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Como seguir seus filhos via GPS

Steve Salmon sabe do desespero que é perder de vista um filho. Certa vez, ele estava num almoço de família, quando sua filha desapareceu (em seguida encontrada acariciando um poney num campo vizinho). Dois anos depois, ele – que é chefe-executivo de comunicações da empresa Lok8u – lançou o NuM8, o primeiro localizador de crianças via GPS do mundo.

À primeira vista, é um relógio de pulso chamativo e amigável, usado pelas crianças, mas que na realidade permite que seus pais as sigam por meio do computador ou do telefone celular. Por trás de todas aquelas cores brilhantes – podendo ser azul-água, rosa-choque, verde-limão ou preto –, o bracelete de borracha contém uma “teia de aço reforçado”. Se alguém tentar retirar o localizador – seja uma criança rebelde ou um adulto covarde – a mamãe ou o papai são alertados imediatamente via SMS.

De acordo com a organização Missing Persons (em português: Pessoas Desaparecidas), a antiga National Missing Persons Helpline, um número estimado de 140 mil crianças e jovens fogem ou desaparecem todos os anos no Reino Unido.

Com o dispositivo, é possível tomar um café tranquilamente, enquanto você segue aquele pequeno balão azul na tela do Google Maps, vendo se seu filho não passa dos limites da “Zona Segura”, que você pode demarcar. Se a criança sair dessa zona, automaticamente você recebe um aviso, e poderá então enviar uma mensagem de texto “WRU” (forma comprimida para “Where are you?”), e então o dispositivo lhe envia as coordenadas do seu jovem alvo.

O localizador ainda não pode medir altitude, então não há como saber se o seu filho está tão seguro a ponto de não estar caindo de nenhuma árvore. Talvez seja o caso de a próxima geração do aparelho sair com uma câmera apontada para a cara da criança.

Honor Rhodes, diretora de desenvolvimento do Instituto da Família e Paternidade, se pergunta se isso não seria uma mescla de pânico com preguiça dos pais. “Fico me perguntando o que é que estamos tentando evitar, e penso que é que não queremos que nossos filhos se tornem uma Madeleine McCann (desaparecida aos três anos de idade, em maio de 2007, em Portugal, ainda não encontrada)”, afirma. “Apesar de isso ser a pior coisa que poderia acontecer, isso ocorre com uma incrível raridade. É mais provável que seu filho seja atingido por um raio”, completa.

Apesar de muitos serem capazes de vender a alma para terem certeza de que seus filhos estejam bem, Rhodes questiona se não poderíamos encontrar maneiras melhores para protegermos as crianças com quem nos relacionamos. “Se os seus filhos não estão machucados ou imobilizados, há que conversar com eles sobre aonde podem e aonde não podem ir. Paternidade é também negociar e renunciar a graus de controle; assim, quando sua criança se tornar um jovem adolescente, ela poderá fazer o seu caminho no mundo”, explica.

Quanto ao rastreador, por enquanto seu software funciona, mas é lento. Salmon enfatiza que o localizador é uma extensão, e não uma substituição, da paternidade. No entanto, o sistema tem suas falhas: é um contrato de 18 meses (£4,99 [R$ 14] por mês, mais as £149,99 [R$ 421] do aparelho) que depende de um sinal de celular e uma bateria carregada todo o tempo para um cuidado efetivo. [Telegraph]

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