Imagine uma rede de sensores sem fio capaz de monitorar absolutamente tudo o que acontece no mundo. Pois esse projeto existe, e já está em uma fase avançada de construção. Um primeiro modelo, que servirá de teste, será implantado em até dois anos.
Cientistas da Universidade da Califórnia coordenam o recurso, que é chamado de “poeira inteligente”. O funcionamento, basicamente, deve ser o seguinte: milhares ou até milhões de sensores estariam espalhados em determinada área, ligados entre si por conexões sem-fio. Eles dariam conta, dependendo de cada caso, de tudo o que acontece de importante na área que monitoram.
Cada sensor, a princípio, teria o tamanho aproximado de uma caixa de fósforos, o que ainda não é viável para produção comercial (os pesquisadores pretendem fabricar aparelhos de até um milímetro cúbico), e é um dos fatores ainda não concluídos do projeto.
Seus principais usos, de acordo com os pesquisadores, serão a verificação do estado dos ecossistemas, rapidez na detecção de terremotos, relatórios sobre o trânsito e monitoramento do uso de energia. A ideia é que mais energia poderia ser economizada e acidentes poderiam ser prevenidos mais facilmente se houvesse um relatório em tempo real de determinados lugares.
O primeiro grande teste já está marcado: uma empresa petrolífera vai instalar um milhão destes sensores em uma área de exploração, para auxiliar na extração e medição de vibrações das rochas. As máquinas já estão prontas, e cobrirão uma área de 6 quilômetros quadrados.
Mas essa ideia tem suas limitações, como se observa em um estacionamento em San Fransisco, Califórnia. Lá, instalaram um sensor em frente a cada uma das 12 mil vagas para carros. O sensor, obviamente, não dá conta de tudo o que acontece no espaço. Apenas avisa à central que vagas estão ocupadas no momento, o que é o seu papel.
Um ponto de discussão é sobre o objetivo geral desse recurso. Alguns acham que deve haver sensores no mundo todo, observando absolutamente tudo (essa era a ideia inicial do projeto, idealizado nos anos 90) o que acontece.
Outros discordam dessa visão, porque o monitoramento poderia ser interpretado como invasão de privacidade. Eles chamam isso de “efeito Big Brother”, e dizem que não agradaria às populações e aos governos ter todos seus movimentos assistidos. Além disso, é discutida qual seria a real utilidade de se fazer isso, já que nem toda a superfície do planeta tem coisas que necessitam de monitoramento. Essa ideia defende que os sensores devem se limitar às áreas realmente importantes.
Parece que esse será um motivo para muitas discussões daqui a dois anos, se o projeto realmente ficar pronto. [CNN]