Tecnologia de mamografia pode estar fazendo mais mal do que bem

Por , em 28.07.2011

Muitos radiologistas confiam em um software de computador especializado para identificar áreas suspeitas em mamografias de rotina.

Agora, um novo estudo alega que essa tecnologia não consegue melhorar a detecção de câncer de mama, e até aumenta o risco de uma leitura anormal quando na verdade a pessoa não tem câncer.

O estudo analisou 1,6 milhões de mamografias feitas em 90 instalações de radiologia em 7 estados dos EUA, entre 1998 e 2006.
Mais de 680.000 mulheres participaram da pesquisa. Os pesquisadores examinaram mamografias em filme, porque muito poucas mamografias digitais foram realizadas durante o período de estudo para permitir uma análise aprofundada.

A taxa de detecção de anormalidades não invasivas na mama melhorou nas instalações de radiologia que adotaram a tecnologia conhecida como detecção auxiliada por computador, ou CAD (na sigla em inglês), mas, crucialmente, a taxa não melhorou para o câncer de mama invasivo, o tipo perigoso que invade os tecidos saudáveis da mama ou de outras partes do corpo.

Além disso, em clínicas com CAD, a porcentagem de mulheres com mamografias anormais que foram diagnosticadas com precisão caiu de 4,3% para 3,6%.

Também, as taxas de “falso-positivos” e “segundas visitas” (ser chamada de volta para mais testes) aumentaram ligeiramente após o CAD. No entanto, a taxa de biópsia declinou ao longo do tempo, independentemente do uso do CAD.

Os resultados ampliam e confirmam as descobertas de outro estudo de 2007 da mesma equipe de pesquisa, que colocava em dúvida o valor do CAD.

“As mulheres devem entender que o CAD provavelmente está sendo usado para interpretar a sua mamografia, e provavelmente não vai ajudar a detectar o câncer de mama mais cedo”, disse o autor do estudo, Joshua J. Fenton.

Mamografias anuais são amplamente recomendadas para mulheres com 40 anos ou mais. Os raios-X podem detectar o câncer em um estágio inicial, quando é mais tratável, mas não são perfeitos: deixam passar até 20% dos cânceres de mama.

Quando dois radiologistas interpretam uma mamografia, as taxas de detecção sobem. Nos últimos anos, estudos mostraram que o CAD, que analisa as imagens de mamografia e destaca as áreas que podem exigir um olhar mais atento, é tão eficaz na detecção de cânceres como um segundo par de olhos.

No entanto, à luz das novas provas, os radiologistas devem ser críticos na interpretação dos resultados do CAD. Seria ele um par de olhos legítimo? Seria mesmo capaz de fazer o trabalho que os radiologistas fazem?

Ainda não está claro no novo estudo se os radiologistas usam o CAD corretamente, ou mesmo se eles o usaram em todos os casos (os resultados são de clínicas que possuem o CAD, mas se a tecnologia foi usada é outra coisa).

“Isso me faz pensar que nós, como comunidade médica, precisamos reavaliar o uso do CAD, mas ainda não sei se com base neste estudo devemos abandonar a tecnologia”, comenta a especialista Carol H. Lee.

Aprovado em 1998 nos EUA, o CAD agora é usado em cerca de três em cada quatro mulheres. Alguns médicos acreditam que os pesquisadores e as empresas de dispositivos devem trabalhar para tornar o software melhor, mas em um ambiente experimental, e não expondo milhões de mulheres a uma tecnologia que pode fazer mais mal do que bem.[CNN]

4 comentários

  • Eddy:

    Repito um comentário de outubro 2011:
    Um grande amigo médico ao bordo de seus +90 anos, grande investigador e catedrático em seus país, revelou-me os resultados de uma investigação onde depois de inventada a tal mamografia aumentou em 70% o índice de câncer de mamas.
    Não porque aumentou a quantidade de casos detectados e sim porque o exame em si, ativa a multiplicação das células cancerígenas.
    Os conceitos de Dr. Ricky Hamer, Dr. Gerson ou Dr. Simoncini entre outros, continuam sendo mais importantes de que estes exames farmacêuticos.
    Desde: https://hypescience.com/mamografias-anuais-podem-significar-muitos-alarmes-falsos

  • maria emília:

    Roberto, fazer medicina, não é nada fácil, é preciso ter dom, e muita vontade de estudar, por isso, não creio que filhinhos de papai, simplesmente façam medicina só por fazer, por statos, acho meio maldoso este comentário.

    • Bovidino:

      São exatamente filhinhos de papai que fazem medicina, até porque é um curso caríssimo. Todavia, a grande maioria não faz por vocação, mas sim para ganhar dinheiro mesmo, pois é uma das profissão mais rentáveis do mundo.

  • Roberto:

    Confio muito mais no CAD do que numa manada de filhinhos de papai que fizeram medicina não sei por que. Nem eles.

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