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Cientistas afirmam que certos alimentos são viciantes

Pizza, batatas fritas e sorvetes podem ser alguns dos alimentos a que recorremos depois da balada. Porém, uma pesquisa do início deste ano sugere que, ao invés de curar a ressaca, eles podem ter “embriagantes” por si mesmos e este hábito pode até ser sinal de um vício.

Há mais de um século os pesquisadores têm se perguntado se podemos nos viciar em comida. Existem relatos de pessoas que perdem o controle de quanto comem e ficam em abstinência, assim como com drogas e alcoolismo. Até agora, muitos concordam que o vício em comida pode ser um problema real para pelo menos alguns tipos de alimentos.

Pela primeira vez, uma equipe de pesquisadores analisou exatamente quais tipos de alimentos poderiam ser os mais viciantes. Eles pediram a um grupo de 120 alunos de graduação da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, e um outro grupo de cerca de 400 adultos, sobre 35 diferentes tipos de alimentos – de pizza a brócolis – e se eles acham que poderiam ter problemas para controlar o quanto eles comem de cada um. Dezoito dos itens eram ​​alimentos processados, o que significa que contém adição de açúcares e gorduras.

No topo da lista estavam pizza, chocolate, salgadinhos, biscoitos, sorvetes, batatas fritas, bolo e refrigerante, todos ​​considerados alimentos processados. Eles foram seguidos por queijo e bacon – ambos não processados, mas ricos em gordura e sal.

Frutas e vegetais (morangos, cenouras e brócolis, por exemplo) estavam no final da lista.

Processados para dar mais prazer

“De um modo semelhante ao que as drogas são processadas para aumentar o seu potencial viciante, este estudo proporciona uma visão de que os alimentos altamente processados ​​podem ser fabricados intencionalmente para serem particularmente gratificantes através da adição de gordura e carboidratos refinados, como farinha branca e açúcar”, explica à CNN Erica Schulte, estudante de graduação de psicologia na Universidade de Michigan e principal autora do estudo, que foi publicado em fevereiro na revista “PLOS One”.

Os pesquisadores descobriram que os alimentos mais problemáticos tendem a ser aqueles com uma alta carga glicêmica, o que significa contêm uma grande quantidade de açúcar e causam aumento do açúcar no sangue. Segundo o artigo, estas características poderiam tornar os alimentos mais difícil de parar de comer de uma maneira semelhante como drogas que são altamente concentradas e rapidamente absorvidas pelo organismo são mais viciantes.

Os pesquisadores também descobriram que, entre os adultos em seu estudo, aqueles com um IMC elevado e aqueles que estavam sob risco de ter qualquer tipo de vício em comida eram mais propensos a ter dificuldade de se controlar em torno de um determinado alimento.

Risco alimentar

Os pesquisadores avaliaram o risco alimentar o vício usando a Yale Food Addiction Scale (Escala de Compulsão Alimentar de Yale, em tradução livre), que foi desenvolvida por Ashley N. Gearhardt.

Embora nem todos os alimentos tenham o potencial de ser viciante, “é fundamental entender quais são eles”, afimou Mike Robinson, professor assistente de psicologia, neurociência e comportamento da Universidade de Wesleyan, também nos EUA, que não esteve envolvido no estudo atual.

“Estamos todos pressionados pela [falta de] tempo e os alimentos estão se tornando mais e mais disponíveis, mas nós precisamos pensar sobre o que estamos pegando para comer no caminho”, disse Robinson à CNN. Ele acrescenta que ainda que um punhado de amêndoas e um milk-shake, por exemplo, possam ter o mesmo número de calorias, eles terão efeitos diferentes em seu cérebro e seu sistema de recompensa e será muito mais provável que você volte para pegar mais do milk-shake.

Insaciável

Muitos dos sintomas de vício em comida parecem com a toxicodependência, incluindo o fato de que as pessoas precisam de mais e mais do alimento para obter o mesmo efeito. Eles também aceitam consequências negativas para obtê-lo e sentem a ansiedade ou a agitação da abstinência quando não podem comê-lo. Embora a abstinência da comida não seja tão intensa quanto a da abstinência de heroína ou da cocaína. “Isso varia de acordo com a droga”, conta Robinson.

Assim como qualquer vício, o primeiro passo para a recuperação é reconhecer que há um problema, afirma o cientista. “Eu acho que na maioria dos casos, quando temos um problema com [o abuso de] uma substância, seja um alimento ou droga… nós o ignoramos”, aponta.

Robinson sugere evitar alimentos se você tem problemas para controlar o quanto deles você come. “Nós não estamos em uma situação em que vamos ter deficiências nutricionais e, sempre que possível, devemos cozinhar os alimentos para nós mesmos”, aconselha. [CNN, IFLS]

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