Jennifer Connell, moradora de Manhattan, em Nova York, nos EUA, processou seu sobrinho de 12 anos por alegadamente quebrar seu pulso com um abraço entusiasmado em seu oitavo aniversário.
Nem preciso dizer que ela perdeu o caso. O júri levou apenas 25 minutos para decidir a favor do garoto na última terça-feira, conforme o jornal New York Daily News relatou.
Jennifer estava pedindo ao jovem Sean Tarala US$ 127.000 em danos (cerca de R$ 498 mil no câmbio atual), alegando que sua lesão havia tornado sua vida mais difícil.
Entre as dificuldades, ela citou problemas para caminhar os três lances de escada até seu apartamento no Upper East Side e (não estou inventando isso) para segurar seu prato de hors d’oeuvres (palavra francesa para aperitivos, como canapés) em uma festa recente.
Negligência
O processo mencionava que Sean tinha sido negligente ao saltar empolgadamente em seus braços, e que um “garoto razoável de oito anos de idade” não faria algo assim.
O advogado de Jennifer, William Beckert, afirmou que a tia não estava contente em trazer um menor para o tribunal, e não estava desfrutando do momento. Porém, um menino de oito anos deveria saber que uma saudação forte poderia causar danos e prejuízos.
O júri ficou com a curiosa tarefa de determinar o que um garoto “razoável” de 8 anos saberia. E parece ter concordado com o advogado da defesa, Thomas Noniewicz, que afirmou que “crianças são crianças”, e que Sean estava apenas “sendo um menino de 8 anos de idade” e não negligente.
Noniewicz acrescentou que Sean só era culpado de querer dar a sua amada tia um abraço. Jennifer não quis fazer comentários após o veredito do júri.
A polêmica do seguro-saúde
Se você está achando estranho que uma tia processe seu sobrinho só por causa de um abraço, não é o único. Como uma pessoa pode ser tão horrível?
Os verdadeiros motivos para a ação podem não estar claros, no entanto. Muitos veículos americanos divulgaram a notícia sem maiores detalhes, mas os comentários dos leitores foram mais esclarecedores quanto as possíveis razões pelas quais Jennifer fez o que fez.
Claro, ela pode muito bem ser apenas uma péssima tia querendo tirar dinheiro do sobrinho – não conhecemos seu caráter. No entanto, foi levantada a hipótese de que o processo foi resultado de um problema de seguro.
Por exemplo, um usuário com o nome de “Cherith Cutestory-Chapman” comentou na página do site Gawker que ossos quebrados levam a muitos gastos, mesmo quando se tem seguro de saúde, e que o processo na verdade era voltado contra o seguro-saúde do pai do garoto, uma vez que a lesão aconteceu em sua casa e por causa de seu filho.
Outro usuário identificado como “gregregre” disse que a única coisa que estava clara é que “nós vivemos no único país do primeiro mundo [os EUA] onde quebrar seu pulso pode ser uma experiência que leve potencialmente à falência. Isso parece ser um problema mais grave do que a potencial existência de indivíduos terríveis”.
Alguns comentários debatiam ainda o programa Obamacare, do atual presidente americano, que visava melhorar a situação de cuidados de saúde nos EUA (o que prova que o Brasil não é o único país no qual a seção de comentários vira guerra política em qualquer notícia). [Gawker, NewYorkDailyNews, TheGuardian]