Um levantamento feito pelas Nações Unidas garante: antes do final desse ano, a população de seres humanos no planeta deve atingir a marca de 7 bilhões. Enquanto esse número ainda segue crescente, há certos habitantes do planeta fazendo o caminho contrário: a população de animais está decrescendo a níveis alarmantes.
O século XXI apresenta um novo panorama relacionado à extinção. Se os índices atuais forem mantidos, os cientistas calculam que 75% das espécies de hoje devem ser totalmente erradicadas do planeta nos próximos 300 a 2.000 anos. Conheça dez exemplos em que a diminuição populacional, e não o aumento, deve ameaçar a existência em um futuro perigosamente próximo.
Um mapa dos Estados Unidos que mostra as áreas onde vive esse pequeno mamífero norte-americano também mostra uma triste figura. As “manchas” de habitat do furão de pés negros (Mustela nigripes) praticamente sumiram. A trágica história desse mamífero começou nos anos 90, quando agricultores dos EUA se envolveram em um esforço nacional para combater o “cão de pradaria”, roedor que estraga plantações.
Isso foi um golpe duro à população de furões, que têm uma dieta 90% composta de cães de pradaria, e cujo habitat (campos de mata rasteira) foi reduzido a apenas 2% da área original. Em 1986, um levantamento americano apontou um número desesperador: havia apenas 18 furões espalhados pelo país inteiro. Desde então, um programa ambiental elevou essa população acima de mil, mas a espécie segue ameaçada.
O Rio Mekong, décimo mais volumoso do mundo, nasce em campos da província chinesa do Tibet e cruza seis países do sudeste asiático por 1.535 quilômetros. Em suas águas, está escondido um drama: a quase extinção do Pangasianodon gigas, nome científico para um peixe que chega a atingir três metros de comprimento e mais de 270 quilos.
Na última década, 90% da população original do peixe-gato-gigante simplesmente sumiram do mapa, de modo que restaram cerca de 300 indivíduos no planeta. A própria distribuição do peixe pelo rio dá uma noção do problema: antigamente, eles apareciam por toda a extensão do rio asiático. Agora, ocupam menos da metade desse espaço.
Você já falar da vaquita? Não se trata de um mamífero terrestre, como talvez você tenha imaginado, mas de uma espécie de boto. Notória pelo pequeno espaço no mundo que habita (apenas alguns quilômetros quadrados no Golfo da Califórnia, no México), a Phocoena sinusis é um dos animais aquáticos mais ameaçados do mundo.
Tal como várias espécies marinhas, a maior ameaça à vaquita eram as redes de pesca predatória, até recentemente. Em 2000, um levantamento do governo mexicano constatou que as redes de pesca matavam de 39 a 84 indivíduos da já reduzida espécie a cada ano. Diante do índice, o governo reduziu o número de redes em 80%, o que amenizou a situação. Mesmo assim, a poluição do mar segue como fator predominante para manter as vaquitas sob ameaça.
Certos animais sob risco de extinção comovem a opinião pública, mas os insetos raramente se encaixam neste perfil. O panorama para eles, no entanto, é igualmente crítico: algumas espécies devem desaparecer da face da Terra em breve. Um inseto americano, a libélula esmeralda (Somatochlora hineana), apresenta um dos piores índices.
No caso de insetos, em geral, o que contribui para a destruição é a erradicação de ambientes úmidos próprios para o desenvolvimento das espécies. Quando há diminuição da área, a redução populacional é uma consequência direta.
Se você observar uma foto desse animal, já pode imaginar que é uma espécie exótica. A salamandra Ozark (Cryptobranchus alleganensis), que habita a América do Norte, apareceu apenas recentemente na lista de espécies em extinção. Há menos de 600 indivíduos atualmente, já que a população foi reduzida em 75% nas últimas décadas.
As principais ameaças à salamandra Ozark, que habita rios de alguns estados dos EUA, são não apenas a redução do ambiente em si, mas da qualidade dele. No caso, o fator mais prejudicial é a poluição da água.
O nome científico, Gavialis gangeticus, já dá uma ideia de onde este animal semelhante ao crocodilo habita: entre outros lugares, as águas do Rio Ganges, na Índia. Atualmente, no entanto, os cientistas poderiam trocar o nome científico do gavial, porque ele foi erradicado da Índia e de outros quatro países. Restam apenas cerca de 1.500 indivíduos da espécie.
A situação já era preocupante nos anos 90, quando a outrora grande população do gavial já estava abaixo dos dez mil. 98% dos lugares onde ele vivia não são mais aptos para sua sobrevivência.
Vamos pelo princípio: você já viu um gibão? É um primata semelhante ao macaco. Há várias espécies, mas uma delas, em especial, está sob grave risco. É o Nomascus hainanus, que habita apenas a ilha de Hainan, na China.
Como estão restritos à ilha, é fácil fazer um levantamento populacional. E o número foi alarmante: antes de 1960, havia mais de 2.000 desses primatas, e hoje não há mais de treze indivíduos pela ilha inteira. No caso deles, a indústria primária foi o problema: com produção de borracha nas áreas rasteiras, os gibãos tiveram que migrar para o alto das árvores, onde a oferta de alimentos é menor.
A pequena ilha de Kaua’i, no Havaí, guarda um problema relacionado a uma classe animal ainda não tratada nesta lista: as aves. O pequeno pássaro ‘Akikiki habita exclusivamente a ilha, onde há menos de 1.500 indivíduos atualmente.
O problema das aves no Havaí é crítico: das 71 espécies catalogadas na região em 1778, 26 já deixaram de existir completamente, e outras 32 estão em situação semelhante à do ‘Akikiki. O modo como as espécies sumiram também é inusitado: alguns pássaros morreram em massa por contaminação de doenças passadas por insetos.
Se você acompanha o problema de extinção não apenas nos animais, mas também em plantas, há também algo importante a se destacar. Uma espécie vegetal curiosa, que é uma pequena árvore cujas folhas parecem nascer do chão, tem sua população sensivelmente reduzida. Atualmente, é encontrada em apenas três pequenas regiões da ilha de Madagascar. A agricultura, nesse caso, é um fator que tem dizimado a espécie, não apenas pela redução de áreas nativas, mas por certos produtos químicos usados no solo.
Voltamos aos animais, mas essa espécie também não está entre as mais lembradas. Os recifes de Coral do Caribe, de forma geral, são “sustentados” pela espécie chifre-de-alce (Acropora Palmata), que sempre marcou presença constante na região. Com o nome dado em alusão aos seu formato, essa espécie era abundante até a década de 80. Desde então, a população foi reduzida em trágicos 95%, especialmente devido à uma doença altamente contagiosa no ambiente. [Life’sLittleMysteries]