O presidente da conferência sobre desertificação das Nações Unidas, Alain-Richard Donwahi, fez um alerta de que o mundo poderia enfrentar interrupções significativas no fornecimento de alimentos antes mesmo de se atingir a meta de aumento de temperatura de 1,5 graus Celsius. Donwahi, que liderou a cúpula da ONU COP15 sobre desertificação no ano passado, destacou que as consequências da crise climática, somadas à escassez de água e às práticas agrícolas inadequadas, estão representando uma séria ameaça para a agricultura global.
Donwahi, ex-ministro da Defesa da Costa do Marfim, expressou sua preocupação de que os impactos da seca estão se manifestando de forma mais rápida do que o previsto. Ele comparou as mudanças climáticas a uma pandemia que exige ação rápida. Ele enfatizou que, embora a meta de 1,5 graus Celsius seja importante, existe a possibilidade de eventos adversos, como degradação do solo, escassez de água e desertificação, ocorrerem bem antes dessa marca de temperatura.
O aumento das temperaturas, ondas de calor mais intensas e secas e inundações agravadas estão colocando em risco a segurança alimentar em várias regiões. Donwahi destacou as consequências mais amplas das secas em aspectos como migração da população e inflação, ressaltando que os efeitos negativos podem se acelerar além das mudanças de temperatura.
Donwahi atribuiu parte do problema às práticas agrícolas inadequadas que contribuem para a degradação do solo e a redução dos rendimentos. Ele pediu que investidores do setor privado desempenhem um papel na abordagem desses desafios e encontrem oportunidades lucrativas no setor. Donwahi enfatizou a importância de abordagens inovadoras e novos mecanismos financeiros para lidar de forma eficaz com essas questões.
O tratado de desertificação, assinado por governos de todo o mundo em 1992, muitas vezes fica à sombra de outros acordos ambientais. A conferência COP15 do ano passado sobre desertificação recebeu menos atenção em comparação a eventos como a COP27 sobre o clima e a COP15 sobre biodiversidade. Embora as conferências sobre desertificação ocorram com menos frequência do que as cúpulas climáticas, Donwahi ressaltou que a interconexão entre desertificação, seca e mudanças climáticas exige soluções abrangentes.
Donwahi enfatizou a natureza global do desafio da segurança alimentar, afirmando que a desertificação e a seca contribuem para as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade, com impactos que transcendem fronteiras nacionais. Ele ressaltou que as soluções para a crise climática podem ser encontradas na África, que possui abundantes recursos naturais necessários para a energia renovável, segurança alimentar e preservação da biodiversidade. Ele incentivou uma abordagem de parceria entre nações, destacando o potencial da África para contribuir para o enfrentamento dos desafios globais e instando os africanos a aproveitarem essas oportunidades de forma proativa.
A urgência da crise climática se torna cada vez mais evidente, conforme alertado pelo presidente da conferência da ONU sobre desertificação, Alain-Richard Donwahi. Ele destaca a preocupante possibilidade de impactos drásticos na segurança alimentar global antes mesmo de atingirmos a meta de aumento de temperatura de 1,5°C. A interseção entre a crise climática, escassez de água e práticas agrícolas inadequadas está formando uma tempestade perigosa para a produção de alimentos. É crucial que tanto o setor privado quanto os governos se unam para enfrentar esse desafio complexo, olhando para soluções inovadoras e reconhecendo o potencial que a África oferece para a sustentabilidade global. [TheGuardian]