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África é capaz de produzir alimento suficiente para todo o continente

Um professor da Universidade de Harvard escreveu um livro no qual afirma que a África pode ser capaz de se sustentar sozinha em termos de alimentação dentro de apenas uma geração, e ainda se tornar uma grande exportadora agrícola.

O autor afirma que melhorias na infra-estrutura, na mecanização e nas culturas geneticamente modificadas poderiam aumentar consideravelmente a produção africana. O professor acredita que há grandes possibilidades de expandir as culturas tradicionalmente cultivadas na África, como milho, sorgo, mandioca ou inhame.

Sendo assim, na obra, o professor pede que os líderes de governos africanos façam da expansão agrícola o tema central de toda tomada de decisão.

Os presidentes da Tanzânia, Quênia, Uganda, Ruanda e Burundi vão se reunir em breve para discutir a segurança alimentar africana e as alterações climáticas.

O professor alerta aos presidentes africanos que eles devem reconhecer que a agricultura e a economia da África são uma e a mesma coisa. É responsabilidade de qualquer presidente africano modernizar a economia do continente e isso significa, essencialmente, começar pela modernização da agricultura.

A produção global de alimentos subiu rapidamente nas últimas décadas, mas estagnou em muitas partes da África, apesar do continente ter terras aráveis e de trabalho “abundantes”. O professor estima que, enquanto a produção de alimentos tem crescido 145% globalmente nos últimos 40 anos, a produção de alimentos africana caiu 10% desde 1960, o que ele atribui ao baixo investimento.

Outros dados estimados são que, enquanto 70% dos africanos podem estar envolvidos na agricultura, aqueles que sofrem de subnutrição no continente aumentam de 100 a 250 milhões desde 1990.

O projeto do professor implica a ampliação da infra-estrutura básica, incluindo novas estradas, irrigação e sistemas de energia. Fazendas devem ser mecanizadas, locais de armazenamento e processamento devem ser construídos, e a biotecnologia e as sementes geneticamente modificadas devem ser usadas onde podem trazer benefícios.

Porém, segundo o professor, o mais necessário é a vontade política ao mais alto nível.

Por exemplo, ele diz que é possível modernizar a agricultura apenas construindo estradas, para enviar sementes e aumentar os locais de produção. Mas os políticos não estão interessados em ligar as zonas rurais, e sim em interligar as áreas urbanas. É preciso um presidente que queira uma ligação entre o transporte agrícola para isso acontecer.

Ele também vê áreas onde os agricultores terão de se adaptar para enfrentar as alterações climáticas. Os produtores de cereais podem passar a cuidar de gado, enquanto outros podem fazer opções mais radicais. As plantações de árvores como a fruta-pão, que vem do Pacífico, poderiam ser introduzidas na África porque árvores são mais resistentes à mudança climática.

Ele também prevê que a modificação genética vai desempenhar um papel crescente na agricultura africana, sendo que plantações geneticamente modificadas de algodão e de milho já estão sendo cultivadas no continente.

Como os países africanos precisam ser capazes de produzir novas culturas e adaptá-las às condições locais, podem se utilizar cada vez mais das novas técnicas genômicas.

A situação atual é que muitos países africanos investem menos de 10% do seu PIB na agricultura. A produtividade africana é baixa. Se houvesse investimento, os agricultores africanos seriam muito capazes de produzir alimentos em quantidade suficiente não só para alimentar toda a África, mas também para o mercado de exportação.

Ainda assim, alguns especialistas apostam mais em mudanças modestas e práticas do que em processos mais radicais. É perfeitamente possível para a África chegar a uma taxa de crescimento muito maior do que a atual, mas é preciso ter calma. [BBC]

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