A Internet pode ser uma bênção em muitas coisas, e para algumas pessoas é uma ferramenta sem a qual, atualmente, não se pode trabalhar, estudar e viver. Mas ela trouxe um malefício que pode dar uma dor de cabeça adicional aos médicos daqui a algumas décadas. Como boa parte da adolescência, nos dias de hoje, tem gasto no computador um tempo excessivo, que avança pelas madrugadas, para acordar cedo para a aula no dia seguinte, a qualidade de sono vem sofrendo uma vertiginosa queda. Esse comportamento, segundo o Centro Médico de Boston (Massachussets, EUA), pode implicar em graves consequências.
Razão básica para essa relação: os jovens que dormem menos tendem a consumir alimentos mais gordurosos.
E como ninguém sacrifica horas de sono para fazer atividades físicas, o sedentarismo relacionado à má alimentação é um passaporte fácil para a obesidade. Os pesquisadores, contudo, ressaltam que não existe uma ligação taxativa como “todo adolescente que não dorme bem vira obeso”. O que existe é uma possível relação.
Para comprová-la, os pesquisadores de Boston examinaram 240 adolescentes, de 16 a 19 anos, a respeito de seus hábitos alimentares e horas de sono. Durante um período de 5 a 7 noites, os jovens usavam um aparelho de pulso que media os padrões de sono em casa. O dispositivo tinha a função de detectar os movimentos, e é capaz de revelar se uma pessoa está acordada ou dormindo. Em paralelo, os participantes foram entrevistados sobre seus hábitos alimentares ao longo de um período de 24 horas, dando detalhes sobre o quê, quando e quanto comiam a cada dia.
Após as comparações, descobriu-se que os adolescentes que dormiam menos de oito horas por noite ingeriram 2,2% a mais de calorias oriundas de gordura e 3% a menos de calorias provenientes de carboidratos. Fatores que podem ter influenciado a associação, incluindo o sexo (os pesquisadores seguem confusos sobre haver ou não diferença, nesse sentido, entre meninos e meninas), idade e raça, além do famoso Índice de Massa Corporal, o IMC.
Outro peso que pode influenciar nessa balança: hormônios. Trabalhos anteriores mostraram que a privação do sono provoca uma diminuição da Leptina, um hormônio que suprime o apetite, e um aumento na produção de Grelina, que desempenha exatamente o papel oposto.
Além disso, há uma relação muito mais lógica do que biológica: ficar acordado por mais horas significa mais oportunidades para comer. Apesar da aparente obviedade dessa conclusão, os pesquisadores descobriram que crianças que tem menos de oito horas de sono tinham maior apetite antes de dormir, o que é um relevante fator para o aumento de peso. Dessa forma, pouco sono implica em risco de obesidade, não apenas por motivos metabólicos, mas também, é claro, porque ninguém come enquanto está dormindo. [Live Science]