Ícone do site HypeScience

6 músicas clássicas que significam o oposto do que você pensa

Se você adora e é um bom ouvinte de música clássica, provavelmente sabe um pouco de sua história, e este artigo não foi feito para você. Para o resto da população, não familiarizada com a arte, ler a lista se faz necessário. Atualmente, as músicas clássicas aparecem em muitos filmes, propagandas, sendo muitas vezes “popularizadas” pela cultura de massa. Você as escuta, elas grudam na sua cabeça, mas certamente você tem ideias totalmente equivocadas a respeito de seus significados. Confira:

1) “Lá vem a noiva” (ou “Bridal Chorus”, em português, “Marcha Nupcial”) – Richard Wagner

Porque você conhece: Quem dera um casamento no qual não tocasse essa música. Já foi tocada de todas as maneiras, desde órgãos a orquestras completas conforme a noiva caminha até o altar. Quando você ouve tal melodia, já sabe que a noiva está para aparecer, provavelmente toda vestida de branco.

O contexto original: Assassinato em massa. A música vem da ópera “Lohengrin”, na qual o “Bridal Chorus” é na verdade cantado para a heroína Elsa e seu novo marido, Lohengrin, por suas damas de honra após o casamento, não antes! As pessoas trocam as coisas, fazer o quê. Ah, e depois dessa canção, Lohengrin assassina cinco convidados do casamento, e larga Elsa.

Peraí: Lohengrin não é uma ópera alegre, como você provavelmente adivinhou. O casamento dura duas canções. Depois que o machão assassino abandona Elsa (e por ser uma ópera), ela morre de tristeza. Assim, a música de órgão que se ouve em todos os casamentos hoje em dia é menos festiva e mais sinistra.

2) “Hallelujah Chorus” (da obra Messias) – Handel

Porque você conhece: assim como a “Marcha Nupcial”, as associações com “Hallelujah Chorus” são uma espécie de lenda da cultura pop. Essa música épica e alegre, que soa como um grito de pessoas felizes cantando “Aleluia”, é muito usada em filmes religiosos, ou tocada em qualquer filme quando algo bom acontece. Você mesmo já deve ter cantarolado essa canção para si depois de alguma pequena vitória.

O contexto original: O “Hallelujah Chorus” é, como você deve ter imaginado, sobre Jesus; vem de Messias, uma obra de coral inteiramente sobre Jesus Cristo. Porém, o “Hallelujah Chorus “, especificamente, é praticamente a trilha sonora para sua suposta segunda visita à Terra. É o fim do mundo como Jesus o conhece: Ele comanda o total extermínio em cima de uma nuvem negra monstruosa enquanto tudo abaixo se colapsa.

Peraí: Existe um cronograma muito explícito em Messias. Cada peça de música é uma parte da vida de Cristo, do início ao fim até depois do fim. O “Hallelujah Chorus” obteve sua letra a partir do Livro das Revelações, amplamente conhecido como a parte “insana” da Bíblia. Estamos todos gritando, enquanto Jesus termina o mundo que nos rodeia. Dizem que quando Handel terminou “Hallelujah Chorus”, foi encontrado chorando. Seu assistente perguntou o que havia acontecido, e Handel respondeu: “Eu pensei ter visto o rosto de Deus”. Assustador.

3) “O Fortuna” (da obra Carmina Burana) – Carl Orff

Porque você conhece: Procurando uma música terrivelmente dramática para usar no seu filme sobre vampiros? Desesperado para encontrar uma música que ilustrará super bem seu programa de TV sobre o fim do mundo? Encontrou imagens de um gatinho bonito e quer fazer um vídeo engraçado justapondo-as em trombetas com uma letra em latim sem sentido? “O Fortuna” é o que você está procurando. Incontáveis filmes, comerciais e qualquer coisa com drama já usaram essa clássica canção.

O contexto original: Enquanto a música foi escrita no século 20, todas as letras de Carmina Burana são retiradas de mais de 200 poemas medievais que são sobre: amor não correspondido; que estranha é a igreja, assim como o governo e o homem; beber. Soa como poesia de ensino médio? É porque é.

Peraí: O super dramático “O Fortuna” é apenas uma canção totalmente revoltada que veio de um poema meio bobo escrito por algum estudante medieval. As letras são sobre apostas, jogos de azar, ter má sorte (e perder sua camisa nas apostas). O arranjo é de um compositor alemão muito estranho, que queria celebrar “o triunfo do espírito humano através do equilíbrio sexual e holístico”.

4) “The Year 1812” – Pyotr Ilyich Tchaikovsky

Porque você conhece: Você já ouviu essa, sem dúvida nenhuma. É uma música gloriosa que toca o tempo todo nos EUA (toca todo 4 de julho, feriado da independência), e aparece em filmes sempre que algo importante, ou excitante, ou explosivo, está acontecendo. Foi escrita por um cara russo, mas parece ser sobre a América. Talvez seja sobre a guerra de 1812 contra os ingleses, ou alguma outra batalha americana. É arrogante, triunfante, agressiva, e todo norte-americano pensa que ela diz “nós somos bons”.

O contexto original: Os americanos estão pagando de bobos. A música que toca todo 4 de julho é na verdade sobre uma batalha entre a Rússia e a França.

Peraí: Havia mais de uma guerra acontecendo em 1812, e a batalha dos EUA com a Grã-Bretanha não era a mais importante. O “grand finale” da música (a parte mais conhecida) contrapõe tiros de canhão explosivos com o som de “La Marseillaise”, o hino nacional francês, para representar os defensores russos esmagando o exército de Napoleão na batalha de Borodino. E porque cargas d’água os EUA tocam essa parada enquanto estouram seus fogos de artifício?

5) “Pompa e Circunstância” (“Military Marches”, em português, “Marchas Militares”) – Sir Edward Elgar

Porque você conhece: Qualquer um que já tenha se graduado em algo, ou comparecido a qualquer formatura, deve ter ouvido essa música. Também é comum em filmes, em momentos vitoriosos.

O contexto original: a música que nos lembra conquista é a primeira de uma série de uma espécie de “álbum conceitual” da virada do século 20. Conceito de quê? Sangue, guerra e morte de jovens.

Peraí: A música não tem letra, mas em um esforço para definir do que ela se trata, o compositor Elgar prestativamente prefaciou seu significado com uma citação do poema “The March of Glory” (A Marcha da Glória), de Lord Tabley, que fala sobre marchar ao som de uma música que atrai os homens à morte, além de orgulho, nação, e outros temas (ou baboseiras militares, depende de sua posição quanto ao assunto). Ou seja, é sobre ansiosamente morrer em batalha. Mas não com significado positivo, do tipo “morrer em batalha é glorioso”. A música é uma forma de Elgar dizer: “Eu não acho que devemos marchar todos os nossos jovens para morrer na batalha”, o que os britânicos confundiram completamente, tocando-a para animar seus exércitos por anos. Pelo menos eles entenderam a parte da batalha corretamente, já que os americanos tocam a música em formaturas.

6) “Ride of the Valkyries” (da obra “Die Walkure”, em português, “A cavalgada das Valquírias”) – Richard Wagner

Porque você conhece: Esta é provavelmente a música dramática mais famosa do mundo. Foi utilizada no filme “Apocalypse Now” como música de fundo para um ataque de helicóptero. Já tocou em inúmeros outros lugares, até desenhos animados (talvez principalmente em desenhos animados), e geralmente retrata pessoas indo para uma batalha.

O contexto original: Tocada em uma ópera sobre mulheres com lanças (exato!), você deve imaginar que “A cavalgada das Valquírias” (como a passagem musical é conhecida em português) é ouvida enquanto as bravas jovens batalham. Não. Está mais para tocada quando as luzes estão apagadas, a cortina está fechada e nada está acontecendo. Sim, a canção é tocada como abertura de um dos atos da obra (o terceiro, no caso).

Peraí: Uma das músicas mais legais tocadas em brigas e batalhas foi na verdade feita para ser ouvida enquanto o público está sentado educadamente olhando para uma cortina. Quando ela sobe e as mulheres finalmente aparecem, o resto da música é usado como som de fundo enquanto as Valquírias se cumprimentam antes de um dia de trabalho. Sem brigas, sem fúria. Quase entediante.[Cracked]

Este artigo foi sugerido pelo Diego Willrich. Muito obrigada por sua colaboração!

Sair da versão mobile