Uma nuvem equivalente a 2 mil sóis, viajando a mais de um milhão de km/h, vai colidir com a Via Láctea

Por , em 31.10.2016

Em 1963, um estudante de astronomia chamado Gail Smith trabalhando em um observatório na Holanda descobriu algo estranho: uma nuvem massiva de gás orbitando a Via Láctea.

A nuvem continha gás suficiente para fabricar duas mil estrelas como o nosso sol, e estava viajando pelo espaço a mais de um milhão de quilômetros por hora.

Pelos próximos 40 anos, a nuvem de alta velocidade permaneceu apenas uma curiosidade: era uma entre tantas circundando a nossa galáxia. Ou seja, interessante, mas não especial.

De repente…

Até que, nos anos 2000, o astrônomo Jay Lockman e seus colegas observaram a chamada “nuvem de Smith” mais de perto, usando o telescópio Green Back, nos EUA, e calcularam sua trajetória.

A surpresa? Ela está em uma rota de colisão com a Via Láctea.

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Não apertem os cintos

Dado que estamos falando do espaço, o tempo das coisas não é nada comparado a uma vida humana.

Somente daqui a mais ou menos 30 milhões de anos é que a nuvem deve colidir com o Braço de Perseus, o principal braço espiral da nossa galáxia.

O impacto vai comprimir nuvens de gás no espiral, causando uma explosão de formação estelar.

A boa notícia é que não há nenhum perigo para a Via Láctea: por maior que seja a nuvem, ela é pequena em relação ao tamanho gigantesco da galáxia.

Hipóteses

De acordo com Andrew Fox, do Instituto Científico do Telescópio Espacial, da NASA, não sabemos exatamente qual a origem da nuvem de Smith.

Há duas teorias principais: uma dita que ela foi soprada da própria Via Láctea, por um aglomerado de explosões de supernovas. A outra supõe que a nuvem é um objeto extragaláctico que foi capturada pela órbita da Via Láctea.

Usando o telescópio espacial Hubble, os cientistas espiaram a nuvem e encontraram o elemento enxofre, absorvendo luz do núcleo de três galáxias distantes. A abundância de enxofre na nuvem é parecida com a encontrada no disco exterior da galáxia. Isso indica que ela deve ter um parentesco conosco.

Ou seja, a nuvem provavelmente se descolou de nossa própria Via Láctea e agora está em uma rota de colisão com ela novamente.

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Mistérios

No seu caminho, a nuvem está se desintegrando aos poucos.

O que restar dela – se é que algo vai restar – deve formar novas estrelas no momento da colisão final. Esse evento será provavelmente muito ativo.

Ainda assim, algumas questões sobre o objeto espacial continuam um mistério, por exemplo, como ela permaneceu intacta após o evento que a “expulsou” da galáxia. [ScienceatNASA]

1 comentário

  • Sam de Mattos Jr:

    Que bom. Reciclando poeira cosmica, fazendo estrelas, planetas e talvez um tipo de vida pensante, pacifica, tolerante e melhorada.

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