Cientistas conseguiram criar com sucesso um abacaxi rosa único, com uma aparência externa discreta, mas um interior cor-de-rosa. Conhecido como “Pinkglow” abacaxi, esta criação vem da Costa Rica e está sob a patente e distribuição da Del Monte, uma proeminente empresa de alimentos. A extensa jornada de 16 anos por trás do seu desenvolvimento culminou em um amplo interesse por parte dos consumidores.
A distintiva tonalidade rosada deste fruto tropical geneticamente modificado deriva de uma presença elevada de licopeno, um carotenóide e pigmento natural presente nos abacaxis. O licopeno também é responsável pela coloração avermelhada observada em melancias e tomates.
Normalmente, o licopeno nos abacaxis se transforma em beta-caroteno devido a uma enzima, conferindo à polpa interna um tom amarelo. No abacaxi rosa, a enzima, chamada licopeno beta-ciclase, é suprimida, levando ao acúmulo de licopeno conforme detalhado na patente da Del Monte. Visto que a Del Monte detém os direitos exclusivos sobre o abacaxi rosa como propriedade intelectual, são conferidos à empresa os direitos exclusivos de cultivo.
De acordo com os detalhes da patente, a interferência do RNA é utilizada para silenciar a enzima de conversão do licopeno. Esse procedimento envolve a introdução de um gene cujo RNA se alinha e se liga ao RNA responsável pela construção da proteína licopeno beta-ciclase. Essa ligação impede a produção da enzima dentro da célula. O novo gene é então incorporado ao genoma do abacaxi por meio de um tipo específico de bactéria que transfere naturalmente o DNA como parte do seu ciclo de vida.
O início do processo de modificação genética remonta a 2005, de acordo com os registros da patente. Após um período de seis anos, a Del Monte realizou testes em quatro gerações sucessivas da planta na Costa Rica entre 2010 e 2014. A avaliação de uma nova variedade é um processo demorado, conforme explicou Courtney Weber, uma especialista em melhoramento de plantas e genética da Universidade Cornell, que destacou a necessidade de testes, desempenho em campo, aceitabilidade e avaliações de produtividade. Os abacaxis, em particular, não são conhecidos por seu crescimento rápido.
A Del Monte também introduziu uma segunda variante conhecida como “Honeyglow” abacaxi, que possui um interior extra-dourado. Nos últimos meses, a Del Monte divulgou que a demanda pelos abacaxis rosa superou a oferta, com tanto o Honeyglow quanto o Pinkglow contribuindo para lucros brutos mais altos do que o trimestre anterior.
O abacaxi Pinkglow tem um preço de aproximadamente US$10 em supermercados, cerca de duas vezes o custo das variedades padrão de abacaxi. Em plataformas online, um único fruto Pinkglow é vendido por US$29 a US$39.
Esses preços elevados resultam principalmente da disponibilidade limitada e de estratégias eficazes de marketing, como enfatizado por Weber. Casos semelhantes de preços mais altos foram observados com variedades não geneticamente modificadas, como maçãs Honeycrisp e uvas Cotton Candy, quando foram introduzidas no mercado. À medida que a produção dessas frutas únicas aumenta, seus preços tendem a diminuir, uma tendência provável de ocorrer também com os abacaxis rosa, prevê Weber. [Live Science]