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Como agricultura quase destruiu a civilização humana

A agricultura pode até ser uma fonte incrível de mão de obra e uma das bases da civilização humana, mas nem sempre foi assim.

Há muito tempo, temos o pensamento de que a humanidade saiu de um estilo de vida nômade para a estabilidade da agricultura, e que isso provocou uma espécie de florescimento na sociedade.

Ao contrário do que a gente acreditava, porém, os pesquisadores descobriram que, após uma recuperação inicial em números de população e tamanho da comunidade, a vida de lavoura trouxe consigo um número de mortes em massa, semelhante ao número de mortos visto em algumas das grandes pragas que assolaram a Europa.

Sendo assim, a ideia que prevalece agora é que a incapacidade do homem de praticar uma agricultura sustentável foi o que levou a esse colapso.

Como a agricultura impactou a civilização humana

Há poucas coisas que mudaram a sociedade em geral, como essa mudança de um estilo de vida de caçadores-coletores nômades para a criação de comunidades agrícolas.

Esse impacto foi profundo, e a agricultura tem recebido crédito por sustentar populações das aldeias e cidades, permitindo que as pessoas voltassem sua atenção para o desenvolvimento de outras coisas, como as artes e a literatura. Até aí parece tudo mil maravilhas. Mas apenas recentemente alguns pesquisadores descobriram que a agricultura também levou a um enorme e sombrio colapso da população.

Os cientistas foram capazes de rastrear a propagação da ideia de um estilo de vida mais parado. Esse modelo de sociedade começou alcançando o Mediterrâneo a partir da Ásia cerca de 8.500 anos atrás. 500 anos depois, tinha chegado ao centro da Europa. Finalmente, chegou a Grã-Bretanha e Irlanda cerca de 6.000 anos atrás.

Originalmente, a população disparou em crescimento. A comida era, sem dúvida, mais generosa, a colheita era mais fácil e as taxas de fertilidade aumentaram consideravelmente. Em outras palavras, as pessoas tinham mais tempo umas para as outras – e você sabe bem o que acontece quando um grupo de seres humanos está bem alimentado, despreocupado e com uma certa quantidade de tempo livre.

Não parece um cenário muito impossível de se imaginar, não é? Tanto que, durante muito tempo, a ciência se contentou em simplesmente deixar por isso mesmo.

Recentemente, no entanto, finalmente soubemos o que aconteceu depois desse boom inicial.

Mas o que de fato aconteceu!?

A datação por radiocarbono tem ajudado pesquisadores a desbloquear novas informações sobre este período bastante inexplorado da história da humanidade.

Eles descobriram que, cerca de 4.000 aC, houve uma queda maciça na população da Europa. A população diminuiu entre 30 e 60% em muitas áreas, uma queda que é comparável com a que houve no continente durante a época da Peste Negra. Os indícios que levaram a essa conclusão são a quantidade de restos humanos desse período (que é consideravelmente maior), a queda significativa na evidência de atividade humana e, o mais estranho de tudo, o fato de não haver nenhuma causa definitiva para que essas coisas tenham acontecido.

Não foi qualquer tipo de mudança climática maciça que causou esse volume de mortes, e ainda assim isso aconteceu mais de uma vez, com diferentes graus de severidade.

O que os cientistas acham é que, seja lá o que causou essas mortes, hoje não consideramos mais uma ameaça. E é aí que entra o modelo social baseado na agricultura.

Eles acreditam que esta nova tecnologia de agricultura simplesmente não podia sustentar o crescimento da população. Os agricultores ainda não sabiam nada sobre a degradação do solo e acabavam não deixando os campos recuperarem seus nutrientes; ao invés disso, as culturas foram continuamente crescendo e, consequentemente, o solo foi ficando mais fraco, reduzindo o volume da produção. Havia menos comida para alimentar um número cada vez maior de pessoas, e a grande tecnologia que revolucionou a sociedade também levou a sua queda.

E há outro problema com o advento da agricultura como uma importante fonte de alimento: as plantações precisam de espaço. Isso obrigou a população da época a devastar florestas, o que significou uma queda considerável na quantidade de caça de animais que estavam disponíveis para alimentação. Quando a colheita falhou, acreditam os cientistas, os primeiros agricultores já haviam expulsado suas outras fontes de alimentos prontamente disponíveis que tinham sustentado suas comunidades em gerações anteriores. Ou seja: ficaram sem recursos.

A teoria sustenta-se em outro boom enorme da população seguido de um colapso, também está vinculado a outra ideia bastante revolucionária: a descoberta de uma fonte de alimentos lácteos. Nós só conquistamos a capacidade de digerir leite há cerca de 7.500 anos, e apenas cerca de 6.500 anos atrás os laticínios se tornaram bem estabelecidos na Europa. [knowledgenuts]

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