Tem gente vendendo espécies ameaçadas de extinção no Facebook

Por , em 14.03.2016

Macacos gibão e langur, lontras e ursos-malaios. Esses são apenas alguns das centenas de animais vivos listados para venda no Facebook, na Malásia. Muitos são espécies vulneráveis, algumas criticamente em perigo de extinção. As informações são do portal Gizmodo.

A organização Traffic, uma rede de monitoramento de comércio da vida selvagem global, divulgou um relatório no início do mês que expõe o feroz comércio ilegal de animais selvagens existente no site. Durante cinco meses, os pesquisadores monitoraram diariamente 14 grupos do Facebook no país, durante meia hora por dia. Eles descobriram mais de 300 animais selvagens vivos sendo vendidos como animais de estimação na rede social. Quase metade das espécies dos animais são protegidos ou de venda ilegal sob a lei malaia.

Em uma declaração à rede BBC, o Facebook disse que a companhia “não permite a venda e comércio de animais em extinção e nós não hesitaremos em remover qualquer conteúdo que viola nossos termos de serviço”.

Espécies ameaçadas

Alguns dos animais à venda incluíam o urso-malaio, um pequeno e tímido animal nativo do sudeste da Ásia, que está listado como “vulnerável” pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza. Os pesquisadores também descobriram binturongs, mamíferos moradores das árvores que se parecem com uma mistura entre um urso e um gato e são classificados como “vulneráveis”.

Na verdade, ainda que muitos dos animais encontrados durante a investigação não corram o menor risco de extinção, outros não são apenas vulneráveis ​​- eles são de fato ameaçados de extinção. Por exemplo, um vendedor ofereceu um gibão de mãos brancas, um belo macaco que está desaparecendo rapidamente. Outros animais à venda estão criticamente em perigo, incluindo um par de cacatuas de crista amarela e uma tartaruga-estrela birmanesa.

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Os grupos do Facebook envolvidos são “grupos fechados”, o que significa que é preciso que a adesão seja aprovada para exibir as mensagens. Segundo a Traffic, durante a investigação, os grupos tinham quase 68 mil membros ativos com 106 vendedores únicos identificados.

Mercado negro

Ainda de acordo com a organização, não é inesperado que isso aconteça na Malásia, porque o país não tem mercados legais de fauna exótica como grande parte do sudeste da Ásia.

Além disso, este tipo de comércio de animais raros na internet não é algo novo. Em 2014, um homem San Diego, nos Estados unidos, foi preso depois de tentar vender um peixe aruanã asiático ameaçado por US$ 2.800 no site de classificados Craigslist para um policial disfarçado. O homem foi multado em US$ 1.000. Dois anos antes, 12 pessoas foram presas em Las Vegas pela venda online de aves e peixes ameaçados de extinção. O Craigslist, ferramenta extremamente popular nos Estados Unidos, proíbe abertamente a venda de “espécies ameaçadas, em perigo e/ou protegidas e qualquer parte destas, por exemplo, marfim”.

À rede britânica BBC, o Facebook afirmou estar “empenhado em colaborar com a Traffic para ajudar a combater o comércio online ilegal de vida selvagem na Malásia”. A Traffic confirma que havia contactado o Facebook e diz que o site está empenhado em reprimir este tipo de atividade.

O grupo ambientalista também alertou as autoridades do país – o Wildlife Conservation Act, de 2010, protege de caça ou o comércio de qualquer tipo quase metade das espécies encontradas no relatório. Enquanto isso, 25 das 69 espécies que não eram nativas da Malásia supostamente deveriam ter o mesmo tipo de proteção, ao abrigo da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção, em vigor desde 1975.

Perigo nas redes

Embora este estudo em particular tenha sido restrito à Malásia, a Traffic está preocupada que o problema possa se espalhar.

“Acreditamos que [o relatório] reflete um problema mundial”, declarou Sarah Stoner, analista de dados da Traffic, em um comunicado à imprensa. “A capacidade das redes sociais para colocar traficantes em contato com muitos compradores potenciais rápido, barato e anonimamente é motivo de preocupação para a vida selvagem ameaçada e agências de fiscalização, que exige nada menos do que uma resposta global conjunta”.

Por isso, caso você tope com um grupo destes no Facebook, não hesite em denunciar à administração do site – e, obviamente, não compre nada que não seja autorizado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). [Gizmodo]

1 comentário

  • Cesar Grossmann:

    É importante denunciar silenciosamente, para não atrapalhar qualquer investigação em andamento. Atacar pode acabar com as provas.

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