Vida em Marte: precisamos olhar neste local

Por , em 8.12.2016
Uma comparação entre as estruturas de sílica em Marte (esquerda) e em El Tatio (direita)

Uma comparação entre as estruturas de sílica em Marte (esquerda) e em El Tatio (direita)

O agora aposentado Spirit Rover, da NASA, encontrou evidências que podem apontar para a existência de formas de vida em Marte.

Pelo menos é o que dizem dois geocientistas que encontraram um local na Terra que se assemelha a uma área específica do planeta vermelho, examinada pela sonda espacial em 2007.

As evidências são aglomerados de nódulos de sílica fotografados pelo Spirit perto da área chamada de “Home Plate” na Cratera de Gusev. O rover operou no local por mais de cinco anos, estudando a geologia marciana e fenômenos atmosféricos.

Steve Ruff e Jack Farmer, da Universidade Estadual do Arizona, nos EUA, fizeram comparações das estruturas de Home Plate com formações em uma região chilena chamada El Tatio, onde se sabe que micróbios influenciam na criação de depósitos de sílica.

Suas descobertas foram publicadas na revista Nature Communications.

El Tatio

O Deserto do Atacama é um dos melhores “análogos” de Marte na Terra. As fontes termais de El Tatio estão localizadas a uma altitude de mais de 4.200 metros, tornando-se algumas das mais altas no nosso planeta.

Nestas altitudes, a atmosfera é mais fina, de forma que o local recebe um influxo intenso de luz ultravioleta e é frequentemente sujeito a temperaturas congelantes, mesmo no verão.

Estas características fazem de El Tatio uma importante área de estudo, pois combina o clima inóspito de Marte com a atividade hidrotermal que provavelmente existiu no planeta vermelho em seu passado antigo, particularmente quando ele era muito mais úmido do que é agora.

A grande questão é: existiu vida em Home Plate, obtendo um ponto de apoio nas fontes termais marcianas, como tem feito em El Tatio?

Origem comum

“Fomos a El Tatio procurando comparações com as características encontradas pelo Spirit em Home Plate”, disse Ruff em um comunicado. “Nossos resultados mostram que as condições em El Tatio produzem depósitos de sílica com características que estão entre as mais parecidas com as de Marte entre quaisquer depósitos de sílica na Terra”.

Home Plate é um depósito de cinzas vulcânicas que foi erodido ao longo do tempo. Em abril de 2007, o Spirit encontrou nódulos de sílica que indicavam que o local já tinha sido um respiradouro hidrotérmico.

Agora, Ruff e Farmer sugerem que, se esses antigos depósitos de sílica de Marte tiveram os mesmos mecanismos de formação que os depósitos de El Tatio, talvez compartilhem uma origem biológica comum.

“O fato de que micróbios desempenham um papel na produção das estruturas de sílica em El Tatio levanta a possibilidade de que as estruturas de sílica marcianas se formaram de maneira comparável – em outras palavras, com a ajuda de organismos que estavam vivos na época”, acrescentou Ruff.

Espera

Apenas porque um local de Marte se assemelha a um da Terra não significa que eles tiveram os mesmos processos de formação, no entanto.

Aliás, esta não é a primeira vez que um rover encontra potenciais “bioassinaturas” fossilizadas em Marte.

Em 2015, por exemplo, o Curiosity, da NASA, visualizou rochas que pareciam possuir características fossilizadas parecidas com as de algas na Terra.

De qualquer forma, os cientistas precisam de mais informações antes de poderem concluir qualquer coisa. Assim, a Cratera de Gusev permanece no topo da lista de possibilidades como zona de aterragem para próxima missão da NASA à Marte, em 2020. [Seeker]

Deixe seu comentário!