A 300 anos-luz de distância, uma supernova explode, criando uma nuvem de gás e poeira rica em um isótopo instável de ferro.
No céu do planeta Terra, em uma época separada de nós por cerca de 2 milhões de anos, nossos ancestrais australopitecinos talvez tenham notado aquela estrela mais brilhante que a lua cheia, que até mesmo durante o dia podia ser vista.
Na distância que aconteceu, a explosão não representou perigo para a vida terrestre – para isto, ela teria que acontecer a no máximo 30 anos-luz de distância. Ainda assim, houveram consequências. A Terra e a lua foram salpicadas com aquele isótopo instável de ferro.
Hoje, examinando os sedimentos do fundo do oceano, astrônomos encontraram estes depósitos de ferro, uma marca deixada não por uma, mas várias explosões de supernovas que ocorreram próximas da Terra, entre 1,5 e 2,3 milhões de anos atrás. E eles acreditam saber até mesmo a posição no céu em que ocorreram as explosões.
Isto por que a poeira expelida pela supernova dá pistas claras do tipo de estrela que explodiu, o que por sua vez ajuda os astrônomos a determinar quando e onde a explosão ocorreu.
Mas onde encontrar esta poeira, aqui na Terra? Em 1999, cientistas estudando o fundo oceânico chegaram à notável conclusão que estavam observando quantidades minúsculas de Ferro-60, um isótopo instável que pode ter vindo da explosão de uma estrela gigantesca.
O estudo de amostras de Fe-60 vindas do oceano Índico, Pacífico e Atlântico descortinou um panorama complexo, apontando para explosões que ocorreram até 8 milhões de anos atrás.
Outro estudo que foi publicado ao mesmo tempo na revista Nature olha para o céu, para a chamada Bolha Local, a região em que se encontra o sistema solar que contém pouca poeira interestelar, se comparada com outras regiões próximas.
Os astrônomos acreditam que este “vazio” foi escavado entre 10 e 20 milhões de anos trás, pela explosão de supernovas próximas, as mesmas responsáveis por algumas das assinaturas de Fe-60 no fundo dos oceanos.
As duas supernovas mais próximas teriam iluminado os céus dos australopitecinos ainda confinados na África, 2,3 milhões de anos atrás, e o céu do Homo erectus que já estava se espalhando pelo planeta, 1,5 milhões de anos atrás. [NationalGeographic, PhysOrg]