Restrição calórica permite que macacos vivam melhor e por mais tempo

Por , em 18.01.2017

Uma colaboração notável entre duas equipes de pesquisa resolveu uma controvérsia científica persistente: se a restrição calórica realmente faz bem para primatas.

O estudo, publicado na revista Nature Communications, mostra que a restrição de calorias realmente pode ajudar macacos rhesus a ter vidas mais longas e mais saudáveis.

Resultados incoerentes

Duas equipes concorrentes – uma da Universidade de Wisconsin-Madison e uma do Instituto Nacional sobre o Envelhecimento, ambas dos EUA – trabalharam juntas para desvendar o mistério de uma das histórias mais controversas na pesquisa do envelhecimento.

Em 2009, a equipe da Universidade de Wisconsin-Madison relatou benefícios significativos na sobrevivência e incidência de câncer, doenças cardiovasculares e resistência à insulina em macacos que comiam menos do que seus colegas.

Em 2012, no entanto, a equipe do Instituto Nacional sobre o Envelhecimento relatou nenhuma melhora significativa na sobrevida nos macacos que comiam menos, embora tenha encontrado uma tendência de melhor saúde.

“Esses resultados conflitantes lançaram uma sombra de dúvida sobre o paradigma de restrição calórica como um meio para entender o envelhecimento e a vulnerabilidade a doenças relacionadas à idade”, disse a professora de medicina da Universidade de Wisconsin-Madison, Rozalyn Anderson.

Resolução

Juntos, os dois laboratórios analisaram dados coletados ao longo de muitos anos, incluindo informações sobre os quase 200 macacos de ambos os estudos. Agora, os cientistas pensam que sabem por que as pesquisas mostraram resultados diferentes.

Primeiro, os animais nos dois estudos tiveram suas dietas restritas em diferentes idades. A análise comparativa revelou que comer menos é benéfico em primatas adultos, mas não em animais mais jovens. Esta é uma grande diferença de estudos prévios feitos com roedores, nos quais uma idade mais precoce foi melhor para alcançar os benefícios de uma dieta de baixa caloria.

Em segundo lugar, no grupo de macacos do Instituto, os do grupo de controle comeram menos do que o grupo de controle de Wisconsin. Esta menor ingestão alimentar foi associada com sobrevivência melhorada em comparação com os controles de Wisconsin.

A relatada falta de diferença na sobrevivência entre os grupos para os macacos mais velhos do Instituto surge como diferenças benéficas quando comparado com os dados de Wisconsin. Desta forma, parece que pequenas diferenças na ingestão de alimentos em primatas podem afetar significativamente o envelhecimento e a saúde.

Em terceiro lugar, a composição da dieta era substancialmente diferente entre os estudos. Os macacos do Instituto comiam alimentos de origem natural e de Wisconsin comiam alimentos processados com maior teor de açúcar.

Os animais de controle de Wisconsin eram mais gordos do que os do Instituto, indicando que, em níveis não restritos de ingestão de alimentos, o que é comido pode fazer uma grande diferença para a gordura e composição corporal.

Conclusões

A equipe identificou diferenças sexuais importantes na relação entre dieta, adiposidade (gordura) e sensibilidade à insulina – as fêmeas pareciam ser menos vulneráveis aos efeitos adversos da adiposidade do que os machos.

Este novo insight parece ser particularmente importante em primatas e provavelmente é traduzível para humanos.

O resultado do relatório é que a restrição calórica realmente parece afetar o envelhecimento. No entanto, para primatas (incluindo seres humanos), idade, dieta e sexo devem ser levados em conta para realizar os benefícios de uma menor ingestão calórica. [MedicalXpress]

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