o autor principal, Marco Tedesco, da Universidade de Columbia e cientista da NASA.

“Se a perda do gelo do mar causa mudanças na corrente de ar, ela muda a Groenlândia, que por sua vez tem um impacto no sistema Ártico e no clima. É um sistema, e ele está fortemente conectado”, explica ele.

A camada de gelo do Polo Norte contém água suficiente para aumentar o nível do mar em sete metros, se derreter completamente.

Degelo recorde

groenlandia
O degelo do verão na região noroeste da Groenlândia começou em junho de 2015, quando uma massa de ar úmida penetrou a corrente de ar que protege a região. Ela percorreu a área até parar sobre o Oceano Ártico. Ali, afetou o clima até a metade de julho.

Essa massa de ar fez com que recordes de temperatura fossem batidos na Groenlândia. Com menos queda de neve durante o verão, menos radiação solar foi refletida pelo gelo branco, e mais calor foi absorvido.

Outro fenômeno estranho na região foi a direção do vento, que normalmente sopra de oeste para leste, mas neste ano foi na direção contrária.

O sul da Groenlândia, por sua vez, teve mais neve neste verão do que em anos anteriores.

Outro autor da pesquisa, Edward Hanna, da Universidade de Sheffield, também afirmou em outro artigo publicado em maio de 2016 que é muito provável que nos próximos cinco a dez anos vejamos outros recordes de derretimento como os registrados em 2015 e 2012 na região.

“A Groenlândia também experimentou temporada de derretimento antecipada em abril deste ano quando comparada com o mês de abril de 2012. O degelo recorde aconteceu mais tarde naquele verão, mas ainda é muito cedo para dizer se o mesmo acontecerá em 2016”, diz o coautor Thomas Mote, da Universidade da Georgia. [Science 2.0]

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