Nem todos os psicopatas são assassinos – eles podem ser profissionais de sucesso

Por , em 17.02.2016

Nem todo psicopata é um criminoso ou serial killer. Na verdade, algumas de suas características, como coragem ao enfrentar riscos e ser carismático, são as mesmas que qualquer pessoa em papel de liderança precisa. Então qual é a linha tênue que separa um psicopata de sucesso, como um político, de um que perde o controle e mata pessoas? Um estudo buscou traçar essa diferença.

Todos os psicopatas são criminosos se você procurar por eles em uma prisão

A psicopatia não é facilmente definida, mas a maioria dos psicólogos vê a condição como um transtorno de personalidade caracterizada pela habilidade de encantar superficialmente os outros, aliado à profunda desonestidade e falta de culpa, além de pouco controle impulsivo.

De acordo com estimativas, 1% da população é psicopata, sendo a maioria homem. O número, porém, não parece representar a quantidade total de pessoas com algum nível de psicopatia, já que não é necessário apresentar todos os sintomas do transtorno para ser considerado um psicopata.

O que parece atrapalhar os trabalhos sobre o assunto é que os pesquisadores procuram pelos psicopatas em um local fácil de encontrá-los: na prisão. Até recentemente acreditava-se que todos eram criminosos. O desafio dos estudiosos, então, é encontrar psicopatas que levam uma vida normal, sem entrar em conflito com a lei.

Charmoso, agressivo e egoísta

Em 1977, Catherine Widom publicou um estudo sobre “psicopatas não institucionalizados”. Para encontrar esses indivíduos, ela colocou um anúncio em jornais da cidade de Boston, convidando pessoas “charmosas, agressivas, sem preocupações e que são impulsivamente irresponsáveis mas que são boas em lidar com pessoas, além de buscar seus próprios interesses”.

As pessoas que ela recrutou exibiam o perfil de personalidade parecido com aqueles psicopatas encarcerados, e dois terços haviam de fato sido presos. Então o que manteve um terço deles longe das prisões?

Uma pesquisa de Adrian Raine, da Universidade da Pensilvânia (EUA), conduzida na década de 1990, ajuda com essa questão. Ele identificou 13 psicopatas que haviam cometido crimes e 26 que tinham o perfil do transtorno, mas que não tinham sido presos. O pesquisador considerou provisoriamente que esses 26 eram psicopatas de sucesso.

No experimento, cada homem deveria ser gravado em vídeo falando sobre seus defeitos. Raine percebeu que os considerados psicopatas de sucesso tinham ritmo cardíaco acelerado, sugerindo que tinham ansiedade social. Esses homens também mostraram que conseguem controlar seus impulsos em atividades propostas pela pesquisa.

A conclusão foi que quem tem ansiedade social e controle sobre seus impulsos consegue se manter longe de problemas com a lei.

O psicopata de sucesso

Mais recentemente, alguns estudos mostraram que pessoas com maiores traços psicopatas tendem a ser encontrados com mais frequência em atividades como política, negócios, segurança pública, combate de incêndio, operações especiais militares e esportes de risco. A maioria desses psicopatas não exibem sintomas clássicos, mas não deixam de apresentar o transtorno.

É provável que a audácia, carisma, coragem e resiliência permita que essas pessoas tenham um resultado até melhor do que a média. O psicólogo Robert Hare, especialista canadense de psicopatia, brinca que o segundo melhor lugar para encontrar psicopatas depois da prisão é na bolsa de valores. [IFLScience!]

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