(Pessoa desafinada) “Amarelo é um deserto e seus temores…”. A música “Oceano”, do Djavan, é campeã em ser cantada errada.
O erro é até compreensível – “amarelo” e “amar é” têm som semelhante – mas o que nos leva a entender errado as letras das músicas, até o ponto de cantar nos envergonhando, não apenas no karaokê, mas às vezes até na internet?
Segundo o Dr. Wei Ji Ma, professor de neurociência, é extremamente difícil entender o que alguém está dizendo (ou cantando), a menos que estejamos olhando diretamente para o rosto da pessoa.
“Compreender discurso pode ser difícil, especialmente quando está barulhento”, disse ele. “Se você apenas tem informações de som, às vezes comete erros”, explica.
A informação visual nos ajuda a preencher as lacunas. Wei argumenta que em um estudo de 2009 que ele conduziu, os participantes acertaram as palavras em apenas 10% das vezes em que confiaram apenas em pistas de som. Mas, quando ambos assistiram a vídeos e ouviram as pessoas dizendo várias palavras, a sua compreensão dessas palavras subiu para 60%.
Segundo Wei, o cérebro é como um detetive de polícia entrevistando testemunhas após um crime. A informação visual é uma testemunha; a informação auditiva é outra.
Como em qualquer investigação criminal, as testemunhas se misturam. Wei diz que o cérebro pesa basicamente todas as
informações que reúne, e, em seguida, surge com seu melhor palpite.
Infelizmente, às vezes isso resulta em famosas confusões ridiculamente ruins como “Na madrugada, a vitrola rolando um blues, trocando de biquíni sem parar” (da música “Noite do Prazer”, de Cláudio Zoli, cuja verdadeira letra é “Na madrugada / A vitrola rolando um blues / Tocando B.B. King sem parar”).[MSN]