Você não vai querer saber como suja realmente é a esponja da sua cozinha

Por , em 1.08.2017

Pesquisadores na Alemanha conduziram o que, segundo eles, é o primeiro estudo completo da contaminação de esponjas de cozinha. A conclusão é aquela que muitos de nós já imaginávamos e temíamos: esses “produtos de limpeza” estão cheios de bactérias.

A pesquisa aconteceu na Universidade de Furtwangen, e envolveu o sequenciamento genético de amostras de 14 esponjas de cozinha. O resultado é que 362 tipos de bactérias foram encontradas. Felizmente, a maioria dessas bactérias é inofensiva para a saúde humana.

“O que nos surpreendeu foi que cinco dos dez tipos que comumente encontramos pertencem ao grupo de risco 2 (RG2), o que significa que elas têm potencial para causar doenças”. diz o pesquisador principal, Markus Egert.

Esses cinco tipos são: Acinetobacter johnsonii, Moraxella osloensis, Chryseobacterium hominis – que os pesquisadores dizem causar infecções –, além da Acinetobacter pittii e Acinetobacter ursingii.

O tipo de bactéria encontrada em maior quantidade foi da família Moraxellaceae, que é comumente encontrada na pele humana. Os pesquisadores especulam que elas devem ser passadas para a esponja através do contato com as nossas mãos.

O maior problema relacionado com as esponjas é que as passamos em superfícies que estariam relativamente limpas, como fogões, balcões e pias, e os contaminamos. Por isso, os pesquisadores chamam as esponjas de “os maiores reservatórios de bactérias ativas na casa toda”.

“As esponjas da cozinha não funcionam apenas como um reservatório de microrganismos, mas também como disseminadores de bactérias para outras superfícies domésticas, o que pode levar a contaminação cruzada de mãos e alimentos. É essa a principal causa de doenças adquiridas via alimentos”, explicam os pesquisadores no artigo publicado na revista Nature versão online no último dia 19 de julho.

Imagem das bactérias


Além de sequenciar o DNA das bactérias, os pesquisadores também registraram em imagens em 3D a presença dos microrganismos nas amostras. Para isso, foi usada a técnica chamada hibridização fluorescente in situ aliada à microscopia confocal de varredura à laser.

A visualização revela como a superfície porosa e úmida da esponja e os restos de alimentos oferecem o habitat perfeito para as bactérias. Há tantas delas que é difícil enxergar onde está a esponja (azul), embaixo das bactérias (vermelho).

“Em algumas situações a bactéria atingiu uma concentração de mais de cinco vezes 10 elevado a 10 por centímetro cúbico”, diz Egert. Segundo ele, essas são concentrações que seriam encontradas em amostras fecais, e níveis que nunca deveriam acontecer em uma cozinha.

O que fazer

O estudo também demonstrou que tentar esterilizar a esponja acaba apenas selecionando as bactérias mais fortes, que se reproduzem e podem causar ainda mais danos à saúde.

Colocar as esponjas no micro-ondas, fervê-las ou colocá-las na máquina de lavar louça não ajuda. Os pesquisadores confirmaram que essas ações não interferem na concentração de bactérias, e isso pode ajudar na multiplicação das bactérias Moraxella e Chryseobacterium.

“Presumidamente, bactérias resistentes sobrevivem o processo de limpeza e rapidamente recolonizam as esponjas até atingir um nível de abundância semelhante ao anterior ao tratamento”, dizem os pesquisadores.

Então como lidar com as esponjas? Segundo os especialistas, elas devem ser substituídas toda semana. Infelizmente isso não é muito bom para o meio ambiente, mas uma outra equipe de pesquisadores da Universidade de Yale (EUA) está tentando encontrar uma forma de fazer com que a estrutura do poliuretano, comumente usado nas esponjas, seja quebrado e transformado em cogumelos.[Science Alert]

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