Tirando todo o pelo corporal e o fato de que não amamos bananas tanto assim, os seres humanos são evolutivamente próximos de outros grandes macacos – cerca de 97% do nosso DNA é igual ao desses animais. As semelhanças não são apenas internas: conheça um número surpreendente de comportamentos humanos praticados por nossos ancestrais primatas.
“Não” quer dizer “não” para os macacos também. Várias espécies já foram registradas fazendo movimentos de cabeça indicando uma negativa.
Bonobos foram filmados balançando a cabeça em desaprovação a fim de que suas crias parassem de brincar com a comida (em vez de comê-la) ou quando um filhote tentava se afastar. Em um exemplo, uma mãe impedia seu bebê de uma tentativa de subir em uma árvore. O bebê fez esforços contínuos para escalar a árvore, com a mãe puxando-o de volta a cada vez. A tentativa final acabou com a mamãe puxando seu bebê pela perna e balançando a cabeça em desaprovação.
Embora os pesquisadores não tenham certeza se os bonobos realmente querem dizer “não”, talvez esse comportamento seja um precursor dos gestos negativos dos seres humanos.
Outras espécies já foram flagradas fazendo o gesto também. Uma chimpanzé abanava a cabeça para dizer “não”. Por exemplo, quando um filhote estava prestes a abordar um membro do sexo masculino que estava de mau humor, a fêmea abanava a cabeça numa negativa.
Os cientistas acreditam que os gestos de comunicação dos macacos parecem incrivelmente humanos. Por exemplo, eles imploram por comida com a mão aberta (da forma como mendigos fazem na rua), têm gestos agressivos que parecessem muito humanos, tocam e abraçam como seres humanos, etc.
Um estudo de 2007 feito com nossos parentes vivos mais próximos, chimpanzés e bonobos, indicou que os primatas são mais versáteis com gestos de mãos e pés do que com expressões faciais.
Por exemplo, um chimpanzé juvenil mostrou o comportamento de implorar comida, combinando um gesto silencioso de esticar a mão com um rosto cheio de dentes à mostra, em um esforço para recuperar alimentos.
Outro gesto peculiar encontrado em primatas: funcionários de um zoológico britânico relataram que alguns dos mandris cobriam seus olhos com uma mão (na foto acima) para indicar aos outros macacos que não queriam ser perturbados. O sinal pode ser evidência de cultura social entre os animais.
Talvez o comportamento mais humano dos macacos seja o de rir quando recebem cócegas. O tom é baixo em comparação com o riso humano, mas a expressão facial e a ondulação dos sons são assustadoramente humanos.
Há outras diferenças nos risos: humanos “gritam” e, enquanto os chimpanzés podem fazer isso, também riem com um fluxo alternado de ar.
Em um estudo de 2009, os pesquisadores analisaram e gravaram sons de gargalhadas de orangotangos, chimpanzés, gorilas e bonobos jovens, comparando-os com bebês humanos. Também analisaram árvores genealógicas buscando uma explicação genética para as vocalizações. Tomados em conjunto, os resultados sugerem uma origem evolutiva comum para o riso em humanos e outros grandes macacos.
Macacos podem diferenciar um rosto em uma multidão, assim como nós. Desde a mais tenra idade, os humanos se acostumam aos rostos de outros seres humanos: nariz comprido, tamanho dos lábios ou sobrancelhas espessas, etc. Nós aprendemos a reconhecer as pequenas diferenças que contribuem para uma aparência individual, assim como os macacos, que também podem notar o “nariz comprido” de um companheiro.
Pesquisadores revelaram essa capacidade dos macacos usando uma técnica na qual diferentes partes de um rosto são alteradas (por exemplo, os olhos e a boca são “girados” em 180 graus). Essas mudanças parecem notavelmente grotescas quando visualizadas de frente, mas dificilmente perceptíveis quando o rosto inteiro é invertido.
As nossas habilidades de processamento, como as dos macacos, notam tais mudanças de características faciais, mas quando as fotos são invertidas, essa capacidade se perde.
E mais: enquanto os macacos percebiam as mudanças no rosto de seus parentes, deram pouca atenção para os rostos extremamente grotescos humanos em ambas as configurações. A mesma coisa aconteceu com os seres humanos, que particularmente não perceberam a cara reorganizada dos macacos.
Depois de um rompimento romântico ou um dia difícil no trabalho, os humanos cedem a alguma espécie de gula. Acredite ou não, os macacos-rhesus fazem o mesmo para combater o estresse.
Essa espécie é naturalmente hierárquica. Os macacos não dominantes, de classificação mais baixa, até mostram sinais de estresse, como coçar excessivamente o corpo, bocejar, etc. Eles também comem menos do que seus superiores, possivelmente devido a este estresse.
Pesquisadores testaram essa associação do estresse com a ingestão de alimentos, dando acesso a bananas incrementadas com alto teor de gordura a todos os macacos.
Os subordinados comeram muito mais a dieta rica em gordura e açúcar; ou seja, o alimento servia como conforto. Os macacos dominantes, além de não comerem em excesso, só comeram durante o dia, sendo que os subordinados sociais continuaram a comer os alimentos gordos à noite.
Chimpanzés são a única espécie não humana conhecida por fazer e utilizar uma ampla gama de ferramentas complexas.
No início dos anos 1960, a primatologista Jane Goodall observou um chimpanzé na Tanzânia tornando uma folha de grama em uma ferramenta para pegar cupins em um casulo. Desde então, os chimpanzés têm continuado a revelar suas habilidades surpreendentes de criar e usar ferramentas avançadas, incluindo algumas apenas por prazer, como a possível versão chimpanzé de vibradores.
“Os kits de ferramentas da maioria das populações de chimpanzés consistem de cerca de 20 tipos de ferramentas, utilizadas para diversas funções na vida diária, inclusive subsistência, sociabilidade, sexo e automanutenção”, explica o primatologista William C. McGrew.
Primatas não humanos, como nós, parecem preferir brinquedos “apropriados” ao gênero. Se isso é resultado de genética ou de socialização, os cientistas não sabem.
Em humanos, os meninos tendem a fazer escolhas específicas de gênero mais rígidas, enquanto as meninas são mais flexíveis, escolhendo de caminhõezinhos a bonecas.
Pesquisas afirmam que tanto as primeiras experiências sociais quanto fatores inatos afetam essas escolhas.
Um estudo com macacos-rhesus analisou a preferência dos animais por brinquedos de pelúcia (o equivalente humano a bonecas) e objetos de rodas (como caminhões). Macacos machos mostraram uma preferência forte e consistente para os brinquedos de rodas, enquanto as fêmeas apresentaram maior variabilidade nas preferências.
“As semelhanças com as descobertas em humanos demonstram que tais preferências podem se desenvolver sem a socialização de gênero explícita”, diz a pesquisadora Janice Hassett. Essas preferências podem refletir comportamentos e pensamentos influenciados por hormônios, que são então esculpidos por processos sociais (diferenças entre os sexos observadas em macacos e humanos).
As raízes da justiça humana provavelmente vêm de muito trás no tempo evolutivo: muitas espécies de primatas parecem sofrer por desigualdades.
Em um estudo de 2007, os pesquisadores jogaram um jogo com macacos-prego no qual os animais passavam uma pedra de granito pequena para um ser humano em troca de uma recompensa (uma fatia de pepino, ou algo melhor, como uma uva).
Quando um macaco entregou a pedra de granito e ganhou uma uva, e um outro macaco fez o mesmo e recebeu um pepino, a loucura se estabeleceu.
Segundo os cientistas, tal reconhecimento de uma situação injusta pode ser crítico para a manutenção de relacionamentos em sociedades cooperativas como as de macacos-prego, assim como entre os humanos.[LiveScience]