No início do mês de julho o jornal South China Morning Post, de Hong Kong, publicou uma matéria um tanto dúbia, que tem sido chamada de fake news e de propaganda governamental da China por vários comentaristas de tecnologias no ocidente.
A fonte principal da matéria do jornal foi um documento técnico publicado pela Plataforma de Serviço Público da China, um site de integração civil-militar do país que busca a colaboração dos setores militares e de empresas privadas.
Especificações técnicas
Segundo este documento, a empresa de tecnologia ZKZM Laser desenvolveu a arma ZKZM-500, que segundo o relatório pesa cerca de 3kg, tem calibre de 15 mm e tem uma bateria de lítio recarregável que permite mil disparos de dois segundos de duração.
Esta arma seria capaz de causar danos a pessoas que estão a até 800m de distância, fazendo um furo em sua roupa e queimando sua pele. Essa queimadura causaria “dor insuportável” e deixaria cicatrizes, mas não seria letal a não ser que a roupa da vítima seja inflamável e todas as peças peguem fogo.
A tecnologia estaria pronta para produção em massa, mas depende de firmar um acordo com uma empresa que tenha autorização para vender armas, já que a ZKZM apenas produz a tecnologia. Cada arma custará US$15 mil, e apenas o setor militar e policial da China terão acesso a ela.
Este laser seria invisível, completamente silencioso e seria capaz de atravessar vidros. Por isso, uma de suas possíveis funções, de acordo com o documento do site chinês, seria inibir protestos da população chinesa.
Fake news?
Assim que a notícia foi publicada, entusiastas do assunto da Europa e Estados Unidos acusaram a matéria de ser apenas propaganda do governo chinês para intimidar a população para que pensem duas vezes antes de participar de um protesto.
Muitos questionaram o tamanho da bateria, afirmando que seria necessária uma bateria grande e pesada para gerar a quantidade de energia exigida para colocar fogo em uma pessoa a 800m de distância em apenas dois segundos.
Joseph Trevithick, do site The Drive, argumenta que a China tem investido pesadamente em tecnologias avançadas como armas hipersônicas, armas eletromagnéticas e drones com inteligência artificial, mas em todos esses casos os produtos foram resultado de tecnologias semelhantes que já existiam anteriormente. Para ele, a notícia do jornal de Hong Kong está exagerando as informações, e que na verdade a tecnologia é um plano para o futuro, com potencial de se tornar realidade.
“Para fazer essa arma funcionar, você precisa de uma bateria poderosa, com capacitores ainda mais poderosos, lentes que conseguem aguentar tudo isso sem virar areia com essa densidade energética, e forte o suficiente para ser usado pelos militares”, diz Phil Broughton ao The Drive. Ele é um pesquisador sobre lasers da Universidade de Califórnia em Berkley.
Para o pesquisador, se esta arma realmente existir, ela pode ser tão perigosa para quem é o alvo dela quanto para quem a manuseia.
Para tentar provar que o protótipo da arma é verdadeiro, a ZKZM publicou um vídeo em que um papelão e um pneu são queimados a uma distância de cerca de 30m, no telhado de um prédio na China. Mesmo este vídeo foi questionado pelas pessoas mais céticas, que dizem que a qualidade da filmagem e enquadramento são horríveis e que mostram pouca coisa.
Sendo real ou não, a notícia da criação da ZKZM-500 mostra o forte interesse chinês no desenvolvimento desse tipo de armas. A boa notícia é que a era em que a China será capaz de usar rifles a laser para queimar objetos e pessoas a quase 1km de distância parece não ser agora. [South China Morning Post, Big Think, The Drive]