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A jornada da mulher que perdeu metade de seu peso

Quando Julia Kozerski via uma câmera, fazia de tudo para sair de seu caminho: se escondia atrás de outras pessoas, ou se oferecia para tirar a foto para evitar ser fotografada.

Para ela, no auge de seus 153 quilos, era uma vergonha alguém ter sua fotografia. “As fotografias mostram a verdade. Elas te assombram”, disse.

Mas quando Julia se casou, em 2009, ela teve que enfrentar a câmera por razões óbvias, como toda noiva tem. “Eu não tinha tirado uma única foto em 10 anos”, conta.

Quando ela viu as fotos de seu casamento, não conseguiu enxergar a felicidade. “O que eu vi foi alguém com medo da câmera. Não era eu”, disse.

Seu medo de ser fotografada está para trás agora, como é possível concluir do ensaio fotográfico que narra sua perda de peso, chamado “Half” (“Metade”).

Apesar da sociedade do Photoshop em que vivemos, Julia se mostra como é nesse ensaio, sem maquiagem, sem efeitos especiais, sem nada.

Nas fotos, enfrenta um espelho, uma balança e uma geladeira abastecida com alimentos. “Elas servem como reflexões da minha experiência e mostram minha luta física e emocionalmente dolorosa contra a obsessão por comida, autocontrole e autoimagem”, disse a estudante de fotografia.

Julia veio de uma família com um histórico de problemas de peso e cresceu comendo fast food. A família fez tentativas desanimadas de perder peso com milk-shakes para emagrecer e Vigilantes do Peso, mas esses esforços fracassaram. “Eu nunca tinha sido introduzida a uma dieta ou alimentação adequada”, disse ela.

Quando Julia se casou, seu índice de massa corporal era de 49,9 (um IMC acima de 30 é considerado de uma pessoa obesa). Quando ela viu as fotos de seu casamento, foi a gota d’água.

Cansada de se sentir triste, Julia começou um blog de emagrecimento e usou um contador de calorias online para controlar sua dieta. Parou de comer fora e beber refrigerante, e começou a comer mais frutas e verduras.

Ela também começou a se exercitar em pequenos passos – andando com seu cachorro todos os dias, pegando escadas em vez de elevadores e estacionando longe das lojas.

Quando ela iniciou sua perda de peso, escolheu seu projeto pessoal para virar um trabalho de fotografia. Ela fez closes de suas costas e seu abdômen, fotos sem rosto que ela trouxe para as aulas.

As imagens chocantes provocaram conversa. “Esta é uma história com a qual as pessoas se relacionam”, disse ela.
Todo mundo tem algo a esconder, algo do qual se envergonha. Julia aos poucos começou a mostrar sua cara nas fotografias, incentivando sempre uma discussão interessante.

Seu marido, família e amigos questionaram porque ela estava se expondo publicamente. “Mas logo meu marido começou a entender as emoções, embora eu não pudesse verbalizá-las”, conta Julia. As fotos foram seu meio de expor o que sentia.

A maneira com que a garota apresentou sua jornada é “reveladora em todos os sentidos”, disse a especialista em imagem corporal Robyn Silverman.

A sociedade tem uma posição definitiva sobre o que significa ser gordo. As pessoas associam a palavra “magro” com palavras positivas, como popular, sexy, e “gordo” com características como preguiça, feiura e falta de controle, de maneira que “a gordura não é mais um descritor de peso e tamanho, mas uma avaliação de caráter”, explica Silverman.

As palavras que Julia usou para descrever seu corpo nas fotos – como “ruínas” – servem como “um lembrete da sensação de inutilidade, de não ser suficientemente bom” e como ela e outras pessoas que estão acima do peso ou obesas lutam com estas etiquetas de caráter.

Segundo a Dra. Silverman, Julia era apenas mais uma das pessoas que tinha a mentalidade de que “a grama do vizinho é mais verde”, e de que tudo ficaria bem depois que ela perdesse peso.

“Não está relacionado a um número ou tamanho, como eu pensava”, disse Julia. “Eu percebi que é sobre quem você é. Se você está confiante e saudável, é aí você quer estar e é onde você precisa estar como pessoa”.

Ela perdeu 72 quilos – essencialmente, o peso de outra pessoa – e manteve o seu novo peso por um ano. Não foi preciso um exército de nutricionistas, personal trainers e especialistas.

“Eu sou apenas uma garota comum que percebeu que estava infeliz consigo mesma e com a saúde e fez mudanças simples de estilo de vida. Antes, eu era horrorizada com imperfeições, e agora vejo as imperfeições como cicatrizes de batalha. Estou orgulhosa do que eu passei e do que tenho feito”, conta Julia.[CNN]

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