Todo mundo mente?

Por , em 17.12.2013

Os fãs da série “House MD” sabem muito bem que uma das frases preferidas do protagonista para descreditar seus pacientes era a máxima “Todo mundo mente”. Essa era a primeira justificativa do médico carrancudo e genial quando suas tentativas de diagnóstico começavam a dar em becos sem saída. A solução era procurar por respostas diferentes daquelas dadas pelos doentes, em quem House não confiava.

Mas, será que todo mundo mente? Somos ensinados que este é o senso comum e que a maioria das pessoas dizem mentirinhas. Contudo, talvez isso não seja verdade. Um artigo recente publicado na revista “Human Communication Research” descobriu que muitas pessoas são honestas na maioria das vezes, que muitos são honestos sobre suas mentiras e que apenas alguns mentem muito.

Rony Halevy, Bruno Verschuere (Universidade de Amsterdam, Holanda) e Shaul Shalvi (Universidade de Ben-Gurion, em Israel) entrevistaram 527 pessoas para descobrir quantas vezes eles tinham mentido ao longo das últimas 24 horas. Do total, 41% dos entrevistados indicaram que não haviam mentido nenhuma vez, enquanto apenas 5% acabaram por serem responsáveis por 40% de todas as mentiras contadas.

Para saber se os entrevistados eram honestos sobre a frequência de suas mentiras, eles foram convidados a participar de um teste de laboratório adicional. Eles jogaram dados e receberam uma quantia em dinheiro, dependendo do número que relatassem ter tirado. Como os pesquisadores não eram capazes de ver os números reais que saíram no teste de sorte, os participantes estavam livres para enganar e informar números mais altos. Os participantes que admitiram ter mentido com mais frequência também tiveram ganhos mais elevados neste teste dos dados, indicando que os participantes que disseram mentir muitas vezes o fazem realmente com muita frequência. Estatisticamente, as pontuações foram tão implausíveis que eles são susceptíveis de terem mentido sobre os números que tiraram, ao invés de desfrutar de uma série de rodadas à sorte.

Estudos anteriores descobriram que, em média, os participantes da pesquisa admitiram ter mentido duas vezes por dia. Segundo o estudo, este dado não permite a conclusão de que todas as pessoas mentem. Já que esta é uma média, passa uma imagem distorcida das diferenças individuais na comportamento mentiroso.

“O fato de que os participantes que disseram que mentem muitas vezes realmente terem mentido mais vezes no teste de dados demonstra que eles eram honestos sobre sua desonestidade”, explicou Verschuere. “Pode ser que os mentirosos frequentes mostrem traços mais psicopatas e, portanto, não tenham dificuldade de admitir que mentem com frequência.” [Medical Xpress]

5 comentários

  • Fernando Zarakauskas:

    Só existem duas verdades comprováveis : que todos mentem e que todos morrem…

  • Deivid Vale:

    Aquele que não mente que atire a primeira pedra.Até mesmo a mitologia tem alguns traços de verdade.

  • Eduardo Araújo:

    Os mais mentirosos foram os que disseram que não mentiram (ou que não mentiam).

  • Eduardo Araújo:

    A média é de 2 vezes por dia? Tem algo de errado aqui!
    Eu, que travo uma batalha heróica, todos os dias, tentando ser um exemplo de honestidade nestas terras tupiniquins, minto muito mais que isto antes mesmo do meio dia.
    Cada “bom dia” dado em resposta ao meu vizinho “pela-saco”, que me acorda quase todo dia com pancadas na paredes dos seus filhos “mal-educados”, me corta a alma. Cada “oi” ou “tudo bem” dado aos meus colegas de trabalho, verdadeiras abelhas (quando não estão fazendo cera, estão voando), me corrompe a honestidade.
    Todas estas pequenas cordialidades não merecidas e indevidas são, na realidade, mentiras. Isto se nota, em especial, no seriado de tv citado acima (House, MD), onde o protagonista se insurge contra tais amenidades sociais e as antagoniza sempre.
    O problema todo é que na tv o protagonista é “indispensável e insubstituível”; nós não. A sociedade brasileira é extremamente voltada para a cultura da emoção. Alguém que se recusa a dar bom dia para quem não gosta é violentamente hostilizado, primeiro com isolamento socia, depois profissional, depois difamado com mentiras que são por todos sabidas mentiras mas propagadas com ferocidade, depois, na primeira oportunidade, com violência física animalesca. Quantos casos conhecemos de pessoas inocentes que foram linchadas e mortas porque eram simplesmente isolacionistas, ermitões. Criou-se, até, uma verdadeira certeza jornalística, pseudo psicológica, que os ataques de Richardson, Columbine, Realengo etc., ocorrerram pois os psicopatas o são assim porque vivem isolados dos outros.
    Observem que ouve uma inversão: “eles ão psicopatas porque se isolaram das pessoas”(sic) e não “viviam isolados das pessoas pois já eram psicopatas”.
    A pessoa para ser “gente boa”, “considerado”, hoje em dia vc tem que ter “muitos amigos”, reais ou virtuais, apesar destas relações dependerem exclusivamente da mentira.
    A mentira em se ter 50.000.000.000.000.000 de amigos no Facebook tanto é sua que sabe que não são (e nem nunca serão) amigos de verdade, nem ao menos colegas; como dos que por carência igual a sua te aceitam com amigo também.
    Assim, todos nós mentimos muito mais que 2 vezes por dia, mais estamos tão acostumados a estas mentiras que nem achamos desonestidade. Com isto, compactuamos com, e ajudamos as disceminar, uma sociedade baseada na mentira que se sente ameaçada quando encontra um membro honesto ao extremo (o House, MD, do seriado acima ou o Padilha, do “Tolerância Zero”, dos nossos humoristicos locais) ou quando encontra alguém que não a confronta como os exemplos anteriores, mais se isola por não conseguir tolerar a hipocrisia reinante (os ermitões).
    Desta forma, só uma solução: As Doutrinas do Ritual de Kolinahr.

  • Oswaldo Ferreira:

    Será que todo mundo mente? a resposta é sim, todo mundo já mentiu ou vai mentir e vai continuar mentido é só fazer a pergunta certa, algo que a ela não queira responder ou seja constrangedor. Para provar isso peço que as mulheres pergunte ao seu parceiro se ele acha que estão gorda ou se eles acham suas amigas atraente e para os homens pergunta para suas parceiras, quantos parceiros sexuais teve antes de dele.

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