O terremoto de magnitude 9,0 que atingiu a costa de Sendai, no Japão, em 11 de março, é uma prova do quanto a natureza pode nos surpreender. Confira a explicação dos cientistas do por que terremotos são tão difíceis de se prever, como os sismólogos têm tentado prever terremotos no passado, e que abordagens promissoras podem levar à previsão de sucesso:
Questão 1: Terremotos podem ser previstos?
Não; pelo menos não a ponto de se poder emitir um aviso prévio por um tempo específico em um local específico que permita uma evacuação. A maioria dos tremores, no entanto, ocorre em locais previsíveis (ao longo de zonas de falhas conhecidas), como o caso da costa do Japão.
Questão 2: Quão perto podemos chegar de prever terremotos?
Isso é relativo. Nos locais com uma elevada taxa de atividade sísmica histórica, a chance de um terremoto ocorrer no futuro (período de várias décadas à frente), pode ser bastante elevado. Existem modelos que dizem que no sul da Califórnia, nos próximos 30 anos, as probabilidades de ter um terremoto de magnitude 7,5 ou superior são de 38%. Se os mesmos modelos forem utilizados para calcular a chance de um terremoto ocorrer no sul da Califórnia na próxima semana, as chances caem para cerca de 0,02%.
Questão 3: Por que os grandes terremotos são tão difíceis de prever?
Previsões confiáveis exigem precursores, ou seja, sinais na terra que indiquem que um grande terremoto está a caminho. Um sinal confiável tem que acontecer somente antes de grandes terremotos e tem que ocorrer antes de todos os grandes terremotos. No momento, os sismólogos não conseguiram encontrar esses precursores, se é que eles existem.
Questão 4: Que tipos de sinais têm sido considerados para prever terremotos de grande porte?
Uma vasta gama de potenciais sinais tem sido estudada, variando de um aumento das concentrações de gás radônio, mudanças na atividade eletromagnética, um “terremoto” (tremor) menor (que antecede um maior), deformação da superfície da Terra, mudanças geoquímicas nas águas subterrâneas, e até mesmo o comportamento incomum de animais em momentos que antecedem um grande terremoto.
Questão 5: Alguma dessas abordagens de previsão já funcionou?
Para cada um dos sinais listados acima, existem provas de que eles podem se comportar de forma errática quando conduzem a um grande terremoto. Infelizmente, essas irregularidades ocorrem também sem necessariamente conduzir a um terremoto. Ou seja, quando todo o peso estatístico é analisado, não há nada que possa funcionar 100%.
Questão 6: Que abordagens promissoras podem levar à previsão de sucesso no futuro?
Muitos pesquisadores estão estudando as mudanças em sinais eletromagnéticos anteriores a grandes terremotos. A abordagem é impulsionada pelo trabalho de Friedemann Freund na NASA. Freund mostrou que comprimir uma pedra pode levar à formação de cargas elétricas positivas na terra, que poderiam esclarecer sinais eletromagnéticos incomuns antes de um terremoto.
Questão 7: Quais são as chances de outro grande terremoto ocorrer no Japão, após o evento recente?
Cerca de 200 tremores secundários, com uma intensidade de 5 ou mais na escala japonesa de 0 a 7, ocorreram nos primeiros três dias do terremoto de 11 de março em Sendai, segundo a Agência Meteorológica do Japão. A probabilidade de abalos adicionais de medição de nível 5 ou superior entre 14 e 17 de março permanece em 40%. [NewScientist]