Transplantes de corações mortos vão salvar até 30% mais vidas

Por , em 2.11.2014

Cirurgiões australianos anunciaram o uso de corações mortos, que já haviam parado de bater, em transplantes bem-sucedidos nesta semana. Segundo eles, foi a primeira vez em todo o mundo que isso aconteceu, o que pode mudar a forma como os órgãos são doados. Até agora, os médicos têm contado com corações ainda batendo de doadores que tenham declarada a morte cerebral, muitas vezes colocando os órgãos recuperados no gelo e apressando a chegada deles aos seus destinatários.

Mas o Hospital de St Vincent de Sydney e o Instituto de Pesquisa Cardíaca Victor Chang desenvolveram uma técnica que permite que um coração que tenha ficado parado por 20 minutos possa ser ressuscitado, mantido em movimento e transplantado em um paciente.

Até agora, três pessoas receberam corações desta forma, com dois se recuperando bem e o terceiro e mais recente destinatário ainda necessitando de cuidados intensivos. “Eles são os únicos três do mundo”, afirma o cirurgião Kumud Dhital, que é professor associado na Universidade de New South Wales, em Sydney.

“Nós sabemos que dentro de um determinado período de tempo o coração, assim como outros órgãos, pode ser reanimado, reiniciado, e só agora temos sido capazes de fazê-lo de uma forma que um coração que parou em algum lugar pode ser recuperado pela equipe de transplante”, explica ele.

A técnica envolve a transferência do coração a ser transplantado para uma máquina portátil conhecida como “coração na caixa”, na qual é colocado numa solução de conservação, reanimado e mantido quente.

Os três pacientes receberam corações que vieram de diferentes hospitais, com os órgãos mantidos batendo durante o tempo de transporte que esteve entre cinco e oito horas. Peter MacDonald, diretor médico da Unidade de Transplante de Coração do St Vincent’s, disse que é provável que os primeiros transplantes de coração realizados na década de 1960 tenham usado órgãos que pararam de bater. Mais três transplantes haviam sido feitos dessa forma com crianças naquela época.

“Não houve nenhum transplante cardíaco em adultos de doadores chamados DCD (doados após a morte circulatória) desde os primeiros realizados na década de 1960”, conta.

Mas em todos os casos anteriores, os doadores e receptores tinha estado no mesmo hospital.

“O que temos feito é desenvolvido uma técnica que nos permite em primeiro lugar ressuscitar corações de um doador DCD e depois ter a capacidade de transporte do coração do hospital do doador, onde quer que seja, até o St Vincent’s e habilitá-lo a ser transplantado”, detalha.

A solução de preservação utilizada na máquina portátil permitiu que o coração se tornasse mais resistente aos danos causados ​​a ele quando tinha parado de bater e sido privado de oxigênio. A técnica significa que os cirurgiões na Austrália, onde a definição de morte é a morte cerebral, serão capazes de fazer 20% a 30% mais transplantes. [Medical Xpress]

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