A revolução tecnológica chegou até mesmo – e talvez principalmente – na medicina. Estudos avançados permitem que cientistas olhem além dos riscos de saúde óbvios do passado. Novas análises mostram, por exemplo, que o comprimento dos dedos, a força do punho, e até mesmo a altura podem ser indicadores confiáveis de câncer, longevidade e doença cardíaca.
Claro que não é tão difícil obter resultados impressionantes que na verdade não têm muito fundamento. Com grandes amostras, algumas situações falsas podem aparecer ao acaso. Muitos estudos surgem todos os dias, e poucas revisões. Apesar disso, alguns indicadores de riscos médicos bastante estranhos, mas credíveis, já foram descobertos. Confira 5 deles:
Pelo menos dois genes (HOXA e HOXD) controlam o desenvolvimento do testículo ainda durante a gestação, que por sua vez criam testosterona. E esses dois genes também controlam o desenvolvimento da mão, especialmente os dedos indicador e anelar. Tal descoberta gerou uma hipótese baseada sobre o que a razão entre os dois dedos significa, de aptidão e desempenho sexual a personalidade e capacidade desportiva. Um estudo indicou que há uma ligação importante com o câncer de próstata: se o dedo indicador é maior do que o dedo anular, um homem tem menos probabilidade de desenvolver o câncer. Os pesquisadores compararam mais de 1.500 homens com câncer de próstata a mais de 3.000 homens aleatórios. Ignorando histórico familiar e outros fatores, homens com mais de 60 anos com um dedo indicador mais longo tinham 33% menos chances (em média) de desenvolver câncer de próstata. Os homens mais jovens com um dedo indicador mais longo se saíram ainda melhores, com uma redução média de 87% no risco. A pesquisa sugere que a testosterona pode ter um papel importante no desenvolvimento do câncer de próstata.
O comprimento dos dedos também pode prever seu comportamento com as mulheres, tamanho do pênis de um homem e outras coisas contraintuitivas.
De acordo com um estudo de 25 anos com mais de 6.000 homens com idade entre 45 a 68 anos, a força de preensão foi o melhor preditor do quanto eles seriam deficientes na vida adulta. Os homens mais fracos tiveram duas vezes mais deficiências. E em um estudo separado com homens e mulheres, a força de preensão mostrou correlação com longevidade – mas correlação não é causalidade. A melhor aposta para uma vida longa, segundo uma infinidade de pesquisas, é comer bem, fazer exercícios regularmente e evitar hábitos nocivos como fumar.
A sujeira entre os dentes pode parecer inócua, mas estudo após estudo demonstrou que infecções crônicas da boca (também chamadas de doenças periodontais) aumentam o risco de problemas circulatórios, incluindo doença cardíaca coronariana. As bactérias da boca entram no sangue através da gengiva, o que pode conduzir a entupimento das placas arteriais. A inflamação causada por tal infecção persistente pode também deixar o corpo propenso a ataques cardíacos.
Aparentemente, quem roda o mundo também tem mais chances de desenvolver câncer de pele. Durante uma recuperação econômica britânica na década de 1970, as pessoas aproveitaram o valor alto do seu dinheiro viajando ao exterior. Muitos foram para as praias espanholas e passaram muito tempo no sol. Hoje, há um aumento na taxa de melanoma nessa população.
Os primogênitos são mais propensos a desenvolver câncer de testículo. Estudos sugerem que o primeiro filho é exposto a altos níveis de estrogênio, o que dá maior risco de câncer de testículo, mas isso nunca foi definitivamente comprovado. Produtos químicos semelhantes ao estrogênio também são suspeitos para câncer de testículo nos últimos 40 anos. Análogos de estrogênio podem entrar em alimentos e água, por exemplo, através de agrotóxicos.
Mas talvez o maior risco médico da ordem de nascimento precoce é a leucemia infantil. Desenvolve-se mais frequentemente nos irmãos mais velhos e parece estar ligada à condição socioeconômica. Pesquisadores acreditam que a formação do sistema imunológico pode também ser parte da explicação. Há sugestões que têm a ver com a exposição a vírus, bactérias e resfriados. As crianças que vão para orfanatos em tenra idade são menos propensas a desenvolver leucemia do que as crianças mantidas em casa, que ainda não têm irmãos por perto o tempo todo, que causariam maior exposição. [Wired]