Os seres humanos têm recrutado animais para ajudar a combater as suas batalhas há muito tempo, e os militares de hoje usam uma gama ainda maior de criaturas para todo tipo de tarefa. Isso pode parecer estranho considerando que cães, cavalos e outros animais certamente não evoluíram para a finalidade do conflito humano. No entanto, a natureza certamente não só foi útil diretamente como também inspirou engenheiros humanos a criarem imitações mecânicas.
Observe na lista abaixo algumas das criaturas que se tornaram recrutas inconscientemente, tanto nas antigas quanto nas modernas guerras.
Os mamíferos voadores tornaram-se parte de um experimento bizarro durante a Segunda Guerra Mundial. Um cirurgião-dentista americano propôs anexar minúsculas bombas incendiárias a morcegos. Dessa forma, as criaturas incendiariam as cidades japonesas quando voassem para alojarem-se nos telhados de edifícios. Mas a ideia fracassou logo após ter recebido aprovação do presidente Roosevelt. Muitos morcegos não cooperativos simplesmente caíram no chão como pedras ou voaram para longe, apesar do exército americano ter testado 6.000 mamíferos em seus experimentos. Ainda assim, as bombas morcego conseguiram atear fogo a uma aldeia simulada japonesa, um hangar do exército americano e um carro. Atualmente, os cientistas estudam como a mecânica de vôo do morcego poderia inspirar futuros modelos de aeronaves e robôs-espiões.
Camelos foram muito utilizados no deserto árido ou regiões do Norte de África e do Oriente Médio durante os tempos antigos, dada a sua capacidade de sobreviver em condições duras e muitas vezes sem água. O cheiro dos camelos teria causado medo a cavalaria do inimigo, mesmo que eles não fossem tão úteis em um choque de tropas. Alguns povos equipavam seus camelos com armaduras, artilharia, etc. Mas eles não se saiam tão bem fora de seus limites naturais, onde os cavalos se tornaram os preferidos para montaria em batalhas. O papel de combate dos camelos diminuiu rapidamente com o desenvolvimento de armas de fogo em 1700 e 1800, mas ainda foi útil em algumas situações, como para as forças árabes durante a Primeira Guerra Mundial.
Abelhas com seus ferrões podem ser armas poderosas quando provocadas. Antigos gregos e romanos as usaram para deter tropas inimigas. Sitiantes catapultavam colméias sobre as paredes, e os defensores gregos retornavam o favor com uma barragem de urticária. Na Turquia, chegaram a enganar soldados romanos os enviando um tributo de mel tóxico, que os levaram a morte por subseqüentes vômitos. Uma utilização mais direta de abelhas furiosas ocorreu durante os cercos em castelos na Idade Média, bem como durante a Primeira Guerra Mundial e a Guerra do Vietnã. Hoje em dia, os cientistas as usam através da capacitação dos insetos para detectar minas terrestres.
Leões marinhos têm uma visão excelente mesmo com pouca luz, ouvem bem debaixo d’água, podem nadar a 40 km/h e fazem mergulhos repetidos de até 300 m. A marinha americana os treina para localizarem e marcarem minas. Os animais também podem anexar uma “perna” especial em mergulhadores humanos ou sabotadores, o que permite que os marinheiros transportem suspeitos para a superfície. Um cinto de segurança especial atado aos leões marinhos carrega câmeras de vídeo que fornecem uma visão do fundo do mar ao vivo.
Os pombos estiveram presentes entregando mensagens durante a maior parte da história humana, por causa de suas habilidades de navegação que permite que eles voltem para casa depois de viajar centenas de quilômetros. E ganharam muita fama militar durante a Primeira Guerra Mundial, quando as forças aliadas usaram cerca de 200.000 deles. Um pombo chamado Cher Ami ganhou um prêmio francês pela entrega de 12 mensagens (sendo que a última foi entregue mesmo após o bicho ter sofrido ferimentos graves de bala) além de ter sido creditado por salvar um batalhão americano perdido que havia sido rendido por forças alemãs. Outro grupo de 32 pombos ganhou uma medalha britânica pela valentia durante a invasão do Dia D da Segunda Guerra Mundial, quando os soldados aliados fizeram silêncio no rádio e invocaram os pombos para transmitir mensagens. Hoje, por causa dos avanços tecnológicos em comunicação, os pombos se aposentaram do serviço militar.
Os golfinhos têm servido ao lado de leões-marinhos na patrulha do mar desde 1960. Seu sistema sonar sofisticado pode ser usado para pesquisa de minas com base no conceito de ecolocalização. Um golfinho envia uma série de “cliques” que são refletidas pelos objetos e retornam para o golfinho, permitindo que eles obtenham uma imagem mental do objeto. Dessa forma, eles comunicam ao seu respectivo manipulador humano usando o mecanismo de resposta “sim ou não”. O manipulador acompanha a resposta, e pode, se receber um “sim”, enviar o golfinho para marcar o local do objeto com uma bóia. Essa habilidade de marcar minas foi útil tanto durante a Guerra do Golfo Pérsico quanto na Guerra do Iraque. Golfinhos também podem marcar nadadores inimigos, mas a marinha americana nega rumores sobre treinar golfinhos para usar armas contra humanos.
Os maiores mamíferos terrestres deixaram sua marca na guerra como criaturas capazes de devastar formações de tropas inimigas. Os elefantes podem atropelar os soldados, perfurá-los e até mesmo lançá-los para longe com suas trombas. Antigos reinos na Índia podem ter sido os primeiros a domar elefantes, mas essa prática logo se espalhou para os persas no Oriente Médio, gregos, cartagineses e romanos. Cavalos temem a visão e o cheiro dos elefantes, e soldados também tiveram que lidar com o terror psicológico de enfrentar os enormes animais. Ainda assim, os elefantes podem ficar loucos de medo ou dor após serem punidos, e o advento de canhões no campo de batalha acabou com seu papel em combates.
Mulas têm desempenhado um papel crucial na guerra carregando alimentos, armas e outros suprimentos necessários pelos exércitos. Nascidas a partir de um burro e uma égua, eles se tornaram preferência para o transporte de cargas devido à sua maior resistência. Várias legiões e exércitos usaram mulas, e elas continuam a ser úteis até hoje, como nas forças especiais americanas, onde fuzileiros navais e soldados dependem dos animais para abastecer postos remotos nas montanhas do Afeganistão.
Cães participam de guerras há anos. As raças grandes serviram como cães de guerra no campo de batalha e como sentinelas de defesa para diversos povos. Os romanos equiparam alguns dos seus cães com coleiras perfurantes e armaduras, e os conquistadores espanhóis também utilizaram cães de ataque armados durante a invasão da América do Sul em 1500. A guerra moderna reduziu o papel de campo de batalha dos cachorros para mensageiros, farejadores, batedores e sentinelas. Os militares americanos e outros, mais recentemente, treinaram seus cães como farejadores e detectores para trabalhar no Iraque e no Afeganistão.
Talvez nenhum outro animal tenha desempenhado um papel tão grande na história da guerra como o cavalo. Os seres humanos os domesticaram há muito tempo atrás, e sua propagação logo deu origem ao seu uso na guerra em grande escala. Os antigos egípcios e chineses usavam cavalos puxando charretes como plataformas estáveis para lutar, antes da invenção de uma sela eficaz. A estabilidade proporcionada pela combinação de sela e estribo permitiu que os mongóis lutassem de forma eficaz e disparassem flechas de cima dos cavalos, dando-lhes a mobilidade para conquistar a maior parte do mundo conhecido. A aparição estrondosa de cavalos em campos de batalha muitas vezes assinalou o começo do fim para as civilizações que não tinham semelhante monta. A maior utilização de cavalos de combate não vacilou até a era da guerra moderna, quando os tanques e metralhadoras entraram na briga. [LiveScience]