Fazer uma lista com apenas 8 lugares ameaçados no mundo não é fácil. Ainda mais com tanta destruição causada pelo homem, e os efeitos climáticos que andam ocorrendo em nosso planeta. Só que existem alguns lugares que deixarão a Terra menos colorida e variada se sumirem do mapa. Confira 8 lugares que se desaparecessem, levariam consigo milhares de espécies de plantas e animais:
Esta ilha ao largo da costa leste da África é o lar de 21 milhões de pessoas. É também a casa de oito famílias de plantas originais, quatro famílias únicas de aves e cinco famílias exclusivas de primatas, incluindo 50 espécies de lêmures que não são encontrados em nenhum outro lugar do planeta. Graças à criação de gado, extração de madeira e agricultura de corte e queimada, só resta 17% da vegetação original de Madagascar. Além disso, as espécies invasoras têm devastado a flora e a fauna locais. O Alaotra Grebe, um pássaro aquático preto e amarelo, foi declarado extinto recentemente. A espécie sucumbiu às ameaças combinadas das redes dos pescadores e peixes carnívoros não-nativos.
Esta ilha exibe uma exuberante floresta, e fica dividida entre Indonésia, Brunei e Malásia. É o lar do orangotango de Bornéu, uma espécie em perigo, o rinoceronte de Sumatra, outra espécie criticamente em perigo, e cerca de 1.000 elefantes pigmeus que são exclusivos da ilha. A biodiversidade da região é enorme: somente entre 2005 e 2006, 52 novas espécies de animais e plantas foram descobertas nas florestas tropicais de Bornéu. Infelizmente, a floresta propriamente dita está sob ameaça. A ilha perdeu mais de 1,21 milhões de hectares de floresta por ano entre 1997 e 2000. Extração ilegal de madeira, incêndios florestais e o desenvolvimento de plantações de óleo de palma são os culpados. Entretanto, o comércio ilegal de animais selvagens é bem protegido na Indonésia. O orangotango é particularmente valorizado: um estudo de 2003 constatou que em apenas um mês os agentes confiscaram 30 orangotangos indonésios de possíveis traficantes da vida selvagem.
Chamado de “epicentro da extinção global atual”, este punhado de mais de 4.000 ilhas do Pacífico Sul está em risco graças à atividade humana e a mudança climática global. Os seres humanos assentaram nestas ilhas 2.000 ou 3.000 anos atrás. Desde então, milhares de espécies de aves foram extintas. A caça e a agricultura ajudaram a levar essas espécies em extinção, mas espécies invasoras também desempenharam um papel importante – um dos piores foi o rato comum. Enquanto as espécies invasoras assolam as ilhas do interior, o aquecimento global as ameaça por fora. Um aumento de um metro no nível do mar poderia submergir mais de 10 quilômetros quadrados dos 257 quilômetros quadrados da ilha de Tongatapu, Tonga. Outras ilhas podem ter destinos similares.
Ilhas são especialmente vulneráveis às ameaças, graças a seu isolamento. As espécies que evoluíram no ambiente fechado de uma ilha podem não ser capazes de se adaptar quando há alterações do seu habitat. Mas nem todas as ilhas estão rodeadas por água. No Arizona, no Novo México e em Chihuahua, México, os picos das montanhas chegam a milhares de metros do chão no deserto. Nos microclimas gelados no topo destas “ilhas no céu”, bolsões de biodiversidade prosperam. Metade das espécies de aves na América faz as suas casas lá. Imagine também 104 espécies de mamíferos, incluindo onças, jaguatiricas e javali. O homem ameaça a invasão destes habitats, mas o aquecimento global e a seca podem ser a sentença de morte para as ilhas do céu. O aumento da temperatura e as encostas das montanhas cada vez mais áridas fazem as espécies povoarem o pico em um canto cada vez menor, e os efeitos do aquecimento global podem ser um gatilho para um período de seca prolongada.
O anel de costa em torno do Mar Mediterrâneo tem estado repleto de seres humanos há pelo menos 8.000 anos. Pode parecer estranho pensar que uma área tão povoada como essa esteja ameaçada de extinção, mas as margens do Mediterrâneo são o lar de 22.500 espécies de plantas, quatro vezes mais do que no resto da Europa inteira. Metade dessas espécies não é encontrada em nenhum outro lugar do mundo. Embora o turismo suporte uma quantia significativa da economia da região, o desenvolvimento da zona costeira atraiu turistas que ameaçam a flora nativa. Desmatamentos e incêndios destruíram 95% da vegetação da bacia do Mediterrâneo. A área também é o lar do lince ibérico e da foca-monge do Mediterrâneo, o felino e a espécie de foca mais ameaçados do planeta, respectivamente. Apenas cerca de 500 focas e 150 linces ibéricos sobrevivem hoje.
Esta cadeia de montanhas se estende ao longo da costa ocidental da América do Sul, da Bolívia ao Chile. É a casa de um sexto de toda a vida vegetal na Terra, em apenas 1% do território do planeta. Mais de 660 espécies de anfíbios chamam de casa os Andes Tropicais, e em 2004, 450 delas foram listadas como ameaçadas. O macaco de cauda amarela, em perigo crítico e o qual os estudiosos pensavam estar extinto, também vagueia nas florestas úmidas dos Andes, como o faz o único urso da América do Sul, o “urso-de-óculos” (ou urso-andino). Os Andes são ricos em biodiversidade, mas também são ricos em recursos. Petróleo e gás foram descobertos na região, e as empresas estão construindo estradas e gasodutos em áreas sensíveis. Represas hidrelétricas ameaçam os ecossistemas fluviais, e o desmatamento causado pela agricultura, especialmente plantações de café, deixam pássaros nativos sem um habitat. Grupos de conservação estão trabalhando com os agricultores locais para promover um cultivo do café menos perigoso para o meio-ambiente.
A Antártica é conhecida por seu deserto alto e frígido, onde as temperaturas no inverno regularmente são tão baixas quanto menos 70 graus Celsius. Mas a costa do continente aparentemente estéril é na verdade rica em vida marinha, incluindo pinguins, aves marinhas, focas e baleias. Mesmo as profundezas mais obscuras do mar ao largo da Antártida Ocidental são um tesouro de vida: só em 2007, foram encontradas mais de 700 novas espécies na região, incluindo aranhas do mar, esponjas carnívoras e polvos. Mas a dupla aquecimento global e pesca ameaçam a biodiversidade da Antártica. Se a temperatura global subir 2 graus Celsius, o gelo marinho no Oceano Austral poderá diminuir de 10 a 15%. Se isso acontecer, as espécies dependentes do gelo vão perder seu habitat e fontes de alimento. Os especialistas também alertam que a pesca do krill antártico, parecido com o camarão e crucial à cadeia alimentar da Antártida, pode ameaçar todo o ecossistema da região.
O Ártico é o marco zero das mudanças climáticas. As temperaturas lá têm aquecido quase o dobro da média global, provavelmente devido ao derretimento do gelo do mar. O derretimento do gelo é uma má notícia para os grandes mamíferos do Ártico. Os ursos polares podem ser extintos até 2100 se os mares não ficarem congelados durante todo o verão. Animais como a rena podem perder áreas de vegetação graças ao aquecimento global que causa mudanças na tundra. E o aumento do nível do mar pode destruir quase metade das áreas para fazer ninho de algumas aves migratórias. E o pior de tudo: o aquecimento do Ártico não é apenas ruim para os organismos que ali vivem. Como o gelo que derrete é reflexivo, a superfície do oceano pode absorver mais energia solar, elevando as temperaturas do oceano e iniciando um ciclo de realimentação que derrete o gelo ainda mais rápido. Mudanças na salinidade dos oceanos poderiam desestabilizar as correntes oceânicas. Esse derretimento todo pode liberar carbono na atmosfera, criando um outro ciclo que aquece o planeta ainda mais. Em outras palavras, as mudanças no Ártico não são apenas o resultado da mudança climática global. Elas também podem causá-la.