A hora da verdade!


Na esteira do artigo da semana passada — gostaria de recapitular alguns dos aspectos mais importantes do método científico.
Em essência podemos afirmar que o método científico pode ser explicado pela conjugação de procedimentos que tem em vista a resolução de problemas ou a busca por respostas para determinado questionamento.
Nessa lista de procedimentos podemos alinhar a caracterização do problema, fundamentada em observações, quantificações e medidas.
Depois da caracterização do problema seguimos para a formulação de hipóteses, que seria — grosso modo — criar proposições iniciais que orientariam os experimentos necessários para confirmá-las ou refutá-las.
Depois de confirmadas as hipóteses poderiam fornecer elementos para realizar previsões, partindo-se de deduções geralmente apoiadas na lógica.
Em suma, do ponto de vista didático, podemos sugerir o seguinte encadeamento de procedimentos:
- Definir e delimitar o problema.
- Coleta de dados.
- Formulação de uma ou mais hipóteses.
- Realização de experimentos controlados, para testar a validade da(s) hipótese(s).
- Análise dos resultados
- Interpretação dos dados, formulação de conclusões ou de novas hipóteses.
- Publicação dos resultados para submetê-los à avaliação da comunidade científica.
Vou usar aqui um exemplo lúdico, que um ex-aluno meu — “nerd” de carteirinha — me enviou por e-mail para ilustrar esse encadeamento na arte da paquera.
Vamos imaginar que você é um jovem cientista e que sua colega de laboratório, aquela muito bonitinha, está manifestando um interesse descabido por você.
Parte 1: Delimitação do problema
Será que ela está a fim de mim?
Parte 2: Coleta de dados
Observando o comportamento da colega você encontrou indícios desse interesse.
Parte 3: Formulação de hipótese
Ela realmente está a fim de mim.
Parte 4: Experimento
Você a convida para sair.
Então ela responde que só sairá com você quando o inferno congelar.
Depois espalha a notícia pelo laboratório para que seu constrangimento fique completo.
Parte 5: Análise dos resultados
Hipótese refutada.
Parte 6. Interpretação dos dados
Ela não gosta de mim.
Novos problemas para serem delimitados para pesquisas futuras:
a) Será que ela me armou uma cilada?
ou
b) Fui eu quem viu algo onde nada existia?
Parte 7. Publicação dos resultados
Você sentencia para seus amigos:
— Jamais vou me envolver com colegas de trabalho novamente.
Princípio esse que pode ser questionado pela “comunidade científica”, no estilo, “não é bem assim”, “não generalize, pois fulana e beltrano trabalhavam juntos e se casaram”, etc.
O exemplo obviamente é uma brincadeira, que embora tenha o seu didatismo não pode ser tomado à letra.
Mas mesmo como anedota, a história traz nela embutido o célebre conselho que Francis Bacon nos dá – principalmente quando observamos o universo sem observarmos primeiro dentro de nós mesmos a ponto de formulamos alguns tipos de hipóteses bem pouco científicas.
Por isso, o pai da ciência moderna nos alerta :
“— Devemos tomar cuidado redobrado com tudo aquilo que queremos, com todas as forças, que seja verdade”.
-o-
[Imagem: Mirror Mirror by Ananth]
1 comentário
Grande Francis Bacon… obrigado por nos fazer refletir um pouco Mustafá.