Vacinas revolucionárias são em forma de spray e não precisam de refrigeração

Por , em 26.03.2014

Um novo tipo de vacina de dose única vem de um spray nasal e não necessita de refrigeração. Os mais recentes projetos e testes destas “nanovacinas” preparam o terreno para alterar radicalmente a paisagem de saúde pública, pois podem fazer com que mais pessoas sejam vacinadas em todo o mundo, esmagando as ameaças iminentes de doenças emergentes e re-emergentes.

O principal pesquisador do projeto, Balaji Narasimhan, que apresentou o trabalho no Encontro Nacional e Exposição da Sociedade Química Nacional (EUA), observou que a maioria das vacinas de hoje exigem agulhas, doses extras e refrigeração, os quais representam desafios para os médicos e pacientes.

Vacinas em spray são o futuro

Além do fato de doer, o que pode diminuir as chances de que alguém procure por uma vacina, refrigeração e doses de acompanhamento reduzem ainda mais o alcance desses tratamentos preventivos de importância vital. Em alguns locais com recursos limitados, a refrigeração simplesmente não está disponível. Assim, muitas pessoas que precisam de vacinas não as estão recebendo. A boa notícia é que as vacinas que a equipe de Narasimhan está desenvolvendo não precisam ser mantidas geladas e são fáceis de administrar.

“Nossas nanovacinas podem ser armazenadas em temperatura ambiente, de 6 a 10 meses, e ainda funcionam”, afirmou Narasimhan, que é professor de engenharia química na Universidade Estadual de Iowa (EUA). “Além disso, estamos as projetando para que seja necessária apenas uma única dose por meio de um spray nasal, o que poderia permitir aos pacientes vacinarem a si mesmos”.

Outra grande limitação das vacinas tradicionais é a forma como elas trabalham, explica o pesquisador. A maioria das vacinas atuais ajuda uma pessoa desenvolver a imunidade a doenças mediante a introdução de parte de um vírus ou de bactérias, desencadeando a resposta humoral do corpo – a parte do sistema imunitário que produz anticorpos para combater um agente patogênico prejudicial. Mais tarde, se a pessoa é infectada por este micróbio, o corpo imediatamente sabe como responder.

Entretanto, cada vez mais estão surgindo evidências de que o outro componente do sistema imunológico do corpo, mediado por células, também desempenha um papel importante em algumas doenças emergentes e re-emergentes, como a coqueluche. Este lado do sistema imune depende de um grupo de células chamadas células T, em vez de anticorpos, para lutar contra os vírus e as bactérias.

“Parte da elegância dessas nanovacinas é a sua simplicidade e versatilidade”, garante Narasimhan. Elas são feitas de apenas dois componentes: pedaços de proteínas de um vírus ou bactéria embalados em polímeros biodegradáveis e não tóxicos que podem ser customizados.

Quando administrada através do nariz ou por uma injeção, esses pequenos pacotes entram no corpo e sinalizam para o sistema imunológico. As células que vigiam o corpo em busca de invasores estrangeiros devoram as partículas da nanovacina, partem os polímeros e proteínas do patógeno, e colocam pedaços de proteínas em suas superfícies. Dependendo da química da nanovacina, esta desencadeia a resposta imune humoral ou mediada por células do corpo e as treina para reconhecer o patógeno e atacar rapidamente no caso de infecções futuras.

“Temos resultados animadores que atestam a capacidade das formulações da nanovacina de fazerem um trabalho muito bom ativando a imunidade mediada por células”, conta Narasimhan. “Nós mostramos que ela funciona com roedores e estamos avançando para mostrar que o mesmo acontece em animais maiores”. [Science 20, My Medical Student Notes, ACS]

Deixe seu comentário!